Os 19 anos do Linha Direta, jornalístico que prestou um serviço à sociedade

Publicado em 29/05/2018

Há 19 anos, em 27 de maio de 1999, a Rede Globo colocou no ar um programa jornalístico que reconstituía casos ainda sem solução, com crimes cujos autores estavam foragidos da Justiça e vivendo normalmente em sociedade. Contava-se com a participação do público para a partir dos casos mostrados ter coragem denúncias anônimas e assim contribuir para que os criminosos fossem presos e pagassem por seus atos delituosos. Cada programa mostrava duas histórias. A primeira delas foi a do mistério em torno da morte de Paulo César Farias, figura de destaque ligada ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, e de sua namorada, Suzana Marcolino, ocorridas em 1996.

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Assim era Linha Direta, atração que durante 8 anos atingiu altos índices de audiência nas noites globais de quinta-feira e ajudou a colocar na cadeia centenas de assassinos, estupradores, sequestradores e autores de crimes de naturezas diversas. Foi a retomada de um projeto que a Globo já havia colocado no ar uma vez, na temporada 1990, com apresentação de Hélio Costa – idealizador do projeto, inspirado em programas semelhantes de sucesso na TV norte-americana como The Unsolved Misteries e Yesterday, Today and Tomorrow – e direção de Luiz Antônio Piá, mas que na ocasião padeceu com a concorrência da Rede Manchete, que a partir das 21h30 exibia a novela de grande sucesso Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, que impulsionava também os programas para os quais entregava a audiência. Em 1990 Linha Direta saiu do ar apenas três meses depois da estreia, tendo apresentado casos como o do sequestro da menina Regiane; o mistério em torno da morte da líder comunitária Maria Helena, na Rocinha; e o “mistério das máscaras de chumbo”, ocorrido em 1965 no Rio e que marcou a estreia.

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Marcelo Rezende foi o escolhido para apresentar o programa nessa volta, e permaneceu à frente dele por pouco mais de um ano, quando se transferiu para a Rede TV! e foi substituído por Domingos Meirelles, que comandou o jornalístico até que fosse descontinuado. A narração das histórias era feita por Márcio Seixas e, depois, por Bruno Garcia e Carlos Vereza.

Não foram poucas as vezes em que, mal se encerrava a transmissão do programa, a linha telefônica destinada a receber o contato do público e informações a respeito dos criminosos – ativa 24 horas por dia, sete dias por semana – recebia denúncias e eles eram presos na mesma noite de quinta, com tudo documentado e mostrado na semana seguinte. Por vezes, apenas as chamadas bastavam para que telespectadores se dispusessem a denunciar o paradeiro dos responsáveis pelos crimes que o programa da semana relataria.

Em 2003 foi criado o Linha Direta Justiça, que relembrava num dos programas do mês casos marcantes no imaginário popular, causadores de grande comoção, como o crime supostamente passional ocorrido em 1952 que ficou conhecido como “Crime do Sacopã”; o sequestro do menino Carlos Ramires da Costa, o Carlinhos, ocorrido em 1973; o sequestro, estupro e assassinato da menina Ana Lídia Braga, também em 1973; o assassinato da socialite Ângela Diniz pelo playboy Doca Street, no Réveillon de 1977; e o naufrágio do Bateau Mouche, entre cujas vítimas estava a atriz Yara Amaral, no Réveillon de 1989. A estreia foi com os assassinatos cometidos pelo casal Van-Lou, na década de 1970.

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Também foi produzido o Linha Direta Mistério, em 2005, com casos que abordavam situações sobrenaturais. Talvez o episódio mais famoso tenha sido o que contou uma história ocorrida nos anos 1940 no terreno em que posteriormente foi erguido o Edifício Joelma, no Centro de São Paulo, e o caso de uma das jovens falecidas no incêndio do prédio, em 1974, que após a morte se comunicou com a família por intermédio de Chico Xavier. Nos programas especiais, Nina de Pádua, Carlos Vereza e Marly Bueno fizeram as narrações.

O Linha Direta saiu do ar em dezembro de 2007 e desde então ventilou-se na imprensa em algumas oportunidades que a Globo, juntando a necessidade de bons trunfos na luta por audiência com o desejo de parte da sociedade que vê no programa um aliado na luta por justiça, considerava a volta do jornalístico ao ar. Dado o saldo positivo de sua história na TV, não seria mesmo uma má ideia.

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