Grande Sertão: Veredas terminava há 32 anos

Publicado em 19/12/2017

No dia 19 de dezembro de 1985, a Globo exibia o último capítulo da minissérie Grande Sertão: Veredas. Adaptação da obra de Guimarães Rosa, a atração é considerada uma das melhores minisséries já produzidas pela emissora.

Grande Sertão: Veredas mostrava o conflito entre as tropas federais e as forças provinciais, estas apoiadas pelos jagunços, no sertão de Minas Gerais, no início do século 20. Entre os jagunços estava Riobaldo (Tony Ramos), que percorria o sertão com seus companheiros, entre eles Reinaldo, que era conhecido como Diadorim (Bruna Lombardi). Os dois se conhecem desde meninos e nutrem uma relação de afeto e ternura.

Em seu caminho, Riobaldo se encontra com o chefe Joca Ramiro (Rubens de Falco), que lhe dá o apelido de Tatarana. Mas logo Joca é traído e assassinado por um de seus homens, Hermógenes (Tarcísio Meira), e Riobaldo jura vingança. Riobaldo passa a persegui-lo implacavelmente, alimentando um ódio que só era contido com a sua relação com Diadorim. Entretanto, no encontro final entre Riobaldo e Hermógenes, o desfecho é trágico: ele consegue se vingar do traidor, mas antes vê o inimigo tirando a vida de Diadorim. E, quando vai lavar o corpo do amigo, descobre a verdade: ele, na verdade, era uma mulher, Deodorina, filha de Joca Ramiro que se disfarçava de homem.

Considerada “inadaptável”, a obra de Guimarães Rosa ganhou uma versão e tanto com a minissérie Grande Sertão: Veredas. A adaptação fazia parte das comemorações dos 20 anos da Globo e fez história na televisão brasileira, dando novos rumos às carreiras de Tony Ramos e Bruna Lombardi.

A escalação dos personagens principais, no entanto, foi controversa. O diretor Walter Avancini foi quem trouxe o nome de Bruna Lombardi para viver Diadorim, escalação que, a princípio, não agradava o diretor geral Daniel Filho, que queria uma atriz desconhecida para o papel. Para Daniel, a presença de Bruna “entregaria”, de cara, a surpresa da revelação de que Diadorim era uma mulher. Mas Avancini argumentou que na televisão e com a distância entre gravação e exibição, o segredo seria revelado de qualquer maneira. Por isso, seria melhor uma linda e conhecida atriz no papel de homem. Daniel concordou.

Já para Riobaldo, Avancini cogitava José Mayer, mas Daniel achou arriscado entregar um protagonista deste tamanho a um ator que, até então, era praticamente desconhecido. E se Diadorim estava nas mãos de uma atriz conhecida e famosa, seu par devia ser igualmente famoso. Sendo assim, Avancini acabou sugerindo Tony Ramos, ideia aprovada por Daniel. O ator, no entanto, ficou inseguro em aceitar o papel, pois achava que seu tipo físico não tinha a ver com o personagem, mas foi convencido que poderia fazer um bom trabalho. Assim, o ator topou o desafio, e considerou Riobaldo um divisor de águas na sua carreira, até então recheada de bons-moços.

Segundo o site Memória Globo, a minissérie foi gravada totalmente em locação, tanto nas cenas externas quanto nas internas, e o diretor Walter Avancini fez questão de que todos os integrantes da produção visitassem o sertão. Até mesmo o maestro Júlio Medaglia, encarregado pela trilha sonora, passou uma semana em Paredão de Minas.

Com 25 capítulos, Grande Sertão: Veredas foi inspirada na obra de Guimarães Rosa e adaptada por Wálter George Durst, com a colaboração de José Antônio de Souza. Atualmente, a minissérie está sendo reapresentada pelo canal Viva, nas faixas das 15h30 e 0h30.

Leia também:

Pícara Sonhadora, primeira novela SBT/Televisa, terminava há 16 anos

Veja a abertura de Grande Sertão: Veredas:

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade