Os 92 anos de Beatriz Segall, a eterna Odete Roitman de Vale Tudo

Publicado em 25/07/2018

A atriz Beatriz Segall chega aos 92 anos nesta quarta-feira, 25 de julho. A atriz ficou marcada no imaginário popular pelo papel da vilã Odete Roitman em Vale Tudo, novela atualmente em sua segunda reprise no Canal Viva.

Nos últimos tempos, Beatriz Segall tem sido figura bissexta na televisão. Até mesmo devido a sua idade avançada, em parte. Mas, ao mesmo tempo, contemporâneos seus como Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Laura Cardoso atuam com frequência.

Nesses 30 anos decorridos da primeira exibição da novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, Beatriz tornou-se um símbolo da vilania na teledramaturgia. Mas a atriz considera Odete, sobretudo, egoísta, não má. E já declarou isso em algumas entrevistas. Como você pode ver numa edição especial do programa Starte, da Globo News, apresentado por Bianca Ramoneda em 2012:

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O início da carreira de Beatriz Segall

Sua família não via com bons olhos que ela trabalhasse como atriz. Primordialmente o pai, diretor de um colégio na Tijuca, que disse a ela que podia trabalhar no teatro, mas que com isso lhe daria um grande desgosto. Isso foi quando soube das intenções de Beatriz de entrar para uma companhia de teatro profissional, em 1946. Apenas em 1950, quando ganhou uma bolsa para estudar teatro e literatura na França, Beatriz Segall pôde começar a trilhar o caminho das artes.

Em 1954, ao se casar com Maurício Segall, filho do pintor Lasar Segall, Beatriz deixa a carreira para se dedicar à vida de esposa e mãe. Apenas 10 anos depois, com os filhos mais crescidos, a atriz foi retomando o trabalho em teatro e na televisão. Participou de algumas novelas nos anos 1960, como Angústia de Amar (1967) e Ana (1968).

https://www.youtube.com/watch?v=Vvg6uxUBQ8c

Apenas em 1978 estreou na Rede Globo, como a Celina de Dancin’ Days. Foi seu primeiro encontro com Gilberto Braga, vivendo a mãe do mocinho Cacá (Antonio Fagundes). Seu casamento com Franklin (Cláudio Corrêa e Castro) não era feliz e Celina sublimava sua tristeza com os planos de futuro dos filhos.

Em seguida foi a Norah de Pai Herói (1979), de Janete Clair. Agora era a mãe da mocinha, Carina (Elizabeth Savalla). Viúva, Norah sofria com a oposição da sogra Januária (Lélia Abramo) a seu romance com o cunhado Horácio (Emiliano Queiroz).

Outra grande vilã de Beatriz Segall

https://www.youtube.com/watch?v=HFWHNm7DKJk

Ainda que sua imagem esteja intimamente ligada a personagens malvadas, Beatriz Segall não interpretou tantas assim. Além de Odete Roitman, a Lourdes Mesquita de Água Viva (1980), também de Gilberto Braga, foi marcante. E fez das suas para prejudicar outros personagens. Especialmente Janete (Lucélia Santos), a quem ela não desejava que seu filho Marcos (Fábio Jr.) se unisse. Seu sonho era que o jovem se casasse com Sandra (Glória Pires), herdeira do rico cirurgião Miguel Fragonard (Raul Cortez). Além disso, tumultuou o casamento da filha Márcia (Natália do Valle) com Edyr (Cláudio Cavalcanti), professor de História sem posses. Como diz a própria atriz, Lourdes pode ser tomada como pior do que Odete.

Nos anos 1980, quem diria, Beatriz Segall interpretou mulheres pobres

A carreira de Beatriz Segall no teatro lhe rendeu personagens dos mais variados tipos. Mas na televisão em geral interpretou sempre mulheres ricas, elegantes, finas e cultas. No entanto, três grandes exceções a essa regra se deram nos anos 1980.

Em 1981, ela viveu a costureira Iracema em Os Adolescentes, novela de Ivani Ribeiro na Bandeirantes. Sua personagem era mãe de Liminha (Hugo Della Santa), um dos jovens da história. Escrita a partir do terceiro mês por Jorge Andrade, a novela teve em Iracema um papel importante. Seu romance com Joaquim (Fábio Cardoso) foi tumultuado pelo antigo marido, Diogo (Jairo Arco e Flexa).

Já em 1983, foi Eunice, mãe de Eli (Lúcia Veríssimo) em Champagne, de Cassiano Gabus Mendes. O marido Camilo (Luís Carlos Arutin) trabalhava num supermercado e ela o ajudava como podia na composição do orçamento doméstico. Ao passo que a filha não se conformava com a pobreza e queria ascender. A atriz gostava da personagem, e agradece a Cassiano pela oportunidade de interpretá-la. Embora também tenha dito em depoimento ao Projeto Memória Globo que o público não gostou muito de vê-la num papel de pobre.

Já na Manchete, em 1987, foi a Alzira, mãe da personagem-título de Carmem, de Glória Perez, vivida por Lucélia Santos. Alzira trabalhava como doceira e vivera bons tempos na juventude, mas na maturidade era pobre.

Nos anos 1990, as mulheres simpáticas da carreira de Beatriz Segall

Nos anos 1990, especialmente na tentativa de se desvencilhar de Odete, Beatriz Segall enveredou por papéis de senhoras boas, legais, agradáveis e simpáticas. Foi o caso, por exemplo, de Stella em De Corpo e Alma (1992/93), de Glória Perez. Frequentadora do Clube das Mulheres, ela se encantou por um dos strippers, Juca (Victor Fasano). Ainda, tinha uma história no passado com o misterioso Vidal (Carlos Vereza).

Beatriz Segall e Mário Lago em Barriga de Aluguel (Divulgação/TV Globo)
Beatriz Segall e Mário Lago em Barriga de Aluguel (Divulgação/TV Globo)

Antes de Stella, a atriz viveu a cientista Penélope Brown em Barriga de Aluguel, também de Glória Perez. Suas discussões com o Dr. Molina (Mário Lago) acerca do progresso da genética e dos bebês de proveta eram uma das atrações da história. Seja como for, os dois eram apaixonados, apesar das diferenças – ou devido a elas. Posteriormente os dois personagens fizeram uma participação especial em outra novela da autora. Albieri (Juca de Oliveira) recebeu uma visita deles em O Clone (2001/02).

Em 1997, a Clô de Anjo Mau apresentou ao público uma Beatriz afável, simpática e boa-praça. Por certo, o contrário de Odete Roitman. O original de Cassiano Gabus Mendes foi adaptado por Maria Adelaide Amaral e desenvolveu todo um novo núcleo, o dos Jordão Ferraz. Clotilde Jordão estava falida e vivia com a irmã Elisinha (Ariclê Perez), o irmão Freddy (Jackson Antunes) e os sobrinhos Helena (Bel Kutner) e Olavinho (Gabriel Braga Nunes). No decorrer da história descobre-se que Clô era na verdade mãe de Freddy.

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