Vale a Pena Ver de Novo chega aos 38 anos querendo se livrar da atual atração

Publicado em 07/05/2018

Neste 5 de maio se completaram 38 anos da estreia da sessão Vale a Pena Ver de Novo nas tardes da Rede Globo, consagrada desde 1980 à reapresentação de novelas da emissora e que antes disso, na própria Globo e em outras emissoras, batizou horários alternativos de jornalísticos e programas de humor. Após as comemorações de seus 15 anos na ocasião, quando exibiu de janeiro a abril uma série de reprises de programas de diversos gêneros na linha de shows noturna no Festival 15 Anos, a emissora batizou sua faixa de reprises de novelas – que já existia.

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A primeira novela exibida sob o título Vale a Pena Ver de Novo pela Globo foi Dona Xepa, escrita por Gilberto Braga a partir do texto teatral de sucesso de Pedro Bloch. Dirigida por Herval Rossano, a história da humilde feirante Xepa (Yara Cortes) em meio aos problemas da vida dos filhos Rosália (Nívea Maria) e Edison (Reynaldo Gonzaga) e o desejo deles de ascender socialmente havia sido cartaz do horário das seis entre maio e outubro de 1977, e retornou pouco depois de ter sido exibido um compacto seu no festival noturno de aniversário.

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https://www.youtube.com/watch?v=a4uKxlCceHc

Desde então, já foram reexibidas mais de 80 novelas e minisséries – sim, por um breve período, em 1991 –, em geral sucessos nas suas apresentações iniciais à noite, embora haja felizes exceções a essa regra. Os títulos em sua maioria foram exibidos da primeira vez nos horários das seis e das sete, uma herança dos tempos da Censura, que barrava reprises de novelas “mais pesadas” à tarde, e a garantia de poucos ou mesmo de nenhum problema de repercussão diante do público vespertino. Água Viva (1980), de Gilberto Braga, foi a primeira a furar esse “bloqueio”, oriunda do horário das oito, com sua reprise em 1984.

Desde 2001, com a volta de A Gata Comeu (1985), que já havia sido reapresentada em 1989 na sessão, o Vale a Pena Ver de Novo passou a recorrer com frequência, diante de ingerências variadas, ao resgate de histórias que já haviam sido revistas. Foi o caso de Mulheres de Areia (1993), A Viagem (1994), O Rei do Gado (1996/97), Anjo Mau (1997/98), O Cravo e a Rosa (2000/01), Chocolate Com Pimenta (2003/04), Da Cor do Pecado (2004) e Senhora do Destino (2004/05). Até agora.

Sucesso de Gilberto Braga entre outubro de 2003 e junho de 2004, tendo chegado à marca de 221 capítulos, Celebridade está sendo reprisada desde dezembro e não engrenou nos números como a emissora desejava, mantendo os índices da antecessora Senhora do Destino (2004/05), que em sua segunda reprise na sessão teve uma média de 18 pontos de audiência. Mas o embate entre Maria Clara (Malu Mader) e Laura (Cláudia Abreu), apesar de – é sempre bom que se diga – não estar fazendo feio, com médias entre 13 e 14 pontos no péssimo horário do final da tarde, parece ficar aquém do esperado e, por isso, nas últimas semanas a novela tem sido cancelada sempre que a tabela dos jogos da Liga dos Campeões europeia pede, além de ir ao ar impiedosamente editada, com até quatro capítulos originais resumidos em um.

Não custa recordar que a própria Celebridade (e algumas de suas antecessoras) chegou a ter capítulos exibidos às 15h, logo após o Vídeo Show, e a atração cancelada foi a Sessão da Tarde no caso da exibição extraordinária de futebol. Isso demonstra certo descaso da emissora com o público da novela, que se perde dela duas vezes por semana há semanas, e não deve também ajudar muito em se tratando de seguimento da narrativa, ainda mais com tantos cortes. Ou seja, apenas prejudica o todo.

Outras novelas, como Da Cor do Pecado, O Profeta (2006/07) e Cobras & Lagartos (2006), em suas reapresentações promovidas entre 2012 e 2014, também não atingiram índices considerados altos – na época, o Vale a Pena Ver de Novo ia ao ar por volta das 15h –, e o interativo Você Decide caiu a apenas um dígito de índices nas três semanas em que ocupou a sessão em 2001. E nem por isso, no caso das novelas, houve um expediente semelhante ao adotado agora com Celebridade, que tem tido mesmo cenas marcantes e importantes no enredo reduzidas ao mínimo necessário.

No mês passado foi anunciado que em junho Belíssima (2005/06), de Silvio de Abreu, será a sucessora de Celebridade na faixa. Em época de atenções voltadas para a Copa do Mundo de Futebol, na Rússia, tempos de público mais conservador – ou mais transparente em suas hipocrisias – e após uma novela das nove de desempenho abaixo do esperado na reprise, seria ela a melhor opção agora (em que pesem suas muitas qualidades e o grande sucesso da primeira apresentação)?

https://www.youtube.com/watch?v=scqv_rzr5Io

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