Há 40 anos, a Tupi lançava remake de O Direito de Nascer, aposta da emissora

Publicado em 31/07/2018

Em 31 de julho de 1978, a Rede Tupi lançou com grande promoção o remake de um clássico da teledramaturgia. O Direito de Nascer, já exibida pela emissora em 1964/65, voltava agora colorida, com mais recursos técnicos e novo elenco.

Escrita por Félix Caignet na década de 1940, O Direito de Nascer correu vários países tanto no rádio quanto na televisão. No final de 1964 a Tupi estreou sua primeira versão para a TV por aqui, um dos primeiros grandes sucessos do gênero novela. A saber, Teixeira Filho foi o adaptador nas duas ocasiões, tendo na primeira trabalhado com Thalma de Oliveira.

Mãe solteira, preconceito social e de cor: alguns dos temas de O Direito de Nascer

Aldo César como Dom Rafael em O Direito de Nascer (Reprodução/TV Tupi/BCC)
Aldo César como Dom Rafael em O Direito de Nascer ReproduçãoTV TupiBCC

A novela conta a história de Maria Helena (Suzy Camacho), filha de um homem muito rico, Dom Rafael (Aldo César). Grávida, ela é rejeitada pelo namorado Dom Alfredo Martins (Beto Sigolo), que não quer saber da criança, e menos ainda de se casar. Ainda assim, Helena tem o filho, sendo mãe solteira. Mas seu pai obriga a criada Dolores (Cléa Simões) a ir embora com o bebê. Esta educa o menino como seu e lhe dá o nome de Alberto. Quanto a Helena, desiludida, ordena-se freira.

Cléa Simões como Mamãe Dolores em O Direito de Nascer (Reprodução/TV Tupi/BCC)
Cléa Simões como Mamãe Dolores em O Direito de Nascer ReproduçãoTV TupiBCC

O tempo se encarrega de revelar a origem de Alberto

Mais de 20 anos depois, os destinos de Alberto (Carlos Augusto Strazzer) e sua família biológica se entrelaçam. Ele volta para a Cidade do México, onde mora Dolores, e conhece Isabel Cristina (Beth Goulart). Esta não é ninguém menos do que sua prima, embora eles não saibam disso. Filha de Dorinha (Lolita Rodrigues) e Dom Ricardo (Henrique Martins), é uma jovem rebelde. Os jovens se apaixonam. Formado em Medicina, Alberto enfrenta a barreira social, quer pelo fato de ser filho de uma negra, quer por ser adotivo e bastardo. E a oposição do inescrupuloso Dr. Garcia (Roberto Maya).

Carlos Augusto Strazzer como Alberto Limonta em O Direito de Nascer (Reprodução/TV Tupi/BCC)
Carlos Augusto Strazzer como Alberto Limonta em O Direito de Nascer ReproduçãoTV TupiBCC

A essa altura, Maria Helena (Eva Wilma) já virou Sóror Helena da Caridade e cuida de um orfanato. É onde ela realiza sua maternidade frustrada pelo destino. Dom Jorge Luís (Adriano Reys) segue apaixonado por ela como na juventude. Alfredo (Percy Aires), arrependido do que fizera, retorna ao México desejando se redimir. Ricardo se vale dos segredos do passado da família para lucrar. E Dom Rafael, velho e doente, tem como médico justamente o neto de que quis se livrar. Mantém ao lado a esposa Conceição (Lia de Aguiar), oprimida por ele, como todos. Mais dramalhão, impossível, por certo.

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Outros personagens de destaque e mudanças na narrativa

Há outros personagens de destaque. Osvaldo (Edgard Franco), filho de Alfredo, rapaz inconsequente e revoltado. Rosário (Denise Del Vecchio), Graziela (Miriam Mehler), sobrinha de Ricardo, que se interessa por Jorge Luís. A pedante Condessa Victória (Elisabeth Gasper), madrinha de Jorge e mãe de Graziela. A malvada Irmã Socorro (Geny Prado), freira que deseja prejudicar Sóror Helena.

Ao contrário do original, que segue a ordem cronológica dos acontecimentos, na adaptação de 1978 Teixeira Filho fez mudanças. Os fatos anteriores ao nascimento de Albertinho e sua infância são mostrados em cenas de flash-back. O recurso tirou parte do impacto emocional que a história poderia ter junto a um novo público e desagradou quem já a conhecia.

No entanto, convém lembrar que esse remake, em contraste com a evolução do gênero, deu um passo atrás. Na Globo viam-se Dancin’ Days e os temas dos anos 1970 e a discussão sobre poluição em Sinal de Alerta. Em contraste com a Globo, via-se aqui um folhetim antiquado, como a audiência não estava mais habituada. Assim sendo, os resultados de audiência não corresponderam às expectativas e à grande divulgação feita pela Tupi.

Curiosidades do elenco de O Direito de Nascer

Henrique Martins como Dom Ricardo em O Direito de Nascer (Reprodução/TV Tupi/BCC)
Henrique Martins como Dom Ricardo em O Direito de Nascer ReproduçãoTV TupiBCC

O ator e diretor Henrique Martins participou de ambas as versões da novela. Na primeira, 13 anos antes, ele interpretou Dom Alfredo Martins. Já em 1978 seu papel foi o do genro de Dom Rafael, Dom Ricardo.

Eva Wilma foi tirada da novela das 20h da emissora na época, Roda de Fogo, de Sérgio Jockymann, para assumir o papel da Sóror Helena da Caridade. Para tanto, foi promovido na outra produção da casa um mistério em torno de quem matou Gil, sua personagem. Com efeito, a saída de Eva de uma novela para fazer a outra se deveu em boa medida à recusa de outras convidadas para o papel.

Parentescos repetidos e substituição de atores

Ainda, da mesma novela foi também afastada Beth Goulart, para viver o papel de Isabel Cristina em O Direito de Nascer. Sua personagem Paula vai morar com a avó paterna no Rio de Janeiro. Seus pais Jane (Maria Estela) e Noel (Geraldo Del Rey) eram envolvidos na disputa pelo império de Lear (Oswaldo Loureiro). Curiosamente, em ambas as novelas as duas atrizes viveram a mesma relação de parentesco. Quer como Gil e Paula, quer como Maria Helena e Isabel Cristina, eram tia e sobrinha. Beth substituiu Débora Duarte, que gravou os primeiros capítulos e se desentendeu com a produção.

Outro parentesco repetido com proximidade entre as duas vezes foi o de Aldo César e Carlos Augusto Strazzer. Anteriormente pai e filho em O Profeta (1977/78), logo em seguida foram avô e neto.

Zanoni Ferrite, que havia protagonizado Um Sol Maior (1977) na Tupi, faleceu devido a um acidente de automóvel pouco antes da estreia. Dessa forma, a novela teve que trocar o intérprete de Dom Jorge Luís. Passou a ser Adriano Reys.

As outras versões da novela na TV brasileira

O Direito de Nascer já foi adaptada para a televisão três vezes até aqui. A primeira foi entre dezembro de 1964 e agosto de 1965, na Tupi. A saber, num tempo sem redes nacionais, uma curiosidade é que na praça do Rio de Janeiro ela era exibida pela TV Rio. Uma terceira versão foi exibida pelo SBT em 2001. Atualmente uma reprise desta versão está em seus capítulos finais na TV Aparecida.

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Só para ilustrar, veja abaixo o primeiro capítulo da versão de 1978, que chega agora aos 40 anos:

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