Luz solar artificial, velas à noite, figurinos e diálogos do tempo em que a minha avó era jovem. Quando O Hóspede Americano, minissérie de época da HBO, deixa as cenas externas da Amazônia e entra nos estúdios localizados em São Paulo, o drama perde a aura premium e ganha uma cara de novela das 6 da Globo.
A atração do canal pago, que chega ao fim no domingo (17), pode ser facilmente confundida com um folhetim da emissora carioca pelas cenas gravadas dentro de ambientes como a casa do protagonista Theodore Roosevelt (Aidan Quinn) ou o gabinete no qual ele comanda os Estados Unidos como presidente da nação norte-americana.
Ficar igual a uma novela da Globo exibida no horário geralmente reservado para histórias de época não é necessariamente ruim. Mas o drama da HBO escorrega nesse departamento por causa da artificialidade escancarada das cenas internas, um grande contraste com o que rola nos momentos em que a trama sai das quatro paredes.
No meio da floresta amazônica, O Hóspede Americano tem os melhores momentos (à parte os efeitos especiais mal-acabados). Gravar no meio de árvores, no habitat de mosquitos e bichos, faz a diferença como um todo nessa parte da narrativa. Percebe-se, nesse departamento, o carimbo HBO na produção.
Um serviço público
Gravada em 2018, O Hóspede Americano presta um serviço público ao narrar um pedaço da história brasileira excluído dos livros didáticos e das salas de aula. A trama acompanha o ex-presidente americano Theodore Roosevelt (Quinn), e uma trupe dele, ao lado do marechal Cândido Rondon (Chico Diaz) durante expedição na Amazônia para mapear um rio.
A aventura durou cinco meses, entre dezembro de 1913 e abril de 1914, explorando o que era conhecido como Rio da Dúvida, na região na qual hoje estão Rondônia e Amazonas.
Embora tenha sido Rondon o descobridor desse curso de água, em 1909, foi Roosevelt quem recebeu a honraria de dar nome ao rio. O marechal foi lembrado no batismo do Estado à esquerda do Mato Grosso.
O Hóspede Americano traça um panorama essencial sobre o trabalho de um desbravador como Cândido Rondon, que há mais de um século mapeou o Brasil preservando a flora, a fauna e criando um relacionamento humano com os indígenas. Afinal, como o militar diz na minissérie, “eles são os donos da terra“.
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