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Série documental Orgulho Além da Tela fala da representação LGBTQIA+ nas novelas da Globo

Abordagem começa com o personagem de Ary Fontoura em Assim na Terra Como no Céu, de 1970

Publicado em 11/10/2021

Paixão nacional, as novelas fazem parte do dia a dia e da história dos brasileiros. E, como um reflexo da vida real, por muitas vezes elas tiveram papel fundamental ao fomentar debates e discussões necessárias em diferentes décadas, de diversas maneiras, ao longo dos anos.

Cenas e personagens LGBTQIA+ que marcaram época ajudaram a pavimentar o caminho para um presente com mais inclusão, respeito e representatividade. Ao longo de três episódios, Orgulho Além da Tela, uma série documental Original Globoplay que estreia nesta segunda-feira (11), faz um retrospecto da trajetória das novelas da Globo, desde os anos 70 até os dias atuais, acompanhando a evolução da pauta na sociedade e na forma como é abordada na ficção.

Ao mesmo tempo, mostra o impacto das tramas ficcionais em muitas histórias de vida reais. “O recorte foi feito em cima de personagens que tiveram mais espaço dentro das novelas e que foram importantes para criar um diálogo com a sociedade. A gente começa com o primeiro personagem, feito pelo Ary Fontoura em 1970, e, a partir daí, vamos destacando outros que fizeram essa história avançar”, conta a diretora geral Antonia Prado.

“Ao todo, foram 50 pessoas entrevistadas entre elenco da Globo e personagens da vida real que falam sobre a construção desses personagens e o reflexo deles na sociedade. São simbólicos e discutiram de forma mais aprofundada questões que envolvem orientação sexual e identidade de gênero, gerando um debate na sociedade”, destaca o redator Lalo Homrich, que concebeu o projeto a partir de sua tese de doutorado sobre o tema.    

A série não só percorre a trajetória dos personagens LGBTQIA+ ao longo das cinco décadas subsequentes, mas também resgata importantes marcos da história do país que contribuíram ora para uma maior aceitação das tramas, ora para rejeição das novelas pelo público.

Ao traçar essa cronologia, o documentário costura o material de acervo com depoimentos dos atores que deram vida a essas histórias e das mentes criativas por trás das obras, como Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares, Walcyr Carrasco, Gilberto Braga, Manoel Carlos, Euclydes Marinho, Silvio de Abreu, Gloria Perez e Dennis Carvalho. Especialistas, ativistas e formadores de opinião também participam, como o influenciador digital Hugo Gloss e o jornalista Jorge Luiz Brasil. 

Orgulho

Telespectadores e fãs de novelas que tiveram suas vidas afetadas por personagens LGBTQIA+ ajudam a completar os episódios. Em estúdio, eles contam como reagiram às tramas à época. A série ainda promove encontros especiais e marcantes entre essas pessoas e os atores que deram vida aos personagens e cenas que se destacaram ao longo dos anos, como Mateus Solano e Antonio Fagundes, o inesquecível Félix e seu “Papito”, de ‘Amor à Vida’, com pai e filho que voltaram a se aproximar após a cena final da novela, entre outros momentos de grande emoção. 

“O documentário traz três camadas diferentes em todos os episódios. A primeira é quase uma enciclopédia desses personagens e como eles foram retratados, com cenas da época e um recorte cronológico. Na segunda, autores, diretores, atores e pessoas envolvidas com a obra falam do backstage das cenas, contando um pouco sobre o fazer televisão e curiosidades de cada novela. E a terceira camada são as pessoas LGBTQIA+ e seus familiares que mostram o impacto das novelas nas suas vidas, deixando claro como a arte se inspira na vida e como a vida pode ser impactada pela arte”, explica Antonia. 

A diretora ainda complementa: “O primeiro capítulo fala dos primeiros 30 anos: do momento em que surge o primeiro personagem até o momento em que a pauta avança na teledramaturgia nos anos 90, muitas vezes estabelecendo uma relação com o período que o Brasil estava vivendo. A gente passa pela ditadura, pela epidemia do HIV e pela censura, resgatando como essas temáticas impactaram as novelas. O segundo capítulo já abarca o momento em que os personagens LGBTQIA+ começam a ter histórias mais aprofundadas nas telenovelas. É quando a gente começa a ver os beijos, as famílias, as tramas, como o primeiro beijo entre duas mulheres em ‘Mulheres Apaixonadas’, o beijo que não foi dado em ‘América’, o beijo entre dois homens em ‘Amor à Vida’, famílias homoafetivas sendo retratadas com naturalidade. Já o capítulo três traz as tramas que abordaram questões de gênero. Menos sobre com quem você se relaciona e mais sobre quem você é. E terminamos com um olhar de futuro, do que a gente quer ver nos próximos anos na televisão”, resume Antonia. 

Alguns personagens que aparecem nos dois primeiros episódios são Rodolfo Augusto (Ary Fontoura), de ‘Assim na Terra como no Céu’; Inácio (Dennis Carvalho), de ‘Brilhante’; Cecília (Lala Deheizelin) e Laís (Christina Prochaska) de ‘Vale Tudo’; Buba (Maria Luísa Mendonça), de ‘Renascer’. Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni), de ‘Torre de Babel’; Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli), de ‘Mulheres Apaixonadas’ (2003); Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro), de ‘América’; Gilvan (Miguel Roncato), de ‘Insensato Coração’; Crô (Marcelo Serrado), de ‘Fina Estampa’; Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), de ‘Amor à Vida; Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller); de ‘Em Família’ (2014); Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), de ‘Babilônia’ (2015); e Maura (Nanda Costa) e Selma (Carol Fazú), de ‘Segundo Sol’ (2018).

O último episódio foca na identidade dos personagens. Foi um longo caminho de tabus e preconceitos a serem rompidos desde ‘Tieta’ (1989/1990), quando a atriz Rogéria deu vida a Ninete, até os dias de hoje, com as interpretações recentes de Nany People vivendo Marcos Paulo, em ‘O Sétimo Guardião’, Carol Duarte e Silvero Pereira, na pele de Ivan e Nonato em ‘A Força do Querer’ (2018), e Glamour Garcia, com a Britney de ‘A Dona do Pedaço’ (2019).

‘Orgulho Além da Tela’ tem direção de gênero de Mariano Boni, direção executiva de Rafael Dragaud, direção geral de Antonia Prado, direção de Rodrigo Rocha, redação de Lalo Homrich e Isadora Wilkinson e produção de Beatriz Besser.

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