Bastidores da saída

Notícia antes do Natal, desgaste com diretores e redução salarial: a saída de Aguinaldo Silva da Globo

Aguinaldo Silva tinha contrato até setembro com a Globo

Publicado em 02/01/2020

Nesta quinta-feira (2), a Globo comunicou a saída do autor Aguinaldo Silva, autor de grandes sucessos como Tieta, Senhora do Destino, A Indomada e Pedra Sobre Pedra. Sua última novela foi O Sétimo Guardião, produzida entre 2018 e 2019 e que foi cercada de imensa polêmica em seus bastidores. A sua saída, no entanto, não é exatamente inesperada dentro da emissora. Havia um desgaste do autor com o núcleo de dramaturgia da Globo, que continuou mesmo após o fim de O Sétimo Guardião.

Segundo apurou o Observatório da Televisão, a emissora carioca comunicou Aguinaldo Silva da não renovação pouco antes do Natal. Seu contrato iria até setembro de 2020. Havia conversas para a renovação do vínculo desde o fim de seu último trabalho, mas alguns fatores pesaram: Aguinaldo Silva não aceitava uma redução em seus vencimentos para entrar na atual política salarial da Globo. Mas a emissora também não fez maiores esforços para que ele ficasse.

A polêmica concepção de O Sétimo Guardião, acusada de plágio por escritores que participaram de um curso de roteiro, e que foi mais interessante para a imprensa do que a própria trama que estava no ar no horário das 21h, desgastou a relação de Aguinaldo Silva com a emissora carioca.

O Sétimo Guardião: Aguinaldo Silva culpou diretor por problemas e se desgastou mais na Globo

Outro ponto apurado pela reportagem foram as críticas internas feitas por Aguinaldo para o diretor-geral de O Sétimo Guardião, Allan Fiterman. Para a sua equipe durante a produção e após o seu fim, Aguinaldo Silva culpou Allan pelo insucesso de seu folhetim, dizendo que ele jamais entendeu sua proposta.

Todavia, a dramaturgia da Globo ficou ao lado de Fiterman, inclusive Rogério Gomes, diretor-artístico do folhetim, e parceiro de Aguinaldo Silva em Império, ganhadora do Emmy de melhor novela em 2014. Gomes não cuidou da novela diretamente, e indicou Fiterman, um de seus homens de confiança, para dirigi-la.

Mesmo sabendo que todos estavam contra si, Aguinaldo Silva não fez autocrítica e continuou culpando o diretor. Em seu curso de roteiro realizado no segundo semestre de 2019 em São Paulo, Aguinaldo Silva disse para todos os alunos que O Sétimo Guardião foi um fracasso porque Allan Fiterman não foi um bom diretor e era inexperiente na função. Queria mesmo era Rogério Gomes para repetir a parceria de Império.

O fato é que Aguinaldo Silva não descarta se aposentar. Também no mesmo curso de roteiro realizado em São Paulo, ele afirmou que quer continuar escrevendo novelas. Agora, terá que fazer isso fora da Globo. Procurado por telefone durante esta tarde de quinta-feira (2) para comentar o assunto, Aguinaldo Silva não atendeu aos telefonemas do Observatório da Televisão. Caso ele se pronuncie, a reportagem será atualizada. A Globo apenas reforçou o comunicado oficial de sua saída, divulgado nesta quinta-feira.

A carreira do novelista na Globo

Aguinaldo ainda adolescente lançou seu primeiro romance, Redenção para Job, e se dedicou à literatura enquanto ingressou também no jornalismo. Nos anos 1970 foi repórter policial e chegou a editor de Polícia de O Globo.

Ingressou na TV em 1979 como roteirista da série Plantão de Polícia e desde então escreveu mais de 20 trabalhos entre novelas, minisséries, séries e unitários especiais.

Entre os mais importantes, estão Lampião e Maria Bonita, Roque Santeiro, Tieta, Fera Ferida, A Indomada e Senhora do Destino. Em 2015, com a novela Império, ganhou o prêmio de melhor novela no Emmy Internacional, o Oscar da TV mundial.

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