Entrevista

Sophie Charlotte fala sobre sua personagem, Maria Alice, em Todas as Mulheres do Mundo

Série é a novidade do Globoplay

Publicado em 23/04/2020

O dramaturgo Domingos Oliveira foi mestre de várias gerações de atores ao longo da vida. Nas suas peças e filmes, conduzia com a mesma reverência atores iniciantes e também os consagrados. Sophie Charlotte tinha apenas 18 anos quando foi apresentada a ele. Considerada uma de suas musas, a atriz dá vida à Maria Alice em Todas as Mulheres do Mundo, um original Globoplay que chega nesta quinta-feira (23) à plataforma.

A partir de uma ideia original de Domingos Oliveira e Maria Ribeiro, Todas as Mulheres do Mundo é uma série criada e escrita por Jorge Furtado e Janaína Fischer, com direção artística de Patricia Pedrosa e direção de Ricardo Spencer e Renata Porto D’Ave.

A cada episódio – são 12 no total – a série narra uma nova história de amor vivida por Paulo (Emílio Dantas), um arquiteto morador de Copacabana. Sophie fala da sua relação com Domingos e sobre sua personagem.

O que é a série Todas as Mulheres do Mundo para você?

Sophie: É uma série sobre amor, amizade, encontros com todas as suas possibilidades. Vai além do filme homônimo Todas as Mulheres do Mundo, ela passa por uma grande parte da obra do Domingos.

Como era a sua relação com Domingos?

Vem desde os 18 anos. Ele me formou, me ensinou a viver. Quando chegou a Maria Alice, e comecei a gravar tudo convergiu, se misturou. Não consigo dizer se é uma personagem, se é uma homenagem. Encontros revividos, momentos de palco. Muitas poesias que aparecem na série eu fiz no palco com o Domingos na peça Poesias e Canções. É uma mistura louca, como é a vida mesmo. Até porque Todas as Mulheres do Mundo é o meu filme favorito do Domingos e um personagem vivido pela Leila Diniz que me inspira absurdamente. Eu amo dizer as palavras que estão no texto. Eu me sentia mais aproveitando as palavras do texto do que , entre aspas, trabalhando.

Sobre a sua Maria Alice e a Maria Alice da Leila Diniz, o que elas têm em comum?

A Maria Alice e o Paulo, retratam um pouco a história de amor da Leila com o Domingos. Maria Alice é uma mulher livre, para além de qualquer amarra, convenção. Ao mesmo tempo muito doce. Uma liberdade de ser e estar encaixada na própria pele, na própria vivência, no desenrolar dos acontecimentos. Buscamos manter essa maneira de encarar as situações tão raras na vida. Como atriz aproveitei muito , pois personagens femininas, que falam dessa forma bonita, livre e poética, só o Domingos mesmo. Acho que é isso , a série diz muito sobre o Domingos e sobre a Leila também e , em última instância, sobre mim .

Como foi ser dirigida pela Patrícia Pedrosa?

É a primeira vez que eu trabalho com a Patrícia e eu estou apaixonada por ela, pelo set, pela equipe, pela maneira dela conduzir tudo, de contar essa história. Claro que por ser tão próxima desse universo do Domingos, eu estava curiosa como a obra do meu mestre ia ser abordada. A Patrícia fez isso de uma maneira brilhante. Eu já adorava o texto do Jorge e da Janaína, mas realmente a visão que ela tem desses encontros e essa tradução para a nossa atualidade, que também é importante, foi genial.

Qual a importância do Domingos na sua carreira?

Conheci o Domingos aos 18 anos através da Dedina Bernadelli. Ficamos amigos e ele foi meu confidente durante muitos anos. Toda minha trajetória, toda minha juventude, meu processo de amadurecimento, ele acompanhou: meus encontros e desencontros, amores, o nascimento do meu filho, meu casamento, minhas questões como atriz, como ser humano. O Domingos trabalhava com amigos. Era impossível trabalhar com ele e não se apaixonar, se envolver e terminar nesse portal : ver a vida de um jeito muito mais intenso. E a gente teve muitas parcerias de trabalho. Eu participei do Cabaré Filosófico durante muito tempo, participei também de O Apocalipse, segundo Domingos Oliveira e dali ele me puxou para fazer a primeira remontagem de Confissões de Adolescente. Participei ainda de um desdobramento do Cabaré, que era o Poesias e Canções. E as poesias e canções do Domingos eram inéditas, só os amigos muito próximos conheciam e ele resolveu fazer um espetáculo com isso. Era eu, ele e três músicos no palco. E foi lindo. E para além disso teve o longa BR 716 que eu amei participar, foi uma grande honra ser a Gilda . O filme forma uma trilogia com os dois primeiros longa dele, Todas as Mulheres do Mundo e Edu coração de ouro . O Domingos foi um mestre, um amigo-confidente, um poeta, que mudou a minha vida para melhor. A série é um jeito de me declarar e agradecer por tudo.

Como define a Maria Alice?

Uma mulher livre e engajada em viver da melhor forma possível, que é estar aqui no momento presente. O encontro dela com o Paulo é lindo, potente, maluco e humano. Acho que retrata esse grande amor que às vezes a gente encontra, mas a vida tem tantas coisas que perpassam como seus sonhos profissionais, os outros encontros, desencontros, amadurecimento… Então, mostrar essa jornada é bem bonito. E é a forma que o Domingos, acredito eu, encarava e entendia o amor. Duas pessoas que se amaram têm que ser no mínimo amigos para o resto da vida. Senão o mundo fica muito cruel. Ele dizia isso.

Como é o encontro de Maria Alice e Paulo?

O primeiro encontro é numa festa de Natal e ela está comprometida. Não passa pelo momento ideal de um encontro, mas tem essa potência do Paulo, essa vontade de viver, esse arrebatamento. É um encontro inevitável . O Paulo tem essa alegria de viver, esse humor, essa leveza, aproveitar cada fagulha de vida e isso é encantador para Maria Alice. Se é que podemos tentar explicar uma paixão, né ?!?

O que o público pode esperar da série?

Eu me diverti e me emocionei muito fazendo essa série e refleti também sobre a vida, sobre o amor, sobre a nossa realidade , nossa atualidade. Se é para se esperar alguma coisa, acho que é isso e também conhecer um pouco mais do Domingos para quem não teve essa oportunidade. De conhecer um pouco como ele enxergava a vida e a partir daí conhecer a obra dele que é imperdível.

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