“Eu não acredito em autor que não tenha entrega emocional”, dispara Walcyr Carrasco

Publicado em 04/10/2016

“Eu não acredito em autor que não tenha entrega emocional. Como eu vou querer que o público se emocione com uma cena se eu não me emocionei?”. Esse é o tom da conversa de Walcyr Carrasco com Bianca Ramoneda em entrevista para o Ofício em Cena desta terça-feira, dia 4 de outubro, na GloboNews.

Walcyr conta que foi em Verdades Secretas que seus lados jornalista e dramaturgo se uniram fortemente e quando atuou, de certa forma, como repórter investigativo na fase inicial do projeto que concorre ao Emmy Internacional 2016, o principal prêmio de televisão do mundo, na categoria ‘Melhor Novela’. “Quando eu tive a ideia, já sabia da existência do tal “book rosa”, mas consegui cativar dois donos de agência para saber como funcionava o esquema de prostituição em agências de modelo”, revela o autor. “Soube até de quanto era comissão que eles pegavam”, complementa.

E conta como a cracolândia passou a fazer parte desse projeto. “Há alguns anos um amigo meu, juiz, me perguntou se eu queria acompanhá-lo numa visita ao seu projeto na cracolândia. Passamos uma noite em meio ao horror. Foi tremendo conviver com aquilo. Eu não tinha nenhum projeto, só achei que era uma oportunidade de conhecer um lugar que eu nunca iria. Dois anos depois, fiz Verdades Secretas e incluí a cracolândia”, revela o autor. A experiência acabou levando a atriz Grasi Massafera a também concorrer ao Emmy Internacional como Melhor Atriz pelo papel da ex-modelo viciada em crack na novela.

Walcyr revela ainda na entrevista que escreve de madrugada e, diferente dos outros autores, não planeja seus capítulos em escaletas. “Os personagens são muito vivos para mim. Quando ele se torna bom, passa a falar com você, convivemos como se fôssemos amigos. Quando termino de escrever e ainda estou conversando com os personagens, seja a que horas for da madrugada, sento na poltrona, fumo meu charuto tranquilamente e penso nos capítulos”, conta o autor. “Você não consegue escrever um final que o personagem não queira”, garante.

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