Tiro e Queda terminava há 18 anos e encerrava uma fase da dramaturgia da Record

Publicado em 07/02/2018

No dia 07 de fevereiro de 2000, a Record exibia o último capítulo de Tiro e Queda, novela assinada por Luís Carlos Fusco e Vivian de Oliveira. Foi uma aposta da emissora num thriller policial, contando a história de um misterioso serial killer que deixava rosas vermelhas que denunciavam um assassinato. Mas a novela não atingiu os índices de audiência esperados pelo canal, fazendo com que a dramaturgia da Record encerrasse uma fase de sucesso.

Tiro e Queda começa quando o milionário Raul Amarante (John Herbert) promove uma festa em sua mansão, recebendo sua esposa Isabel (Lucinha Lins), seu sócio Júlio (Paulo César Grande) e outros seis convidados. Raul reúne estas pessoas com o objetivo de anunciar seu testamento. Ele avisa que seus bens passariam a ser administrados por Isabel e Júlio, mas que eles não poderiam fazer nenhuma movimentação por sete anos. E somente apenas depois deste período, uma pessoa de sua confiança daria novas instruções. Entretanto, após o anúncio, as luzes se apagam misteriosamente e, quando reacendem, Raul está morto.

Muitos anos se passam e os próximos passos acerca da herança de Raul estão prestes a serem revelados. E Daniela (Mylla Christie), filha de Raul, se apaixona por Toninho (Jorge Pontual), filho de Neco (Giuseppe Oristanio), dono de uma padaria no Bairro de Santana e que, no passado, foi garçom na festa em que Raul foi assassinado. Assim, Daniela e Toninho passam a viver um amor proibido, separados pelas suas realidades sociais distintas. Ao mesmo tempo, uma série de assassinatos misteriosos começa a acontecer. E a vítima é sempre surpreendida por uma rosa vermelha antes de ser morta. Neco, então, percebe a relação entre os crimes e o assassinato de Raul, anos atrás, e passa a investigar o que está acontecendo.

Tiro e Queda foi uma tentativa da Record de consolidar seu núcleo de teledramaturgia, que na época vinha registrando bons índices de audiência. Desde que passara a ser conduzida por Edir Macedo, a emissora vinha fazendo algumas experiências em dramaturgia a partir de 1997, quando passou a exibir minisséries de cunho evangelizador, nas faixas Série Verdade e Caminhos da Esperança. Depois, exibiu algumas minisséries de temática não-bíblica, como Por Amor e Ódio, até se aventurar em sua primeira novela, Canoa do Bagre.

Na sequência, a emissora passou a apostar em novelas produzidas pela JPO Produções, de José Paulo Vallone que, na época, também respondia pela superintendência artística e de programação da Record. A primeira novela desta safra foi Estrela de Fogo, trama rural que rendeu bons resultados e acabou ganhando uma segunda fase, estendendo-se por 234 capítulos. Procurando manter a boa fase, Record e JPO fizeram uma nova aposta, desta vez numa novela romântica e açucarada, Louca Paixão, baseada em 2-5499 Ocupado, a primeira novela diária da TV brasileira. A aposta deu certo e Louca Paixão teve um bom desempenho para os padrões da emissora. Em comum, Estrela de Fogo e Louca Paixão tinham seu autor, Yves Dumont.

Como os romances deram certo, a emissora considerou que era hora de dar um passo além, apostando suas fichas numa novela policial e com muito suspense. Assim, Record e JPO produziram Tiro e Queda, baseada numa radionovela inglesa e com supervisão de texto do mesmo Yves Dumont das novelas anteriores. A ideia era fazer algo semelhante à A Próxima Vítima, sucesso da Globo que mostrava um assassino em série dizimando boa parte de seu elenco ao longo da obra.

No entanto, o público da emissora, acostumado com os romances açucarados, não embarcou na história de suspense proposta pela Record, e Tiro e Queda derrubou os bons índices de audiência herdados de Louca Paixão. Enquanto a novela protagonizada por Mauricio Mattar e Karina Barum chegava aos 10 pontos de média no Ibope, Tiro e Queda chegava à metade disso em seus melhores momentos.

Por conta disso, a emissora optou por encurtar a novela. Assim, no 126º capítulo, a verdade veio à tona: Carolina (Karla Muga), a filha de Alfredo (Laerte Morrone), que era o motorista da família Amarante, era a assassina das rosas vermelhas. Completamente desequilibrada, a jovem se sentia rejeitada pela família por ser filha do motorista e pôs em prática sua vingança. Ao longo da novela, a “assassina das rosas vermelhas” fez seis vítimas: Raul, Cláudia (Sonia Lima), Vítor (Denis Derkian), Gabriel (Fausto Maulle), Rogério (Reynaldo Gonzaga) e Paula (Rosana Muniz).

Depois disso, a parceria entre Record e JPO chegou ao fim. Inicialmente, a emissora tapou o buraco deixado por Tiro e Queda com a reprise de Por Amor e Ódio. E, em maio daquele ano, passou a apostar em produções próprias de dramaturgia, com a estreia de Marcas da Paixão.

Escrita por Luís Carlos Fusco, com colaboração de Vivian de Oliveira e supervisão de texto de Yves Dumont, Tiro e Queda foi dirigida por Jacques Lagôa e Rodolfo Silot, com direção-geral de José Paulo Vallone.

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Relembre a simpática abertura de Tiro e Queda:

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