Há cinco anos, SBT tentou resgatar Bozo, mas sem sucesso

Publicado em 16/02/2018

No dia 16 de fevereiro de 2013, o SBT tentava reeditar o sucesso do palhaço Bozo, dono do programa infantil mais importante da história da emissora. O canal apostou numa nova atração comandada pelo palhaço e seus amigos, desta vez nas manhãs de sábado, mas a iniciativa não foi adiante e o programa durou pouco tempo.

Bozo é parte fundamental da história do SBT. Quando finalmente conseguiu sua concessão de televisão e inaugurou sua TVS, Silvio Santos sabia que deveria investir na programação infantil, intencionando fisgar toda a família a partir dos pequenos espectadores. Para fazer valer sua ideia, o animador foi aos EUA e comprou de Larry Harmon os direitos para fazer o programa do palhaço Bozo no Brasil. O personagem estadunidense, que nasceu numa série de discos infantis, fazia sucesso mundo afora.

Diz a lenda que Silvio Santos tinha a intenção de ele mesmo vestir as roupas do palhaço, mas foi convencido por seus diretores a não fazer isso. Sendo assim, o escolhido para ser o Bozo brasileiro foi o comediante Wandeko Pipoka, selecionado com o auxílio do próprio Larry Harmon, que veio ao Brasil treiná-lo. Assim, o programa do Bozo estreou no Brasil em setembro de 1980, mesclando brincadeiras, esquetes de humor e desenhos animados.

Foi um sucesso retumbante. Aos poucos, o programa Bozo foi crescendo, ganhando edições de manhã e de tarde, além de versões locais no Rio de Janeiro, Minas Gerais, entre outros. Logo, outros atores começaram a encarnar o palhaço, como Arlindo Barreto (cuja história de vida inspirou o filme Bingo – O Rei das Manhãs, com Vladimir Brichta),  Luís Ricardo, Paulo Seyssel e Décio Roberto. Bozo contava com o auxílio da “família Bozo”, que contracenava com ele em esquetes bem-humoradas, com típico humor pastelão, formada pelo Papai Papudo (Gibe), Vovó Mafalda (Valentino Guzo) e o Professor Salci Fufu (Pedro de Lara), entre outros. A atração ficou no ar até 1991, saindo de cena num momento em que os direitos sobre o personagem encareceram, ao ponto de não ser mais um bom negócio renová-los. Com o fim do programa Bozo, seu horário foi ocupado pela Sessão Desenho, com a Vovó Mafalda começando uma “carreira solo”.

Mesmo com o fim da atração, Bozo ficou no imaginário das crianças e jovens dos anos 1980, tornando-se um ícone pop. Assim, quando o SBT completou 30 anos, em 2011, o que não faltaram foram homenagens ao palhaço, tão importante na história da emissora. Como o retorno de Bozo em participações especiais sempre repercutia bem, o SBT tratou de, novamente, adquirir os direitos para refazer o personagem no Brasil. Começava, então, a tentativa de resgatar o sucesso do palhaço.

Com o novo acordo entre SBT e Harry Harmon Pictures, a emissora voltou a exibir, em 2012, a animação clássica protagonizada pelo palhaço, que passou a ser uma das atrações do Bom Dia e Cia, na época apresentado por Priscila Alcântara e Yudi Tamashiro. Ao mesmo tempo, começaram os testes para definir quem seria o ator a encarnar a nova versão do palhaço. Jean Santos, que já havia feito o Patatá da dupla Patati Patatá, foi o escolhido e passou a viver Bozo. Sua estreia na TV foi já no final de 2012, quando passou a dividir o Bom Dia e Cia com Priscila, num momento em que Yudi deixou o matinal.

Assim, no início de 2013, Bozo finalmente voltou a apresentar sua atração solo, num cenário em formato de circo com capacidade para acomodar 90 crianças, e tendo ao lado sua família Bozo, em novas versões. Papai Papudo (Murilo Bordoni, produtor do Programa do Ratinho), Vovó Mafalda (Kan Kan, ator de câmeras escondidas do Programa Silvio Santos) e o professor Salci Fufu (Marcelino Leite, o Faxinildo do Ratinho) apareceram com figurino recauchutado e revivendo as típicas situações circenses. Também retornaram os bonecos Zecão, Lili e Maroca.

No novo programa, Bozo comandava brincadeiras com a plateia, como Bozo Tesouro, Cocó Corrida, Bozo Coqueiro, Fórmula Bozo e Pit Stop do Bozo, entre outros. O palhaço também recebia artistas circenses, como mágicos, malabaristas e ginastas, além de abrir espaço para crianças mostrarem seus talentos. Bozo ainda cantava suas músicas clássicas,  como “1, 2, 3… Vamos Lá!”, da abertura, e “Sempre Rir”, do encerramento, além de “Bitoca No Meu Nariz” e “Chuveiro”. Vovó Mafalda também resgatou músicas que a personagem cantava nos tempos da Sessão Desenho, como “Tumbalacatumba” e “Eu Vou Viajar (Tchau, Tchau, Tchau)”.

O novo programa do Bozo também trazia uma seleção de desenhos animados. Não se sabe se foi proposital, mas o pacote de animações da atração era formado, em sua maioria, por novas versões de desenhos clássicos, como Looney Tunes Show, Scooby-Doo e Tom & Jerry, entre outros. A direção do programa era de Flávio Carlini, um dos diretores do programa original, e o redator William Tucci, escritor que escreveu o roteiro de vários infantis do SBT entre as décadas de 1980 e 1990, foi novamente contratado para assinar os textos da nova versão. Tucci faleceu no ano passado.

Apesar de garantir a vice-liderança no horário para o SBT, o novo programa do Bozo não alcançou a repercussão esperada pela emissora e foi cancelado após 12 semanas, ficando no ar até maio de 2013. Depois disso, Bozo e sua “família” passaram a apresentar o Bom Dia e Cia, num revezamento com Patati Patatá e atores-mirins oriundos da novela Carrossel, até saírem do ar de vez, ainda em 2013.

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Relembre a estreia da versão 2013 do programa Bozo:

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