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Jorge Furtado e Patrícia Pedrosa desvendam segredos de Todas as Mulheres do Mundo, do Globoplay

A série é a novidade do Globoplay que estreia no dia 23

Publicado em 21/04/2020

Nova aposta do Globoplay, a série Todas as Mulheres do Mundo terá seu primeiro episódio exibido pela Globo nesta quinta (23). Depois, todos os seus episódios ficarão disponíveis no serviço de streaming do Grupo Globo. A produção, que homenageia o dramaturgo Domingos Oliveira, tem à frente o autor Jorge Furtado e a diretora Patrícia Pedrosa.

Nas entrevistas abaixo, os profissionais falam sobre Todas as Mulheres do Mundo e adiantam o que o público pode esperar da produção.

Entrevista com o autor Jorge Furtado

Jorge Furtado
O roteirista Jorge Furtado reprodução

Nascido em Porto Alegre, Jorge Furtado começou sua vida profissional na TV no início dos anos 80. Foi repórter, apresentador, roteirista e produtor. No cinema, escreveu e dirigiu diversos curtas e longas-metragens, entre eles Ilha das Flores, O homem que copiava, Saneamento Básico e Rasga Coração. Na TV, foi roteirista de séries como Agosto, Memorial de Maria Moura, Programa Legal, Cidade dos Homens e Ó Paí Ó, e dirigiu, entre outras obras, Comédias da Vida Privada, Decamerão e Doce de Mãe, que recebeu dois prêmios Emmy Internacional, o de Melhor Comédia e Melhor Atriz (para Fernanda Montenegro). Seus mais recentes trabalhos para a televisão são as séries Mister Brau e Sob Pressão. Jorge vê com entusiasmo a homenagem a Domingos Oliveira e acredita que o humor e a delicadeza de Todas as Mulheres do Mundo farão bem ao Brasil.

Como começou o projeto da série?

O projeto da série começou há dez anos, quando falei para o Domingos que gostaria de filmar algumas de suas histórias. Sempre sonhamos em fazer alguma coisa juntos, trocávamos muita correspondência, nos encontrávamos. Mas a gente sempre adiava. Até que um dia, a Maria Ribeiro (atriz) me ligou dizendo que o Domingos estava interessado em retomar esse projeto. Propus que a Globo comprasse textos dele, chamei a Janaína Fischer para trabalhar comigo e começamos a estruturar a história. Troquei muito com ele, por e-mails e encontros, conversamos bastante sobre a série e finalmente estamos concretizando esse antigo sonho. Infelizmente, Domingos não está mais aqui para acompanhar, mas acho que ele ficaria muito feliz com o resultado. O universo, a sabedoria e o humor dele estão muito bem representados na série. É uma grande produção, com um grande elenco, com a direção espetacular da Patricia Pedrosa. A série vai fazer muito bem ao Brasil.

O que torna o texto da série tão especial?

Todas as Mulheres do Mundo é uma comédia romântica muito original. Nos últimos dois anos, mergulhei nos textos do Domingos, li tudo o que ele escreveu, trocamos muitos e-mails enquanto ele estava vivo. Ele tem muito humor, é um filósofo, um grande poeta, um homem apaixonado, com profundo conhecimento de dramaturgia. Mas talvez o que torne o texto do Domingos mais especial é que ele não tem nenhum clichê. Não tem nenhuma frase feita, nenhuma obviedade. É surpreendente como ele é tão original. Domingos construiu uma obra muito única. O maior desafio de escrever uma série que homenageia a obra dele foi criar um material original.

Foram criados personagens exclusivamente para a série?

Muitos personagens da série são baseados em textos originais do Domingos e vários outros foram criados por mim e pela Janaína Fischer. Tivemos que ampliar muito o texto, criando cenas e personagens novos, e fazendo com que eles se encaixassem no espírito do Domingos. Aos poucos, fomos pegando o estilo dos personagens e a lógica dele de escrever diálogos, de pensar o mundo de outro jeito. Acho que a gente conseguiu dar uma unidade para o texto. Uma coisa curiosa: usamos muitos textos inéditos do Domingos. Até o fim da vida, ele continuou escrevendo poemas, reflexões, livros, e a Priscilla (Rozenbaum, companheira de Domingos Oliveira) nos passou esse material. Nessa série não tem bandidos, não tem ninguém ruim, do mal. Todo mundo na série é bacana de algum jeito. É gente tentando viver, se apaixonar e ser feliz. Mas há vários conflitos, é claro. As pessoas têm desejos e medos distintos, e por isso os conflitos.

Como foi atualizar a obra do dramaturgo para os dias de hoje?

Trabalhamos com textos que foram escritos entre 1965 e os anos 2000. Mas, curiosamente, todos os textos originais têm muita atualidade. Tirando pequenas questões, como a existência de celulares, redes sociais, computadores – coisas que não existiam nos anos 60 –, o texto dele é muito atual. Continua sendo muito atual, assim como os clássicos, que são eternos e podem sempre ser refeitos. Com algumas cenas dos anos 60, talvez a gente tenha até andado para trás. Em termos de comportamento, de pensamento, havia uma vanguarda no jeito de pensar o amor, a vida naquela época. O Domingos, seja dos anos 60 ou de poucos anos atrás, continua à frente do seu tempo.

Qual é a sua relação com a obra do Domingos Oliveira?

Domingos era um amigo e meu ídolo, sempre foi uma grande inspiração para mim. No meu primeiro filme, Houve uma vez dois verões, eu segui exatamente as regras que ele usava de como filmar, dando privilégio total aos atores. Ele achava que os atores deviam ter a primazia do set, não podiam ser atrapalhados pela tecnologia, pela câmera ou pelo som. Eles deviam ter liberdade para criar. O Todas as Mulheres do Mundo é meu filme brasileiro preferido, que mais vejo e revejo com prazer. Ele era um criador que transformou a sua vida, com muita generosidade, em obras para dividir com as pessoas. O Domingos levou a fundo a ideia de que a arte requer comunhão. Isso é comovente.

O que o público pode esperar desse trabalho?

Todas as Mulheres do Mundo tem o humor e a delicadeza que estão fazendo muita falta para o Brasil, para o mundo. A série vai apresentar ao Brasil a obra de Domingos Oliveira, uma figura incrível que construiu um universo romântico, filosófico que eu tenho certeza que vai encantar a todos. O Domingos era um homem apaixonado pela humanidade. Um sujeito que amava as mulheres, os homens, amava o Brasil. E ele colocou todo amor, todo conhecimento que ele tinha do ser humano em suas peças, no seu teatro, nas suas poesias, nos seus livros. Falar de poesia e de amor, de uma maneira delicada, vai ser um respiro na dramaturgia brasileira.

Entrevista com a diretora artística Patricia Pedrosa

A diretora Patricia Pedrosa
A diretora Patricia Pedrosa divulgaçãoTV Globo

O elenco da série é unânime sobre a condução de Patricia Pedrosa na direção: ela sabe o que quer, é suave e vibra com o resultado das cenas. A jovem diretora começou a trabalhar na Globo como estagiária de assistente de direção na Grande Família (2007) e foi assistente de direção na novela A Favorita (2008). Começou a dirigir quando retornou para A Grande Família (2011) e depois em Chapa Quente (2015). Assinou a direção geral de Mister Brau (2015) e A Fórmula (2017), e a direção artística de Cine Holliúdy (2019) e Shippados (2019), dois recentes sucessos de crítica e audiência. Patricia empresta seu olhar feminino e sensível à direção artística de Todas as Mulheres do Mundo.

Como o projeto chegou a você?

O Jorge Furtado (autor) me ligou fazendo o convite e eu aceitei na hora. Procurei me cercar dos melhores profissionais porque acredito que o sucesso do trabalho que a gente faz é coletivo. Mergulhei completamente no universo do Domingos Oliveira, que eu conhecia, mas não tão profundamente a ponto de me sentir preparada para dirigir uma série. Assisti a todos os filmes, li muitas peças, a biografia dele, e coisas lindas que a Priscilla Rozenbaum dividiu com a gente. Essa série tem muita energia, ficamos muito envolvidos nessa atmosfera de felicidade do Domingos. A gente vibrou a cada cena. Foi como se o Domingos estivesse com a gente.

O que torna o texto da série especial?

O texto não tem julgamentos. É muito leve, fala do cotidiano, da relação entre namorados, entre amigos, entre mãe e filho, essas relações familiares tão presentes no nosso dia a dia e que a gente acaba falando pouco sobre elas. A gente passa por elas sem perceber. Colocamos uma lente de aumento, dilatamos um pouco esses momentos.

O que as mulheres têm em comum?

O amor pela vida. São amantes do que fazem, do que são, do que falam, são convictas, têm personalidades muito fortes e têm em comum o Paulo passando pelas vidas delas. ‘Todas as Mulheres do Mundo’ não é uma série sobre o Paulo. É sobre suas paixões, sobre todas essas mulheres que por acaso esbarraram com o Paulo ao longo do caminho.

Fale um pouco sobre a escalação do Emílio Dantas para viver o Paulo e da Sophie Charlotte para Maria Alice.

A primeira pessoa que me falou sobre o Emilio Dantas foi o Silvio de Abreu. Eu conhecia pouco o trabalho dele, o chamei para uma leitura e me apaixonei. O Emilio é uma pessoa muito leve, lida com o outro de maneira despretensiosa, sem julgamentos, tem um frescor de que o personagem precisava. A Sophie Charlotte foi o primeiro nome que pensamos para a Maria Alice. Ela era uma das musas do Domingos, fez filmes, peças, parte do universo dele, era realmente muito próxima. Era importante tê-la na série como a Maria Alice, o grande amor do Paulo. Quando se pensa no que a Leila Diniz (que interpretou a personagem no filme homônimo na década de 60) representou na época, a gente tinha que buscar uma atriz com essa força. Não havia outra Maria Alice possível para nós.

Como foi a escolha de pessoas próximas ao Domingos para participações especiais?

É um desafio muito grande dirigir uma série que homenageia Domingos Oliveira. Eu quis me cercar de pessoas que fizeram parte da vida dele e que pudessem agregar, trazer informações e essa energia. É impressionante como todas as falas sobre o Domingos são repletas de afeto e, hoje em dia, de muita saudade. Priscilla Rozenbaum; Maria Mariana; Maria Ribeiro, que fez um documentário lindo sobre ele; a própria Sophie Charlotte; a Sara Antunes, que também tinha uma relação extremamente próxima. Fomos convidando essas pessoas para compor o universo e tentar trazer o que o Domingos tinha de mais importante, que era o afeto nas relações e o amor ao trabalho e à vida. E é isso que a gente tenta ter na série em todos os takes, em todos os planos.

Como surgiu a ideia de escalar mulheres pouco conhecidas do grande público para cada um dos episódios?

Em sua biografia, o Domingos Oliveira diz que ele é o que as mulheres que passaram por ele o fizeram. Em cada episódio, o Paulo se apaixona por uma mulher. São paixões à primeira vista. A mulher causa um impacto e tira dele uma paixão quase incontrolável. Como são amores à primeira vista, achei que seria interessante termos atrizes pouco conhecidas para que o público também possa se apaixonar à primeira vista por essas mulheres.     

A escolha de mulheres na produção da série foi proposital ou coincidência?

Foi proposital. Desde o início da formação da equipe, buscamos ter o maior número possível de mulheres envolvidas em todas as áreas. Temos todas as mulheres do mundo na frente e por trás das câmeras.

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