Programa Legal, de Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães, terminava há 25 anos

Publicado em 29/12/2017

No dia 29 de dezembro de 1992, a Globo exibia a última edição do Programa Legal, atração mensal que fazia parte do cardápio da Terça Nobre e era estrelada por Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães. A atração tinha a proposta de mesclar documentário com ficção e humor, a partir de temas diversos.

O Programa Legal mostrava, a cada edição, como um dito “programa de índio” poderia ser interessante e divertido. Para isso, os redatores do programa desenvolviam cada episódio a partir de uma pauta jornalística, que era amplamente pesquisada. Depois, eram produzidas matérias e reportagens com entrevistas, tudo feito de maneira bastante informal. Por fim, a ficção entrava em cena, por meio dos apresentadores, que apareciam em esquetes ou nas ruas em momentos inusitados.

Com esta proposta, o Programa Legal destrinchou temas como turismo, esoterismo, alta sociedade, festa de São João, samba, baile de debutantes, culto ao corpo, música sertaneja e heavy metal. Em cada situação, Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé davam vida a uma grande variedade de personagens e entravam em contato direto com as pessoas nas ruas, sempre com muita inteligência e irreverência. O resultado era um programa sofisticado, com edição ágil, ritmo acelerado e alta quantidade de informação.

Num programa exibido em maio de 1991, por exemplo, o Programa Legal mostrou o universo dos bailes funk do Rio de Janeiro. Luiz Fernando e Regina Casé visitaram uma festa em Pilares e entrevistaram pessoas que iam aos bailes, organizadas em galeras ou mesmo sozinhas. O programa falou da influência do funk de James Brown, dos primeiros bailes black no Rio, organizados por Ademir Lopes e Big Boy, e do hip-hop. Regina Casé acompanhou Dercy Gonçalves na gravação da Melô das Aranhas, uma versão da música Rock das Aranhas de Raul Seixas, com o DJ Marlboro, um dos pioneiros do funk carioca. Ainda participaram do programa, entre outros, Tony Tornado, Ed Motta, Sandra de Sá, Jorge Benjor, Ademir Lopes e o grupo Moleque de Rua. No final, os apresentadores subiram ao palco do ginásio em Pilares e cantaram eles mesmos um funk.

Mas nem tudo foi festa e alegria na trajetória do Programa Legal. Em 1992, chegou a ser gravado um episódio que pretendia mostrar a cidade de Brasília, para além da sua feição de capital política. No entanto, segundo o site Memória Globo, houve um mal-entendido entre a produção e assessores do Congresso Nacional, fazendo com que o programa não fosse exibido. Isso porque, com a demora em receber respostas dos pedidos de autorização enviados para gravar na Câmara dos Deputados e no Senado, a equipe do programa começou a gravar entrevistas com deputados para tratar do “lado místico” de Brasília. Duas horas de gravação depois, a equipe de produção, Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé foram expulsos da Câmara e, logo em seguida, impedidos de entrar no Senado. O então diretor da Divisão de Comunicação do Congresso tentou justificar o ato, alegando que os membros da casa não poderiam permitir ser expostos em um “programa de deboche”.

Mesmo assim, o Programa Legal foi um sucesso nos dois anos em que fez parte da Terça Nobre, entre 1991 e 1992. A atração foi o embrião do Brasil Legal, que Regina Casé passou a comandar sozinha na faixa de programas mensais das terças-feiras da Globo a partir do ano seguinte, que levou a proposta meio documental e com a ampla participação de populares para mostrar curiosidades do país.

Programa Legal contava com a redação de Hubert, Pedro Cardoso, André Waissman e Marcelo Tas, com a colaboração de Jorge Furtado e Luis Fernando Verissimo; os figurinos eram de Cao Albuquerque; e Guel Arraes e Belisário França respondiam pela direção-geral.

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