O Globoplay decidiu trazer uma das novelas mais importantes da história da teledramaturgia nacional, O Bem-Amado. A trama estreia nesta segunda-feira (15) na plataforma e promete atrair fãs do texto de Dias Gomes e, também, saudosistas de uma história tipicamente brasileira.
Veja também:
O conto do prefeito Odorico Paraguaçu, feito por Paulo Gracindo, que constrói um cemitério e não consegue inaugurá-lo, e , por fim, acaba ele mesmo sendo o primeiro enterrado ali, possui algumas curiosidade. O Observatório da TV reúne as principais na sequência.
Primeira novela exportada
Foi O Bem-Amado quem deu o pontapé inicial no consumo internacional de novelas brasileira, em 1976. Até, então, era comum apenas as vendas de roteiros das tramas da Globo. Com o folhetim de Dias Gomes foi diferente, porque foi dublado em espanhol para ser exibido na TV Monte Carlo, do Uruguai. O país vizinho até hoje é um dos principais compradores de novelas brasileiras.
O Bem-Amado também atravessou o Atlântico e chegou a Portugal. O país europeu foi o segundo a comprar novelas brasileiras e até hoje é cliente da Globo. A América Latina inteira também viu a produção da emissora carioca, por meio do canal Spanish International Network.
No geral, a trama foi para cerca de 30 países, incluindo os Estados Unidos, o principal mercado de novelas. Para ter sucesso no exterior, o diretor Paulo Ubiratan precisou reeditar a novela dublada, que acabou com 223 capítulos, ante 178 da versão brasileira, com episódios mais longos.
O protagonista
Paulo Gracindo teve a honra de interpretar o personagem icônico. Ele estava tão poderoso no papel que podia inclusive colocar cacos no texto no texto. Isto é, incluía, com a anuência de autor e diretor, falas que não estão no roteiro, originalmente, segundo disse Gracindo Júnior, fiho do ator, ao Memória Globo.
O protagonista ficou tão popular que se tornou uma espécie de símbolo para diversos prefeitos brasileiros, que até queria tirar foto com ele. O próprio Gracindo considerou que Odorico Paraguaçu foi seu melhor personagem.
Odorico Paraguaçu foi, inicialmente, inspirado no jornalista e deputado Carlos Lacerda, inimigo de Dias Gomes, que se dizia perseguido por ele, segundo o site Memória Globo.
“Odorico era um Lacerda exagerado. Mas depois reescrevi a peça e o Lacerda já estava cassado, na oposição, enfim, por baixo, então, não faria mais nenhum sentido aquela sátira que eu fazia dele”, disse no livro Odorico Paraguaçu, o Bem-Amado de Dias Gomes: História de um Personagem Larapista e Maquiavelento, de José Dias.
“Trabalhei o personagem daí no sentido de mais um protótipo de um político demagogo do interior. Ele cresceu e se distanciou do Lacerda: adquiriu uma paisagem mais ampla. Desenvolvi um trabalho mais em cima do seu linguajar, o que lhe rendeu uma fisionomia muito forte”, avaliou Dias Gomes.
Inspirações
Apesar de O Bem-Amado ser uma história localista, do interior do Brasil, trazendo muito da realidade das pequenas cidades, assoladas pela corrupção, há elementos universais também. Dias Gomes fez o Sucupiragate, que tinha por objetivo espionar fiéis no confessionário da igreja.
A ideia, na trama, partiu de Odorico, que queria descobrir os segredos de seus inimigos. É uma clara alusão ao maior escândalo político da época, o Watergate, nos Estados Unidos.
Série, prêmios e versão mexicana
O sucesso da novela fez com a Globo desenvolvesse um seriado, que foi exibido entre 1980 e 1984. Além disso, houve uma reprise em 1977 e, também, em 1980, quando a Globo completou 15 anos de existência, no Festival 15 Anos. Houve reprise também no quadro Novelão, do Vídeo Show, em 2013.
O ator Paulo Gracindo faturou um prêmio no Primer Festival de La Telenovela en México. A novela também foi indicada como Melhor Direção, Melhor Adaptação, Melhor Música e Melhor Realização de Exteriores. O Bem-Amado ganhou o Troféu Imprensa, também.
Em 2017, a Televisa, do México, produziu uma versão de O Bem-Amado, El Bienamado. Mas se baseou no texto da peça Odorico, o Bem-Amado e Os Mistérios do Amor e da Morte, da obra de Dias Gomes.
A Globo já não tinha mais os direitos sobre a trama. O SBT, que compra novelas mexicanas, ainda não indicou que vai exibi-la. Em 1996, a trama também teve uma versão chilena, chamada de Sucupira.