“Querem te embranquecer de qualquer forma”, desabafa humorista sobre racismo no Programa do Porchat

Publicado em 26/10/2018

O Programa do Porchat desta quinta-feira (25) recebeu os humoristas do grupo Coisa de Preto e o assunto da vez foi “racismo”.

Formado por Hélio de La Peña, Bruna Braga, Thiago Phernandez, Yuri Marçal, Gui Preto e Edson Duavy, o coletivo está super em alta por promover a importância da representatividade negra na arte.

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Em uma conversa descontraída com Porchat, os comediantes conseguiram abordar assuntos considerados tabu na atualidade sem deixar o humor de lado.

Entre as questões trazidas pelo apresentador do talk show, foi o sentimento que cada um tem ao se ver em uma sociedade preconceituosa e como eles conseguiram enfrentar situações racistas.

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Casseta alfinetou a Globo

O veterano, Helio de La Peña, conhecido por ser um dos integrantes do Casseta & Planeta (que poderá voltar na RedeTV!), foi um dos primeiros a falar.

Ele, no entanto, preferiu tratar do assunto com uma alfinetada à emissora na qual tinha contrato.

“Fiquei com medo de não ser considerado preto”, disse, com seriedade na voz. “Por que?”, indagou Porchat. “Por que era da Globo”, respondeu rindo, mostrando que se tratava de uma piada.

A brincadeira do ator leva diretamente à polêmica de que a TV Globo coloca poucos atores negros em suas produções. O caso mais recente foi da novela Segundo Sol, ambientada em Salvador, que foi construída com um elenco negro mínimo e sem protagonização.

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Convidados relatam experiências de vida

Os humoristas, um a um, puderam fazer relatos de algumas vivências que tiveram relacionadas ao racismo.

Bruna Braga, a única mulher do conjunto, contou que na escola, ela era a única que precisava ir de cabelos presos. De acordo com a direção, o objetivo era evitar piolhos.

“Piolho não é racista, não escolhe o cabelo”, sentenciou Bruna, lembrando o fato de que qualquer pessoa pode sofrer com os intrusos.

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Em seguida ela fez um desabafo sobre o preconceito velado na sociedade.

“Querem te embranquecer de qualquer forma. Eu não percebia. Comecei a notar quando passei a fazer amizades com negros, antes vivia em um “mundo” de brancos”, confessou.

Yuri Marçal, ressaltou os momentos difíceis que viveu na adolescência, por ser negro. “Na adolescência, a autoestima vai embora. Na fase da paquera eu percebi que eu não era bonito aos olhos das pessoas”.

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Depois que todos falaram foi a vez do comediante Paulo Vieira, assistente de Porchat, dar seu parecer sobre o tema.

“É um ato político [a busca pela representatividade]. Cada vez mais eu me convenço que empoderamento é dinheiro. A partir do momento que as pessoas começam a ver o negro na fila da Disney ou em um restaurante caro, passam a ter menos preconceito”, colocou, arrancando aplausos da plateia.

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Internautas elogiam pauta sobre racismo

Nas redes sociais, não faltaram elogios à temática trazida a partir da entrevista com os humoristas do Coisa de Preto.

Muitos comentários relacionaram o incentivo à representatividade da raça negra na TV, no humor, bem como nas expressões artísticas de um modo geral.

Os internautas apresentaram para opinar sobre a postura de Porchat, Paulo Vieira e dos convidados, claro.

Veja algumas reações do Twitter:

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