Gays na bancada! Band ignora feito histórico no jornalismo

Publicado em 31/05/2019

Sem alarde, a Band promoveu no dia 19 de abril, véspera de Páscoa, algo inédito no jornalismo –pela primeira vez um telejornal foi apresentado por dois jornalistas assumidamente homossexuais: Juliano Dip e Mauro Soares. O fato ocorreu no Café com Jornal, jornalístico que neste mês de maio completou cinco anos no ar, com Luiz Megale, Laura Ferrera e Joana Treptow na apresentação.

O momento foi comemorado silenciosamente pelos profissionais envolvidos após o fim do jornal. No Instagram, Juliano Dip publicou uma foto ao lado do colega Mauro Soares com a seguinte legenda: “Bancada histórica! Um prazer fazer o jornal com o querido Mauro Soares“, agradeceu.

Mauro Soares e Juliano Dip após a apresentação do Café com Jornal (Reprodução: Instagram)
Mauro Soares e Juliano Dip após a apresentação do Café com Jornal (Reprodução: Instagram)

Internamente, sabe-se lá porquê ou por questões óbvias, a bancada inédita não foi considerada um feito a ser comemorado, tampouco anunciado. A equipe do Observatório da Televisão apurou com pessoas próximas a direção da Band que, por bem, o melhor a ser feito era manter os profissionais preservados sobre o assunto. Procurada, a direção não quis comentar o assunto justamente por não considerá-lo um feito.

Juliano Dip

Em contato com Juliano Dip, o profissional disse não considerar tal fato algo a ser comemorado. “Não tem feito nenhum, pelo contrário, o jornalismo ainda é careta. Não conheço âncoras LGBT’S. E se existem, não é algo que as emissoras estejam promovendo. Não podemos misturar as coisas. Eu fico feliz em ser gordo e estar na televisão“, contou ele.

Dip aponta para a questão do peso. “As pessoas estão vendo que tem um gordo lá quando eu apareço. Nesse sentido a minha presença no vídeo é uma quebra de tabu. Mas ninguém me vê na televisão e diz: ‘olha um gay’. Então, não acho que tenha algo a comemorar, que tenha feito alguma diferença para o público. É diferente de ser um gay famoso por ser gay e ocupar esse espaço, aí todo mundo vai dizer: ‘olha um gay ali’. Mas, por mais assumido que eu seja, não sou essa referência. É mais fácil alguém dizer ‘olha a primeira vez que vejo um gordo desse tamanho apresentando um jornal‘”, finalizou.

Mauro Soares também foi procurado por nossa equipe, mas não retornou o contato até a publicação dessa nota.

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