FATOS REAIS

Entre gemidos e fantasias, série da Netflix explora a indústria do telessexo

Disque Prazer mostra como masturbação em massa congestionou a rede telefônica na Holanda

Publicado em 12/04/2022

A coleção de séries sobre sexo disponíveis na Netflix ganha uma nova integrante. A comédia dramática Disque Prazer vem para contar os bastidores da indústria do telessexo, que no final dos anos 1980 e começo dos 1990 foi uma máquina de fazer dinheiro. Ambientada na Holanda, a narrativa explora como gemidos e fantasias ditas ao telefone chegaram a congestionar as linhas de emergência nos Países Baixos.

Mais do que mostrar o raio x do telessexo, Disque Prazer aborda questões importantes sobre o sexo em geral, erotismo, a busca pelo prazer feminino e a libertação da mulher ao não deixar a libido reprimida.

Esse ponto de vista é vivido por Marly (Joy Delima), uma estudante de psicologia que é assumidamente puritana, guardando as taras sexuais na intimidade. 

De uma família financeiramente estável, moradora de um bairro nobre em Amsterdã, a jovem universitária tem o sonho de trabalhar como terapeuta. Foi criada para ser recatada e do lar, aprendendo que o sexo é só para reprodução, por exemplo.

A visão dela muda ao passar a participar de aulas de sexologia na faculdade, a mente fica mais aberta. E ela entra no caminho de um grupo de amigos que estão tocando, de forma amadora, uma empresa de telessexo.

O ator Minne Koole em Disque Prazer
O ator Minne Koole em Disque Prazer

Masturbação em massa

O idealizador do telessexo holandês foi Frank (Minne Koole), aventureiro azarado que se deu mal em diversos negócios. Mesmo reticente, o irmão Ramon (Chris Peters) topa ser sócio na empreitada arriscada; ele queria largar o emprego maçante de instalador de cabos. Tal expertise, porém, seria muitíssimo útil na nova empresa.

Assim surgiu a Teledutch, nome fictício do primeiro serviço de telessexo da Europa (Disque Prazer é inspirado em uma história real). Frank era o dono das ideias, Ramon cuidava da logística e da administração.

A operação era simples. Mulheres ganhavam dinheiro gravando fantasias eróticas, enfatizando os sussurros, voz ofegante e suave, além dos fundamentais gemidos. Quem ligava para a companhia ouvia as gravações. O serviço funcionava 24 horas por dia.

Depois de aparecer em um dos dois canais de TV de então na Holanda, as ligações bombaram. O sucesso foi tão grande que a rede telefônica ficou sobrecarregada a ponto de ocupar o número de emergência dos bombeiros. Isso só em uma tarde, na qual vários homens estavam se masturbando ao mesmo tempo.

A operadora local teve de cortar os serviços de telessexo porque prejudicou os trabalhos dos bombeiros, inacessíveis à população via telefone. Mas a operadora tinha interesse no telessexo, pois ganhava dinheiro com aquilo. 

Por isso, ofereceram uma proposta para Frank e Ramon poderem trabalhar com mais tranquilidade, alcançando um número maior de pessoas e aumentando o lucro de todos os envolvidos.

Lançada na última sexta-feira (8), Disque Prazer apresenta uma história interessante e diferente do que se vê oferecido no mundo das séries. Temas como o fim da Guerra Fria ganham espaço, trazendo esperança e inspirando uma nova geração, focada em curtir a vida ao máximo. 

Amsterdã virou o centro desta revolução cultural, com um estilo musical radicalmente novo, o house, e uma nova droga do amor, o ecstasy. O telessexo oferece uma nova forma de experimentar o sexo anônimo e sem compromisso, mudando o comportamento tanto dos consumidores quanto dos criadores do serviço. ⬩

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