ÉPICA

Crítica: Gomorra chega ao fim como a série áurea da máfia italiana

Quinta temporada do drama já está disponível na HBO Max

Publicado em 01/04/2022

A produção do entretenimento mundial que melhor retratou a máfia italiana, Gomorra chegou ao fim com a quinta temporada, já disponível na HBO Max. O drama visceral e rústico terminou apresentando uma narrativa perfeita, condizente ao mostrado desde a estreia: o confronto entre os “irmãos” Genny (Salvatore Esposito) e Ciro (Marco D’Amore) pelo controle criminal de bairros periféricos da cidade de Nápoles.

Desde o começo, em 2014, Gomorra se notabilizou por exibir a vida mafiosa crua, sem retoques. As negociações em mesa de mármore com gente de terno sentada ao redor deu lugar a encontros em vielas escuras e terrenos baldios, com bandidos usando roupas casuais e armados até os dentes.

Esses aspectos ficam evidentes na quinta temporada. É o desfecho de um ciclo. Lá no início, Genny e Ciro estavam no mesmo time, do capo Pietro Savastano (Fortunato Cerlino), proeminente traficante de drogas. Genny era playboy e herdeiro mimado de Pietro. Enquanto Ciro servia como o soldado fiel do chefão, pau para toda obra.

As diversas alianças firmadas e quebradas ao longo das quatro primeiras temporadas complicaram o bromance de Genny e Ciro. O filho chegou a abençoar a morte do pai, execução cometida por Ciro. O ponto de virada definitiva foi no final da terceira temporada, quando Gennaro matou o “irmão” e o jogou no mar, mesmo demonstrando remorso.

Na quarta leva, Ciro não apareceu. Então, Gomorra ganhou um telefilme, chamado de Imortal, apelido de Ciro. Justificando o título, o criminoso sobreviveu ao ataque de Genny, fugiu para a Letônia e decidiu voltar à Itália tendo em mente o único objetivo de derrotar o antigo amigo e recuperar o domínio do submundo de Nápoles.

O visual rústico e visceral de Gomorra
O visual rústico e visceral de Gomorra

Estilo único de Gomorra

Sem perder a pegada das temporadas anteriores, a leva final aprimora as grandes qualidades da série italiana de sucesso global.

Um ponto interessante de se observar é que os episódios não fazem muito uso do gancho, o truque dramático de encerrar um episódio no meio de uma história, só para esclarecer o ocorrido no próximo capítulo. Gomorra apresenta a problemática e entrega a solução no próprio episódio.

O clima do drama também se destaca. A ambiência impolida das ruas pobres de Nápoles, o conjunto de prédios sujos, o ar violento sentido apenas por olhar aqueles lugares dominados pelo crime estão presentes. Assim como o horizonte noturno da cidade e as ruas estreitas preenchidas por motocicletas em um vaivém frenético.

Outra força de Gomorra tem muita funcionalidade na quinta temporada: a mente marginal fértil. Não poderiam faltar os esquemas mirabolantes (até geniais) de transportar drogas, os golpes e contragolpes alucinantes nos duelos entre gangsteres e as parcerias criminais mais inusitadas possíveis.

A conclusão de Gomorra é ideal, colocando Genny e Ciro no campo de batalha onde só um (ou talvez nenhum) sairá vencedor. Os atores Salvatore Esposito e Marco D’Amore brilham no palco e conseguem dar para o drama mafioso algo um tanto raro no mundo das séries: um desfecho satisfatório. ⬩

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