O SBT anunciou na tarde desta segunda (16) a reprise de O Que a Vida Me Roubou, novela com premissa da renomada escritora Caridad Bravo Adams e produzida em 2013 pela rede mexicana Televisa. A reapresentação da história protagonizada pelo casal da vida real, Angelique Boyer e Sebastián Rulli, chega com ares de rejeição do público.
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A primeira transmissão no Brasil, em 2017, causou o impacto e controvérsias por sua forte temática, onde a mocinha é vendida por sua própria mãe a um homem que ela não ama. No decorrer da trama, percebe-se o claro discurso de que a mulher veio ao mundo para procriar, servir ao homem e ser a mulher perfeita dentro de casa – sem direitos e liberdade.
Essa é a vida que leva Montserrat, personagem de Boyer. Não bastando o enredo machista e fincado na misoginia, O Que a Vida me Roubou romantiza a cultura do estupro (termo usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens).
Por volta do capítulo 15, a jovem é estuprada pelo marido, tem um filho deste estupro e passa a novela toda abatida, sofrendo os abusos e opressões do marido. E o pior fica para o final, onde seu destino é viver para sempre ao lado dele.
Completamente datada, o SBT comprova mais uma vez a irresponsabilidade e desconhecimento com a escolha dos seus títulos da sessão Novelas da Tarde. A volta de O Que a Vida Me Roubou tende a levantar o debate novamente, principalmente aqueles que desconhecem a trama e que poderão acompanhar pela primeira vez.
Os riscos do SBT em apostar nessa novela, bate de frente com a classificação indicativa, que, com toda certeza vai interferir na edição e consequentemente ocasionar os temidos cortes. O público de agora não tem o mesmo intelecto do passado, o mundo mudou de 2013 pra cá, o mesmo acontece com a teledramaturgia.
O que um dia foi “aceitável” no passado, hoje já não é mais. E, muito mais que entreter, as novelas tem o compromisso social de informar o telespectador e isso independe de nacionalidade. Tal fato não ocorre com a trama de Angelique Boyer, que começa e termina completamente desprezível e sob os excessos do desserviço.
O Que a Vida me Roubou é a aposta do SBT para recuperar a audiência de Meu Coração é Teu a partir do próximo mês, no horário das 17h15.