Entrevista

Reynaldo Gianecchini relembra sua estreia em Laços de Família: “muita vontade de aprender”

O ator celebra a volta da trama no Vale a Pena Ver de Novo

Publicado em 14/09/2020

Em 2000, Reynaldo Gianecchini foi “jogado aos leões”. Sem nenhuma experiência em TV, ele foi alçado, do dia para a noite, ao posto de protagonista do programa de maior audiência da televisão brasileira: a novela das nove.

Na época de Laços de Família, o ator casado com a jornalista Marília Gabriela, e precisou driblar boatos que surgiram com os beijos “calientes” que trocava com Vera Fischer em cena. Além disso, também foi alvo de muitas críticas pelo seu desempenho como Edu.

Mas o ator segurou no carisma, fez um Edu correto e despontou como um dos principais galãs da TV. De lá para cá, ele evoluiu muito e se tornou um dos atores mais requisitados por autores e diretores.

Por isso, rever Laços de Família no Vale a Pena Ver de Novo, 20 anos depois, tem um sabor especial de vitória para o ator. E ele fala sobre isso na entrevista abaixo:

Como era o Reynaldo Gianecchini da época das gravações de Laços de Família?

Eu era um jovem de 27 anos, numa fase de muita transformação, tinha acabado de voltar da Europa, onde morava, acabado de me casar com a Marília Gabriela e de começar a estudar para uma nova profissão, tinha feito minha primeira peça no teatro. Foi uma fase muito intensa. Eu era um cara com muita vontade de aprender e descobrir essa profissão.

De cara estreei numa novela do horário nobre, sem ter buscado isso, fui convidado para um teste depois que um produtor de elenco assistiu a peça que eu fazia. E fui de uma hora para outra para o lugar de pessoa pública, aprendendo a conviver com todas aquelas mudanças, tão repentinas e radicais.

Qual a maior lembrança que guarda do trabalho?

Eu tenho muito forte na minha memória o carinho que recebi dos colegas do elenco, principalmente da Marieta Severo e da Carolina Dieckmann, com quem eu mais trabalhava. De cara foi para mim uma loucura pensar que eu ia fazer par romântico com a Vera Fischer, a musa que eu cresci assistindo. A Juliana Paes começando comigo me marcou também. Apesar de não termos contracenado muito, eu tenho um enorme carinho pelo o que a gente viveu junto nessa novela.

E também lembro que tinha muito receio de não dar conta daquele trabalho todo, já que eu não tinha experiência nenhuma, e ao mesmo tempo muita vontade de aprender. Eu tinha um olhar muito atento para tudo. A sensação que me acompanhava diariamente quando eu voltava para casa era que eu havia assimilado muita informação, muito aprendizado e excelentes trocas.

Aprendi muito com aquele elenco fantástico, não poderia ter estreado numa novela melhor. Fui muito amparado e consegui dar continuidade à minha carreira. Poderia ter sido um desastre e eu nunca mais ter feito nada na televisão.

Como recebeu a notícia da reprise da novela após 20 anos?

Eu adorei saber que a novela iria ser reprisada agora, 20 anos depois da estreia. Primeiro porque é uma novela muito bem escrita, com um elenco excelente. Eu sinto que tem muita gente querendo rever e uma geração nova que irá gostar de assistir. Eu acho que a novela ainda é muito interessante de ver, não ficou datada. E também é muito bom acompanhar um trabalho sem a ansiedade do momento. É gostoso olhar com mais calma os seus erros e acertos sem se julgar tanto.

Como foi o retorno do público na época da novela, especialmente pelo Edu ter se envolvido com mãe e filha. Passados 20 anos, as pessoas ainda comentam sobre esse trabalho com você?

Eu lembro que na época as pessoas aceitaram muito bem o romance do rapaz jovem com a mulher mais velha. E acho que por isso existiu uma dificuldade do público de sair desse romance para ele engrenar com filha. Mas o Maneco foi um mestre em conduzir lindamente a trama para que as pessoas começassem a aceitar ele com a Camila, entendessem os novos rumos e ter carinho por esse casal também.

É impressionante como até hoje falam comigo sobre Laços de Família, principalmente, no exterior. Tanto na Europa quanto na América Latina sempre tem gente que vem falar comigo. Eu acho incrível essa força da comunicação, a forma como a novela chegou no coração das pessoas.

Na sua opinião, por que a trama mobilizou tanto o público brasileiro?

É muito bem escrita, com diálogos muito sensíveis do Manoel Carlos, com personagens muito bem construídos, com diversas histórias muito gostosas de acompanhar. Personagens muito queridos que o público se identificava, uma trilha sonora maravilhosa de Bossa Nova, o Rio de Janeiro deslumbrante e o charme do bairro do Leblon. São muitos apelos visuais maravilhosos. Mas nada disso seria tão legal se realmente não tivesse uma boa história junto.

Como tem sido sua vida desde o início da pandemia?

Minha vida na pandemia tem sido relativamente suave, tenho ficado em casa, estou recluso há seis meses. E tenho focado em muita coisa boa que eu não tinha muito tempo para fazer antes. Tenho cantado e dançado, trocado muito afeto com as pessoas próximas, além de ler e ver filmes e séries. Estou achando um período muito fértil, apesar da turbulência.

Exibida no Vale a Pena Ver de Novo, Laços de Família é escrita por Manoel Carlos, com direção geral e de núcleo de Ricardo Waddington.

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