FLOP

Diretor do filme Elvis criou a série mais desastrosa da história da Netflix

The Get Down resultou no pior custo-benefício de uma produção já feita pela gigante do streaming

Publicado em 14/07/2022

Cineasta australiano renomado, Baz Luhrmann volta aos holofotes no mundo do entretenimento por dirigir, roteirizar e produzir o filme Elvis, lançado no Brasil nesta quinta-feira (14). Indicado ao Oscar e vencedor do Globo de Ouro, ele tem uma mancha na carreira que nunca será apagada: foi o criador e showrunner de The Get Down, a série mais desastrosa da história da Netflix.

No papel, The Get Down preenchia todos os requisitos para ser uma atração de enorme sucesso. A série foi encomendada em 2015, propondo narrar o surgimento do hip-hop e ambientada na Nova York no final dos anos 1970. Acostumado com produções de época e musicais, Baz Luhrmann faria sua estreia na TV.

Na época, a Netflix estava se estabelecendo em Hollywood e queria ir além dos hits House of Cards e Orange is the New Black, buscando ampliar o leque de séries aclamadas. The Get Down seria uma resposta ao fracasso colossal que foi Marco Polo, outra aposta ousada da gigante do streaming.

Absolutamente nada deu certo em The Get Down. A começar pelos problemas nos bastidores durante a execução da trama. Houve mudanças incontáveis no roteiro, sem um líder no set para arrumar a casa. A responsabilidade sobre isso caiu no colo de Luhrmann.

O ator Mamoudou Athie em The Get Down
O ator Mamoudou Athie em The Get Down

Custo-benefício negativo

Sem dúvida, The Get Down é a série de menor custo-benefício já realizada pela Netflix. O gasto com a produção só aumentava a cada semana de gravação. O orçamento inicial, de US$ 7,5 milhões por episódio, foi para a estratosfera, assim como aquela construção caseira cujo custo final nada se equipara à projeção inicial.

Para se ter uma noção dos valores. Na época, a HBO investia US$ 10 milhões por episódio para fazer Game of Thrones, série sensação em todo o mundo com audiência estrondosa, além de ser papa-prêmios no circuito hollywoodiano.

No final das contas, a Netflix pagou US$ 16 milhões por episódio de The Get Down. Fora o gasto com a produção, a empresa teve de desembolsar um bom dinheiro para pagar direitos autorais caríssimos, pois o drama usou muito rap, músicas de artistas da época e contemporâneos. Em qualquer produção de entretenimento, o investimento musical é um dos itens mais custosos, seguido do figurino.

A repercussão de The Get Down foi bem abaixo do esperado. Embora a ideia da série tenha apelo, a amarração da história acerca do nascimento do hip-hop foi péssima, provocando zero engajamento dos espectadores. 

Em agosto de 2016, a Netflix lançou os seis primeiros episódios do que era para ser a primeira temporada. De acordo com a encomenda feita um ano antes, outros sete episódios completariam a leva inicial. A empresa mudou de ideia e cortou dois capítulos. Os cinco restantes estrearam em abril de 2017. The Get Down foi oficialmente cancelada no mês seguinte.

Em entrevistas, Baz Luhrmann nunca se mostrou satisfeito com The Get Down, seja durante as gravações ou após. A complexidade de se fazer uma série desse tamanho, para uma pessoa sem experiência em TV, pesou. E, além disso, ele nunca demonstrou aquela vontade irrefreável de fazer uma série. Tanto que ele nunca mais botou o pé nessas bandas. ⬩

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