Obituário: relembre os artistas que nos deixaram em 2018

Publicado em 31/12/2018

Com toda a certeza, 2018 leva consigo grandes talentos da dramaturgia. Entre atores e diretores, profissionais de trajetórias marcantes no cenário nacional partiram dessa para uma melhor no ano que termina. Vamos relembrar os artistas que nos deixaram em 2018.

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De janeiro a março: os primeiros artistas que partiram em 2018

Já nos primeiros dias do ano, a notícia da morte do ator Henrique César, às vésperas de completar 85 anos. Com passagens por quase todas as emissoras de TV, ele era viúvo da atriz Riva Nimitz. Foi o Dr. Moretti em Páginas da Vida (2006), trabalho pelo qual os mais jovens eventualmente devem se recordar dele. Entre muitos outros personagens, viveu Malaquias em As Pupilas do Senhor Reitor (1970) e Rachid em O Machão (1974). Além de Osório em Bambolê (1987) e Ranulfo em A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991).

No mês de fevereiro, faleceu aos 85 anos o ator e diretor Oswaldo Loureiro. Afastado da TV desde o Deputado Boaventura de A Lua me Disse (2005), Loureiro dirigiu dramaturgia e humorísticos, além de marcar presença como ator em dezenas de novelas. Alguns de seus personagens de maior destaque foram o fazendeiro Deodato Leme em O Casarão (1976); o racista Nilo Argolo de Tenda dos Milagres (1985); o bandido Navalhada em Roque Santeiro (1985); e o trambiqueiro Armandinho em Cambalacho (1986). Pouco depois de falecer, Loureiro, que sofria do mal de Alzheimer, pôde ser visto na reprise de Celebridade (2003) no Vale a Pena Ver de Novo. Seu papel era o do Dr. Roberto Peixoto, advogado.

Ao final de fevereiro, um dos grandes atores das telenovelas mexicanas nos deixou: Rogelio Guerra. Foi o protagonista masculino, a saber, da primeira novela mexicana exibida no Brasil pelo SBT, em 1982: Os Ricos Também Choram. Guerra tinha 81 anos.

Em março, a partida do “monstro de olhos azuis” dos palcos e das telas

Tônia Carrero
Tônia Carrero (Divulgação)

O mês de março começou com a partida de Tônia Carrero, aos 95 anos, no dia 3. Afastada dos palcos e estúdios há algum tempo em decorrência de males de saúde, com efeito, Tônia foi uma das figuras mais importantes da dramaturgia brasileira. Um dos grandes expoentes dos áureos tempos do TBC e da companhia Vera Cruz. Na televisão, posteriormente, teve papéis importantes em novelas como Sangue do Meu Sangue (1969), Pigmalião 70 (1970), Água Viva (1980), Sassaricando (1987) e Kananga do Japão (1989).

Uma perda irreparável para o humor brasileiro no segundo trimestre

Nos últimos dias de abril, duas grandes perdas. No dia 21, aos 81 anos, o ator e dublador Waldyr Sant’Anna. De nome você eventualmente pode não conhecê-lo, mas ao ouvir sua voz é impossível dizer que nunca acompanhou nenhum de seus trabalhos. Só para ilustrar, ele deu vida a Terêncio, o truculento capanga de Sinhozinho Malta (Lima Duarte) em Roque Santeiro. Além de ser a voz-símbolo de Homer em Os Simpsons e de Eddie Murphy em vários de seus filmes.

Agildo Ribeiro e Topo Gigio
Agildo Ribeiro e Topo Gigio (Divulgação)

Já no dia 28 a triste despedida foi do ator e comediante Agildo Ribeiro, aos 86 anos. Também de vasta carreira no cinema, tendo participado de mais de 30 filmes, Agildo foi um dos mais importantes humoristas brasileiros. Teve participações determinantes em projetos como Satiricom e Planeta dos Homens, entre os anos 1970 e 1980, assim como programas próprios nas TVs Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT. Ainda, os mais velhos devem se lembrar de Agildo como apresentador do Mister Show, na TV Globo, programa no qual figurava o ratinho Topo Gigio. Agildo também participou de algumas novelas, como De Quina Pra Lua (1985) e Mandacaru (1998).

Entre os artistas que nos deixaram em 2018, um símbolo das beatas e também das mãezonas na TV: Eloísa Mafalda

Eloísa Mafalda na série Delegacia de Mulheres (Divulgação/TV Globo)
Eloísa Mafalda na série Delegacia de Mulheres (Divulgação/TV Globo)

No dia 16 de maio, faleceu aos 93 anos a atriz Eloísa Mafalda. Embora estivesse afastada da TV desde 2003, ela segue na memória afetiva do público que a acompanhou por décadas em várias novelas, e também como a Dona Nenê da primeira versão de A Grande Família, nos anos 1970. Escolhida para interpretar fervorosas e hipócritas beatas – viveu três: Mariana em Paraíso (1982), Pombinha em Roque Santeiro e Gioconda em Pedra Sobre Pedra (1992) –, Eloísa era atriz para qualquer papel, inegavelmente, pau para toda obra. Emendou dezenas de trabalhos entre os anos 1960 e 1990.

No mês de junho, duas atrizes entraram para a lista dos artistas que nos deixaram em 2018. Cidinha Milan, aos 70 anos, no dia 1º; e Cacilda Lanuza, aos 87, no dia 17. Cidinha participou de peças históricas como A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Souza, e na TV integrou o elenco de novelas como Gabriela (1975) e Tieta (1989). Cacilda, por sua vez, atuou como atriz na TV entre as décadas de 1960 e 1980, além do cinema e do teatro. Assim como foi também apresentadora, dividindo com Hebe Camargo e outras colegas o programa O Mundo É das Mulheres, da TV Paulista, na década de 1950. Após viver a mãe da personagem-título da série Joana (Regina Duarte), em 1984, retirou-se da vida artística.

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No terceiro trimestre, o ícone das vilãs da teledramaturgia entrou para a lista dos artistas que nos deixaram em 2018

No dia 12 de julho, faleceu a atriz portuguesa Laura Soveral, aos 85 anos. Teve vasta atuação no cinema de seu país, e também na televisão. Durante uma temporada que passou no Brasil, nos anos 1970, Laura integrou o elenco de duas novelas seguidas da Rede Globo, às 20h: O Casarão (1976) e Duas Vidas (1977), a saber. Nesta última, escrita por Janete Clair, Laura se destacou como Leonor, que infernizava a vida de sua nora Cláudia (Susana Vieira), cultuando a memória de Rômulo, o filho morto.

Do sheik de olhos azuis ao diretor que fez milagres: uma grande perda em agosto

Aos 84 anos, faleceu em 24 de agosto Henrique Martins. Antes de tudo, foi um dos diretores mais produtivos da teledramaturgia brasileira. Exerceu a função em novelas de diversas emissoras, como Globo, Tupi, Bandeirantes, Manchete, SBT e Record. Dirigiu novelas importantes como Gaivotas (1979), Os Imigrantes (1981), Ninho da Serpente (1982) e Éramos Seis (1994). Interpretou o personagem-título de O Sheik de Agadir (1966) e fez par com Leila Diniz em Anastácia, a Mulher Sem Destino (1967).

No mês de setembro, três partidas. Aos 78 anos, faleceu no dia 3 João Paulo Adour. Afastado da carreira desde os anos 1980, o ator integrou o elenco de diversas novelas da TV Globo. Entre elas, Selva de Pedra (1972) e O Bem-amado (1973), bem como Dona Xepa (1977).

No dia 5, aos 92 anos, ocorreu a despedida de Beatriz Segall. Muito marcada no imaginário popular como vilã, especialmente em virtude da Odete Roitman de Vale Tudo (1988, em reprise no Viva), Beatriz teve carreira significativa no teatro. Ao passo que no cinema atuou relativamente pouco. Alguns outros papéis de destaque em sua carreira na televisão foram a Lourdes Mesquita de Água Viva e a Miss Brown de Barriga de Aluguel (1990).

Fechando o mês, no dia 28 faleceu o ator Leonardo Machado, aos 42 anos. Entre 2009 e 2010 ele integrou o elenco de Viver a Vida e Na Forma da Lei, ambas na TV Globo, e atuava em diversos projetos no Sul do País, sua região de origem.

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No último trimestre, mais nomes engrossaram a lista dos artistas que nos deixaram em 2018

Em outubro, nos dias 15 e 16, duas grandes perdas, com toda a certeza. Especialmente para o público cativo do SBT. Primeiro, aos 79 anos, a atriz e dubladora Maximira Figueiredo. Para quem não a conheça de nome, basta mencionar que ela viveu a vilã Rosália em Pérola Negra (1998). A novela vira e mexe é reprisada à tarde. Depois, o repórter e cronista policial Gil Gomes, aos 78 anos. Várias gerações conhecem o trabalho de Gil. Especialmente após sua figura ter se tornado popular com as reportagens do jornalístico Aqui Agora, nos anos 1990.

Novembro levou a atriz e dubladora Gessy Fonseca, aos 94 anos, no dia 10. Era a dubladora há mais tempo em atividade no Brasil, a saber, e foi a primeira atriz a interpretar Dona Lola, de Éramos Seis, na TV. Foi em 1958, na Record. Logo, anteriormente a todas as versões da história em exibição diária.

Neste memorial dos artistas que nos deixaram em 2018, nos ativemos essencialmente a atores. Outros profissionais, como o radialista e apresentador Paulo Barboza (falecido em 16 de abril, aos 73 anos), de diversas áreas de atuação, merecem igualmente todo o nosso respeito e pesar por sua partida. Que descansem todos em paz, e com a nossa gratidão por suas vidas dedicadas à arte.

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