Há 25 anos estreava De Corpo e Alma, novela marcada por uma tragédia

Publicado em 03/08/2017

No dia 03 de agosto de 1992, entrava no ar na faixa das 20 horas da Globo a novela De Corpo e Alma. Escrita por Glória Perez, a trama ficaria marcada por uma tragédia: Daniella Perez, atriz e filha da autora, seria assassinada por um colega de elenco, o ator Guilherme de Pádua, e sua mulher, Paula Thomaz.

De Corpo e Alma era um novelão típico de Glória Perez, que mesclava um romance folhetinesco com assuntos contemporâneos. Desta vez, a autora abordou a doação de órgãos por meio de um romance envolvendo Diogo (Tarcísio Meira) e Paloma (Cristiana Oliveira). Diogo era um juiz bastante correto e com uma vida aparentemente perfeita com Antônia (Betty Faria), mas tudo vem abaixo quando ele se apaixona por Betina (Bruna Lombardi). Dividido, Diogo decide abandonar Betina, mas ela morre em seguida, num acidente de carro.

Enquanto isso, Paloma é uma jovem cheia de vida e casada com o stripper Juca (Victor Fasano), que trabalha no Clube das Mulheres. Com um sério problema no coração, ela é submetida a uma doação do órgão, e sua doadora é justamente Betina. Diogo, sentindo-se culpado pela morte de Betina, acaba se aproximando de Paloma, pois sabe que em seu corpo bate o coração de sua amada. Neste improvável envolvimento, Diogo se apaixona por Paloma, que corresponde sem saber que ele já havia tido um envolvimento com a doadora de seu coração. Já Juca se torna o protegido do misterioso Vidal (Carlos Vereza) e faz sucesso no Clube das Mulheres, acabando por se tornar amante de Stella (Beatriz Segall), uma rica senhora.

Ao abordar a doação de órgãos, De Corpo e Alma fez aumentar o número de doadores. Só na semana de estreia da novela, o Instituto do Coração (INCOR), em São Paulo recebeu nove órgãos para transplante. Antes da novela, o Instituto não recebia doações havia dois meses.

A novela também tratou da inversão de papéis entre homens e mulheres na sociedade, por meio da boate de striptease masculino. A profissão de Juca deu muita popularidade ao Clube das Mulheres. A autora falou ainda sobre a cultura gótica, por meio do personagem Reginaldo (Eri Johnson), que se vestia de preto e era adepto de visitas ao cemitério. E a novela marcou a estreia de Cristiana Oliveira na Globo, vinda de uma bem-sucedida carreira na extinta Manchete, onde participou de Kananga do Japão, em 1989, Pantanal, em 1990 e Amazônia, em 1991.

Mas De Corpo e Alma ficou marcada mesmo pela tragédia do assassinato da jovem atriz Daniella Perez. Intérprete da bailarina Yasmin, a atriz foi assassinada pelo seu colega de elenco Guilherme de Pádua, que vivia Bira, e pela mulher dele, Paula Nogueira Thomaz, na noite de 28 de dezembro de 1992. Durante a semana seguinte ao crime, Gilberto Braga e Leonor Bassères assumiram a responsabilidade de escrever os capítulos e dar uma solução para o desaparecimento dos personagens. Depois de uma semana, Glória Perez retomou seu trabalho e aproveitou para incluir mais dois assuntos polêmicos na trama: a morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal.

As últimas cenas de Daniella Perez como Yasmin na trama foram exibidas no capítulo 146, no ar em 19 de janeiro de 1993. Ao final deste capítulo, os atores do elenco e o diretor Fábio Sabag prestaram uma homenagem à atriz, com depoimentos gravados, e a história prosseguiu. A saída de Yasmin da novela foi explicada com uma viagem de estudos. Já o personagem Bira simplesmente deixou de existir. Guilherme de Pádua e a mulher, Paula Thomaz, foram julgados e condenados a 19 anos e seis meses de cadeia por homicídio duplamente qualificado e praticado por motivo torpe. Cumpriram sete.

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Relembre a abertura da novela De Corpo e Alma:

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