Há oito anos, terminava a novela Poder Paralelo

Publicado em 02/03/2018

No dia 02 de março de 2010, a Record exibia o último capítulo da novela Poder Paralelo. A trama era escrita por Lauro César Muniz, com coautoria de Aimar Labaki e Dora Castellar e colaboração de Mário Viana, Newton Cannito e Rosane Lima, e era baseada na obra Honra ou Vendetta, de Silvio Lancelotti. Ignácio Coqueiro respondia pela direção-geral da novela que trazia Gabriel Braga Nunes como o protagonista Tony Castellamare.

A trama começava em Palermo, na Itália, onde Tony vivia com sua esposa, a Condessa Marina di Salaparuta (Daniela Galli), e seus três filhos. Numa ação da Polícia Federal, o delegado Téo (Tuca Andrada), que comanda uma investigação sobre o narcotráfico, descobre que Tony será vítima de um atentado em razão de uma suspeita que ele tenha ligações com a máfia italiana. Téo consegue impedir que Tony morra no atentado, mas Marina e as filhas gêmeas dele morrem na explosão de um carro. Abalado, Tony fica sabendo que a ordem para matá-lo veio do Brasil, e decide voltar ao seu país de origem para se vingar.

Tony vem ao Brasil, acompanhado de seu filho Eduardo (João Vítor Silva), e reencontra sua família, formada por seu pai, Dom Caló (Gracindo Jr.), sua mãe Mamma Freda (Lu Grimaldi), e seus dois irmãos, Rudy (Petrônio Gontijo) e Gigi (Karen Junqueira). Ele, então, estabelece relações com o braço da máfia italiana no Brasil, ao mesmo tempo em que acompanha as investigações do delegado Téo, que passa toda a novela numa relação de amizade e desconfiança com Tony, pois nunca fica claro se ele é um mafioso ou não.

Além de orquestrar sua vingança contra quem destruiu sua família, Tony também se vê dividido entre duas mulheres. No início da história, ele se envolve com Lígia (Miriam Freeland), uma jornalista que se aproxima dele para conhecê-lo e escrever um livro, mas que acaba se apaixonando. Mais adiante, Tony conhece e se apaixona pela atriz Fernanda Lira (Paloma Duarte), famosa por protagonizar uma telenovela. Fernanda também se apaixona por Tony, mas ela é amante de Bruno Villar (Marcelo Serrado), um poderoso empresário envolvido com a máfia. Bruno é casado com Maura (Adriana Garambone), uma mulher digna e elegante que sofre com os desmandos do marido. Eles têm três filhos: Luísa (Fernanda Nobre), Pedro (Guilherme Boury) e Junior (Rodrigo Simas). Bruno e Tony, então, se tornam rivais na máfia e na vida.

Ousada e intrigante, Poder Paralelo foi a segunda novela do veterano Lauro César Muniz no contexto da retomada da teledramaturgia da emissora, iniciada com A Escrava Isaura, de 2004. Na época, o autor era o principal medalhão no quadro de autores da emissora, tendo emplacado a primeira novela da faixa das 20h30 (que depois migrou para às 22 horas), Cidadão Brasileiro, em 2006. Ao final da saga de Antonio Maciel (Gabriel Braga Nunes), o horário passou para as mãos de Marcílio Moraes, com a ótima Vidas Opostas, e depois veio Tiago Santiago e sua sacolada de mutantes em Caminhos do Coração. O planejamento, então, previa que Lauro escrevesse a sucessora da história de Santiago.

O novelista, então, passou a trabalhar numa história que envolvia uma brasileira acidentalmente envolvida na Al Qaeda, mas a emissora decidiu que a trama funcionaria melhor como uma minissérie. O canal, então, encomendou a Lauro a adaptação de Machos, trama chilena exibida pela Sony. O novelista, assim, uniu a trama de Machos com uma outra história sua, As Lobas, desenvolvendo uma nova sinopse. Entretanto, como a Record nunca foi muito boa com planejamentos, a ordem dos novelistas foi alterada com o inesperado sucesso de Caminhos do Coração. A emissora, então, apostou numa segunda temporada da novela, Os Mutantes, e a colocou mais cedo, na faixa das 21 horas. Enquanto isso, Chamas da Vida, de Christianne Fridman, que inicialmente seria exibida às 21h, foi realocada para às 22h, adiando a estreia de Machos.

Com tantas indefinições, Machos acabou sendo descartada pela Record, e Lauro César Muniz partiu para a criação de uma nova história, desta vez se baseando em Honra ou Vendetta, de Silvio Lancelotti. Intitulada inicialmente de Vendetta, a proposta enfrentou resistência da direção da emissora. Isso porque, com o sucesso de Tiago Santiago, o canal o havia promovido a consultor de dramaturgia, ou seja, as sinopses das novelas do canal deviam passar pelo crivo dele. E Santiago, adepto de tramas didáticas e maniqueístas, teria se posicionado contra a história em razão da ambiguidade de seu protagonista. Lauro, então, bateu o pé e ameaçou deixar a emissora, e a novela acabou indo adiante. Já rebatizada como Poder Paralelo, foi a substituta de Chamas da Vida.

Talvez por conta deste imbróglio, Lauro César Muniz aproveitava o fato da personagem Fernanda atuar numa novela de gosto duvidoso para tecer críticas à teledramaturgia nacional. Fernanda (em excepcional atuação da atriz Paloma Duarte) sempre aparecia reclamando do texto de baixa qualidade, e pelo fato de a história em que atuava ter como protagonista uma mocinha insossa. Para bom entendedor…

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