Profissão Repórter mostra como são atendidas mulheres que têm direito ao aborto legal no Brasil

Publicado em 23/08/2017

Em casos de estupro, basta a decisão da mulher para que se tenha acesso ao aborto em território brasileiro. Essa é a premissa do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual não é preciso acionar comitê de ética hospitalar, polícia, boletim de ocorrência ou IML para atestar se houve ou não uma violação. No Brasil, onde uma pessoa é violentada sexualmente a cada 11 minutos, a norma suscita um debate: como mulheres que têm direito ao aborto legal são atendidas? O ‘Profissão Repórter’ desta quarta-feira, dia 23, acompanha histórias de vítimas e mostra suas dificuldades ao encarar o processo.

A repórter Mayara Teixeira vai até o Acre, considerado o estado com maior taxa de estupros por habitante do país e os menores números legais de aborto, visita estabelecimentos que atendem mulheres estupradas para entender por que os números são tão discrepantes. “Fomos em hospitais, IML e delegacias, e perguntamos o que a mulher deveria fazer se fosse estuprada e quisesse abortar. Todos falavam que ela precisa abrir um B.O., o que é diferente da lei”, conta Mayara, que reafirma a importância da instrução pública em casos como esse. A repórter acompanha dois casos de mulheres que tentaram abortar legalmente, mas que acabaram dando à luz por falta de assistência e informação. “Lidar com essas histórias foi um dos maiores desafios”, diz.

Além disso, o ‘Profissão Repórter’ visita uma associação que tenta convencer gestantes a continuar com a gravidez em Campinas, no interior de São Paulo. A repórter Eliane Scardovelli conhece a história de uma jovem de 22 anos, que foi acolhida por uma família voluntária depois de ser abusada sexualmente por uma pessoa muito próxima. Grávida, a jovem se afastou da cidade onde morava e pretende entregar o bebê para adoção assim que der à luz. Já a reportagem de Nathalia Tavolieri viaja até a maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, em que o hospital criou um serviço que acolhe e faz o aborto legal nos casos previstos pela lei. Ao todo, cerca de 80% dos atendimentos são para crianças e adolescentes de até 18 anos. Segundo a coordenadora Maria Castello Branco, apenas 10% das vítimas denunciam o estupro, na maioria das vezes para preservar alguém muito próximo ou da própria família.

A reportagem do ‘Profissão Repórter’ partiu da matéria, publicada na Revista Galileu, da jornalista Marcelle Souza, que também acompanhou a equipe do programa durante a apuração dos fatos.

O ‘Profissão Repórter’ vai ao ar às quartas-feiras, depois do futebol.

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