Há 15 anos, SBT extinguia o jornal TJ Manhã

Publicado em 14/02/2018

No dia 14 de fevereiro de 2003, o SBT exibia a última edição do TJ Manhã, telejornal matinal exibido em rede e apresentado pela jornalista Patrícia Pioltini desde o dia 4 de junho de 2001, às 6h30. O fim do noticioso marcou um novo início de trevas no jornalismo do SBT, que só voltaria a ganhar investimentos dois anos depois.

TJ Manhã simbolizou uma fase de resistência do departamento de jornalismo da emissora de Silvio Santos. Depois da extinção do TJ Brasil, em 1997, e do fim da parceria com a CBS, que produzia o Jornal do SBT – CBS, em 1998, o jornalismo do SBT foi reduzido a quase zero. Depois de um tempo apenas produzindo boletins de notícias, o Notícias da Última Hora, a emissora voltou a investir em jornalismo com o lançamento do “novo” Jornal do SBT, em 1999, no início da madrugada. TJ Manhã, então, estreou como uma oportunidade de consolidação do jornalismo no canal.

O jornal de Patrícia Pioltini tinha formato semelhante ao Jornal do SBT, de Hermano Henning, mas trazia uma edição diferenciada de matérias. A proposta do jornal era antecipar os acontecimentos do dia e focar na prestação de serviços. Exibido às 6h30, em rede nacional e ao vivo, o TJ Manhã se tornou o primeiro jornal do dia a ser exibido nacionalmente, já que os matinais das demais emissoras costumavam começar a partir das 7h.

Na época, Walter Santos era o diretor de jornalismo do SBT. Em entrevista ao Estadão, ele comemorou a oportunidade de abrir um novo horário para notícias na emissora. “Estaremos experimentando o horário, o jornal terá 20 minutos, mas com o tempo pode crescer (…). Teremos estrutura para fazer tudo ao vivo”, disse ele. Naquela época, o departamento de jornalismo do SBT era responsável pelo Jornal do SBT, o SBT Notícias (que exibia, ao longo da madrugada, reprises do Jornal do SBT acrescidas de novas informações e quadros de entrevistas) e SBT Repórter, além de servir como suporte ao Domingo Legal, de Gugu Liberato.

A estreia do TJ Manhã seria apenas o início de uma reestruturação do setor na emissora, que, sem chances no horário nobre por determinação de Silvio Santos, tentava criar horários e formatos alternativos para noticiosos. Entre os projetos, que não aconteceram, estava também a criação de um jornal local e da volta dos boletins de notícias de hora em hora.

Patrícia Pioltini foi a escolhida para ancorar o TJ Manhã após alguns anos atuando em diversas frentes no jornalismo do SBT. Antes do telejornal, Patrícia fazia reportagens para o Jornal do SBT, além de ter sido substituta de Hermano Henning em suas folgas e férias, e também ancorava o SBT Notícias aos finais de semana (o bloco era exibido de domingo a domingo). A apresentadora costumava abrir o jornal com frases como “Olá Brasil, bom dia! São 6 horas e 25 minutos. Hora do TJ Manhã”, ou “Eu sou Patrícia Pioltini e este é o TJ Manhã”.

A estrutura montada para fazer o TJ Manhã ser exibido ao vivo permitiu ao SBT participar de alguns momentos históricos acontecidos em 2001. Patrícia Pioltini entrou em plantões ao vivo para noticiar o sequestro de Silvio Santos, que foi feito refém em sua própria casa pelo sequestrador de sua filha Patrícia Abravanel, e também o ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Neste último caso, como o SBT não tinha correspondente nos EUA, Patrícia entrou no ar com informações de agências internacionais. Ao contrário das demais emissoras, que cancelaram suas programações para mostrar o ataque ao vivo, o SBT apenas interrompia a exibição do infantil Bom Dia e Cia para trazer boletins informativos.

Durante o tempo em que ficou no ar, o TJ Manhã registrava audiência satisfatória, chegando à liderança de audiência por diversas vezes. Mesmo assim, não escapou da crise que se abateu sobre o SBT no ano de 2003, que fez a emissora promover diversos cortes. O TJ Manhã acabou entrando na primeira lista de reduções de custos da emissora, junto com o SBT Repórter, SBT Notícias e o musical Disco de Ouro, apresentado por Gugu Liberato (na verdade, uma versão do Sabadão exibida nas tardes de domingo). Mais adiante, o canal confirmou também o fim do Curtindo Uma Viagem, Disney Cruj e De Frente com Gabi (que, na época, era exibido diariamente).

O próprio departamento de jornalismo do SBT sofreu um corte drástico neste período. O Jornal do SBT sobreviveu, mas passou a operar com apenas dois repórteres em São Paulo, matérias enlatadas e “frases do dia” tiradas de sites da internet. A situação só mudou em 2005, com as contratações de Luiz Gonzaga Mineiro e Ana Paula Padrão, e o lançamento do SBT Brasil.

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