Há 50 anos, a Band exibia novela “precursora” de Espelho da Vida

Publicado em 19/02/2019

Em 1969, a Band ainda era recém-inaugurada. No entanto, a emissora do Morumbi investia em teledramaturgia desde o início de suas atividades. E naquele ano levou ao ar uma novela bastante inventiva para a época. E mesmo para hoje. Trata-se de Era Preciso Voltar, escrita por Sylvan Paezzo. Podemos considerá-la uma espécie de “precursora” da atual novela das 18h da Rede Globo, Espelho da Vida.

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A história de Era Preciso Voltar

A personagem principal da história criada por Sylvan Paezzo era Diana, interpretada por Irina Grecco. A moça trabalhava como modelo fotográfico e tinha destaque em sua carreira. Mas de repente Diana começa a ter sonhos bastante incomuns, total novidade para ela. Através de seus sonhos, ela retorna a uma encarnação passada, na Paris dos anos 1830.

Na atualidade, o par romântico de Diana é André (Edgar Franco), um fotógrafo. Aliás, uma curiosidade é que o ator fez um breve estágio na Editora Abril na época, para entender um pouco mais sobre fotografia e assim compor melhor o personagem. Anteriormente, Edgar havia feito bastante sucesso na TV Excelsior como o Tiago de A Muralha (1968/69), novela de Ivani Ribeiro, baseada no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz. A versão da Globo, escrita por Maria Adelaide Amaral e exibida em 2000, trouxe Leonardo Brício no papel, a saber. Ingadado a respeito da temática de Era Preciso Voltar na época do lançamento, Edgar Franco tirou o corpo fora. “Não tomo partido, apenas atuo nessa novela. Cada um que interprete a história de acordo com suas crenças”, declarou o ator.

Edgar Franco no papel do fotógrafo André de Era Preciso Voltar ReproduçãoIntervalo

Espelho da Vida e Era Preciso Voltar: os pontos comuns ou semelhantes

Basicamente, o que há em comum entre as duas novelas, a da Band e a da Globo, é a estrutura dividida em duas épocas e a relação que essa divisão tem com fenômenos de parapsicologia ou de reencarnação. Em Espelho da Vida, a atriz Cris Valência (Vitória Strada) descobre que sua personagem num filme, Júlia Castelo, é ela própria, numa encarnação anterior. E através de um espelho localizado na casa onde Júlia morou, na cidade mineira de Rosa Branca, que abriga as filmagens, Cris consegue retornar a essa vida passada. Além disso, na posição de Júlia, a atriz convive com os parentes, amigos e inimigos desta. No entanto, ela não perde a consciência de que é Cris, e por isso mesmo tenta decifrar os mistérios que envolvem sua própria morte. Ou melhor, a de Júlia.

Em Era Preciso Voltar, são os sonhos que Diana tem durante as horas de sono que a “transportam” para essa encarnação anterior, na Paris da década de 1830. Irina Grecco e Edgar Franco interpretaram dois personagens, a saber, um em cada época tratada na história. No passado, ele vivia um refinado músico. Ao passo que Irina era uma dama da sociedade parisiense. Na novela atual da Globo, o elenco em peso interpreta personagens em ambas as épocas. Felipe Camargo e Júlia Lemmertz são os pais de Júlia/Cris em suas duas encarnações. João Vicente de Castro e Rafael Cardoso foram com Vitória Strada um triângulo amoroso nas duas vidas. Alinne Moraes é a inimiga muito próxima nas mesmas circunstâncias. E assim por diante.

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Destaques do elenco de Era Preciso Voltar e informações da exibição

O elenco da novela dos anos 1960 era composto ainda por Elisabeth Gasper, Rogério Márcico, Yara Lins, Elaine Cristina, Rui Luiz, Suely Franco e Maurício Nabuco, entre outros. Dirigida por Walter Avancini, a novela foi exibida pela TV Bandeirantes às 21h, de abril a junho de 1969. Já para os cariocas a novela chegou através da TV Rio, que a exibiu um pouco depois da estreia em São Paulo. Inicialmente Era Preciso Voltar foi exibida às 18h30, depois passou para 18h e terminou às 17h. Todavia, nesses tempos de ausência das redes nacionais, e com os Saad sem emissora no Rio, eram comuns esses arranjos e discrepâncias.

Quem foi Sylvan Paezzo, autor da “precursora” de Espelho da Vida

Sylvan Paezzo nasceu em Niterói em 1938 e faleceu no Rio de Janeiro em 2000. Autor de romances como Diário de Um Transviado e A Época dos Tristes, relançado posteriormente como Corpo Vendido. Foi um dos autores que fizeram do Sítio do Picapau Amarelo um sucesso nos anos 1970. Anteriormente, escreveu algumas novelas para várias emissoras. Em 1968, O Homem que Sonhava Colorido, na Tupi. Com efeito, diga-se, a temática da natureza curiosa e inesperada dos sonhos permeava a imaginação do autor. João Juca Jr. (Tupi, 1970) e À Sombra dos Laranjais (Globo, 1977) foram algumas das outras novelas de Sylvan Paezzo. Sua última foi escrita para a Rede Manchete em 1986/87: Mania de Querer.

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