Recorde reprises bastante curtas do Vale a Pena Ver de Novo, assim como a de Cordel Encantado

Publicado em 19/04/2019

As chamadas da volta de Por Amor no Vale a Pena Ver de Novo começaram enfim nesta quarta-feira, 17 de abril. Cordel Encantado terminará no dia 3 de maio, compactada em 78 capítulos ante 143 originais. Muitos telespectadores têm manifestado nas redes sociais bastante estranhamento com essa reprise “relâmpago” do trabalho de Duca Rachid e Thelma Guedes. Chega-se mesmo a dizer que durando tão poucas semanas (16) no ar a reprise é “a menor da história”. Mas não é bem assim. Vamos relembrar outros repetecos que duraram tão pouco quanto este no Vale a Pena Ver de Novo.

Roda de Fogo

O horário das 20h da Rede Globo exibiu entre agosto de 1986 e março de 1987 a novela Roda de Fogo. Escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, teve a direção-geral de Dennis Carvalho. O personagem principal era Renato Villar (Tarcísio Meira). Ele era um empresário inescrupuloso que muda radicalmente ao se ver ante a perspectiva da morte próxima. Tinha uma trama adulta, amarrada entre os conflitos românticos e a crítica política do Brasil. Por isso, Roda de Fogo foi escolhida pela emissora para servir de “sala de espera” entre os jogos da Copa do Mundo de Futebol de 1990, disputada na Itália. Sua reprise no Vale a Pena Ver de Novo teve apenas 34 capítulos, exibidos de 21 de maio a 6 de julho de 1990.

As Três Marias

Uma das poucas histórias contemporâneas produzidas pelo Núcleo das 18h da Globo quando sua tônica era de adaptações literárias. As Três Marias foi exibida entre novembro de 1980 e maio de 1981. Inicialmente foi escrita por Wilson Rocha, posteriormente substituído por Walther Negrão, a partir do romance homônimo de Rachel de Queiroz. As três Marias do título eram Maria José (Glória Pires), Maria Augusta (Nádia Lippi) e Maria da Glória (Maitê Proença). As moças se tornaram amigas, a saber, quando estudaram juntas num colégio interno na Suíça. Foi escolhida para ocupar a faixa do Vale a Pena Ver de Novo em 1982. Na ocasião teve apenas 40 capítulos, durante os meses de agosto e setembro. Isso numa grade tumultuada pelo horário eleitoral obrigatório, à época diluído ao longo do dia.

Felicidade

Após o encerramento de Sol de Verão, em março de 1983, Manoel Carlos só voltou a escrever para a Globo em 1991. Foi quando lançou Felicidade, estreada em outubro daquele ano e cujo último capítulo foi ao ar em maio de 1992, às 18h. Maitê Proença era a Helena da vez. Ela e Álvaro (Tony Ramos) se apaixonam, mas acabam se casando com outras pessoas. Ao se divorciar de Mário (Herson Capri), Helena acaba engravidando de Álvaro. Em virtude desse amor, os dois são perseguidos pela obsessiva Débora (Vivianne Pasmanter), esposa dele.

Apesar do grande sucesso na exibição original, Felicidade foi reduzida a apenas 55 capítulos quando reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. O que ocorreu entre fevereiro e abril de 1998. Só para ilustrar, o número pode espantar ante os 203 capítulos da versão integral. Mas nesse final dos anos 1990 não era incomum que a sessão vespertina chegasse perto das duas horas no ar. Ou seja, em termos de dias no ar foram poucos, mas não necessariamente a novela foi “mutilada” impiedosamente.

Feijão Maravilha

Escrita por Bráulio Pedroso, Feijão Maravilha esteve no ar às 19h entre março e agosto de 1979. Com efeito, foi uma grande homenagem à chanchada, gênero que fez a glória do nosso cinema na década de 1950. Na falta de Oscarito, Olney Cazarré formou com Grande Otelo a dupla de trapalhões que se metiam em encrencas. O cenário era o luxuoso Hotel Internacional, no Rio de Janeiro. O vilão Ambrósio (José Lewgoy, claro), sempre acompanhado da “loira burra” Marilyn Meyer (Clarice Piovesan), estava por trás de muitas artimanhas para esconder suas atividades criminosas. Em 1986, a emissora se lembrou dessa grande precursora do tom cômico que o horário ganhou no decorrer dos anos para ocupar o Vale a Pena Ver de Novo. Os 120 capítulos originais foram condensados em 65, exibidos entre janeiro e abril.

Era Uma Vez…

Exibida entre março e outubro de 1998 às 18h, Era Uma Vez… foi uma das muitas novelas de Walther Negrão, que recentemente anunciou seu desejo de se aposentar. Tentativa da Globo de agradar ao público que caiu de amores por Chiquititas, atração do SBT, era a história do viúvo Álvaro (Herson Capri), que se apaixona por Madalena (Drica Moraes), Trata-se da governanta contratada por seu sogro Xistus (Cláudio Marzo). Este disputava com Álvaro os direitos sobre as crianças, suas netas. Xistus também se interessa por Madalena. Bruna (Andréa Beltrão), noiva de Álvaro, não deseja perdê-lo, o que leva os dois a se aliarem. Durante as férias de 2007, a novela foi lembrada para o Vale a Pena Ver de Novo. A reprise teve apenas 69 capítulos, no ar do final de janeiro ao começo de maio.

Meu Bem, Meu Mal

Em 1990, a forte concorrência da Rede Manchete fez a Rede Globo agir em todas as frentes para estancar a sangria de audiência sofrida. A novela Araponga, definida como substituta de Rainha da Sucata às 20h, foi deslocada para as 21h30. Horário no qual bateria de frente com Pantanal tendo como arma o texto elaborado de Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar. E um grande elenco liderado por Tarcísio Meira, com direito a participação especialíssima de Paulo Gracindo.

Com isso, Cassiano Gabus Mendes teve de criar às pressas uma história para entrar no ar às 20h e surgiu Meu Bem, Meu Mal. O jogo dos clichês da teledramaturgia acabou erguendo uma novela que prendeu os espectadores. O centro era a disputa pela empresa Venturini Designers e o problema familiar que impedia Dom Lázaro (Lima Duarte) e o filho Ricardo (José Mayer) de se entenderem como pai e filho que eram. A reprise no Vale a Pena Ver de Novo, entre agosto e novembro de 1996, teve 73 capítulos, 100 a menos do que a íntegra.

Alguns outros casos de reprises curtas no Vale a Pena Ver de Novo

Não foi considerada para esta relação a reprise de A Moreninha, escrita por Marcos Rey a partir da obra de Joaquim Manuel de Macedo. Exibida entre outubro de 1975 e fevereiro de 1976, a novela foi curta já em sua exibição original, com 79 capítulos, e teve 65 numa reprise exibida entre outubro e dezembro de 1982 no Vale a Pena Ver de Novo. Levando-se em conta a porcentagem, a reprise teve cerca de 82% do total de capítulos originais. Além disso, Cordel Encantado sairá do ar como a reprise mais curta desde Sete Pecados (2007/08), de Walcyr Carrasco, que foi reduzida de 208 para 83 capítulos quando reapresentada de setembro de 2010 a janeiro de 2011.

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