Paixões Proibidas: coprodução Band/RTP adaptou clássico há 12 anos

Publicado em 19/11/2018

Em 14 de novembro de 2006, a Band estreou no Brasil uma produção audaciosa. Em coprodução com a portuguesa RTP, foi lançada a novela Paixões Proibidas, de Aimar Labaki. A história partia da obra do escritor Camilo Castelo Branco, unindo elementos de alguns de seus romances. Em especial Amor de Perdição, que rendeu a trama principal.

Os antecedentes do projeto de Paixões Proibidas

Em 2006, Aimar Labaki foi convidado pelo diretor Herval Rossano para fazer uma adaptação de Amor de Perdição, romance de Camilo Castelo Branco. Uma novela seria produzida em parceria da Band com a Rádio e Televisão de Portugal (RTP). Aimar sugeriu que à espinha dorsal do romance inicialmente pensado fossem incorporados elementos de outras obras de Camilo. Com isso, a intenção do dramaturgo era de que o trabalho ganhasse maiores contornos necessários a uma trama de novela. Livro Negro do Padre Dinis e Mistérios de Lisboa foram as referidas outras criações do escritor português aqui aproveitadas. Assim nasceu Paixões Proibidas.

Entre as primeiras reuniões e a efetiva produção e exibição da novela, Herval transferiu-se para o SBT, sendo substituído por Ignácio Coqueiro. A saber, na emissora de Silvio Santos Herval foi conduzir outra adaptação, a de Cristal (2006).

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A trama principal de Paixões Proibidas

O fio condutor de Paixões Proibidas era a oposição entre as famílias dos jovens Simão (Miguel Thiré) e Teresa (Anna Sophia Folch), que atrapalha o romance dos dois. O pai do rapaz é o juiz Domingos de Azevedo (Flávio Galvão). O pai da moça é Tadeu Dias (Antônio Grassi).

Outro personagem de destaque era Alberto de Miranda (Felipe Camargo), um ex-pirata que protagonizava a parte da novela que se passava em Portugal. Desejoso de se firmar como empresário respeitável, nada melhor do que uma companhia feminina bem relacionada. Assim sendo, ele se envolve com a bela Elisa de Mandeville, Duquesa de Ponthieu (São José Correia). No entanto, Alberto se envolve no Brasil com a jovem Eugênia (Maria Carolina Ribeiro), despertando assim o desejo de vingança de Elisa.

Eugênia é a filha que Antônia Valente (Suzy Rêgo), busca, duas décadas depois de seu sequestro. A mulher é alvo da paixão do Padre Dinis (Virgílio Castelo), que se vê obrigado a sublimar o sentimento. Um meio que ele tem de realizar-se, de certa forma, e expurgar erros de um passado misterioso, é assumir outras identidades e ajudar pessoas injustiçadas.

Destaques do elenco de Paixões Proibidas

Além dos já citados, Paixões Proibidas trouxe dois personagens do mal capazes de despertar ódio em qualquer espectador. Joaquim (Erom Cordeiro), irmão de Teresa, herdou a maldade do pai. Por sua vez, Baltazar Guimarães (Marcos Breda) era o primo que a família desejava ver casado com a moça. Mas também não valia grande coisa.

Uma curiosidade é que Virgílio Castelo veio ao Brasil não só para interpretar o Padre Dinis, como também para atuar como “diretor delegado” da RTP. Outros oito atores portugueses integraram o elenco, entre os quais Ana Bustorff, Leonor Seixas e Nuno Pardal.

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As intercorrências do percurso de Paixões Proibidas

O horário escolhido para apresentação da novela (22h) permitia ousadias maiores em termos de sexo e violência. Estes eram ingredientes necessários ao bom e adequado andamento da adaptação da obra de Camilo Castelo Branco. Seu enredo era centrado nos anos anteriores à vinda da Família Real portuguesa para o Brasil. Mas houve certo descaso da emissora com Paixões Proibidas. Inclusive com pouca divulgação do produto nos intervalos da própria casa após a estreia. Quase chegou-se ao ponto de desrespeitar o compromisso com a televisão portuguesa. Houve risco de se tirar a história do ar antes do que se pretendia.

Com a impossibilidade de se fazer isso, por razões contratuais, a saída encontrada foi a troca de horário. A novela mudou das 22h para as 17h30. Obviamente, essa mudança prejudicou o trabalho de Aimar Labaki, que precisou abrir mão da carga ideal de dramaticidade para seu texto em virtude da necessária adequação aos impedimentos da classificação indicativa.

Além disso, os primeiros capítulos da novela competiram com os últimos de Cidadão Brasileiro (2006), de Lauro César Muniz. A atração da Record TV tinha bom desempenho. Em poucos dias foi substituída pela igualmente bem-sucedida Vidas Opostas (2006/07), de Marcílio Moraes. Ao passo que a Band vinha de duas temporadas da infantojuvenil Floribella às 20h15min.

Foram investidos cerca de 26 milhões de reais na produção da novela, que teve cenas gravadas em Portugal. No entanto, os resultados de audiência, por uma série de fatores, foram bem ruins. No Brasil, a audiência desejada era de pelo menos 7 pontos, e ficou nos 2 em média. O projeto, que celebrou os 70 anos do Grupo Bandeirantes de Comunicação e os 50 da RTP, não deixou boas lembranças. Pelo menos para a Band, que posteriormente até leiloou roupas e outros artigos utilizados na produção. Uma pena.

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