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Como funciona o Top 10 da Netflix? Plataforma explica ranking

O algoritmo é mais complexo do que se imagina

Publicado em 30/08/2021

Logo ao acessar a Netflix, nos deparamos com o ranking dos 10 filmes e séries mais assistidos do momento. O que poucos sabem é que esse ranking não é formado a partir das produções mais populares no país ou no mundo e, sim, personalizado para cada usuário com base no que ele mais gosta de assistir. O método gera desconfiança em parte dos assinantes, mas há lógica por trás dos algoritmos da empresa, explica Carol Zara, empresária e co-criadora da HQ Alien Toilet Monsters.

Em entrevista à Vulture, Mariam Braimah, designer de produto do app da Netflix, diz que tais categorias exibem “conteúdos personalizados que também são populares”. Ou seja, a plataforma identifica quais programas cada usuário é mais propenso a gostar e mostra quais desses títulos estão ganhando mais streams no momento.

Se você assistiu séries de crimes reais, por exemplo, então há boas chances de que Cena do Crime – Mistério e Morte no Hotel Cecil tenha aparecido no seu top 10 assim que foi lançado. Por outro lado, se você é um amante da comédia, é provável que The Good Place tenha sido mostrado no seu ranking.

A Netflix está estudando a possibilidade de revelar publicamente dados objetivos sobre o que é popular na plataforma, como outra forma eficaz de aumentar os streamings em certas produções. “A lista dos dez melhores filmes e séries que começaram a aparecer na seção no início de 2020 gerou muita propaganda, pois marcou a primeira vez em que a Netflix revelou o desempenho de seus títulos. Porém, não sabemos se a plataforma queria mesmo ser transparente com seus usuários ou se era mais uma forma de fazer marketing”, aponta Carol.

As listas surgiram porque a empresa percebeu que muitas pessoas são mais propensas a assistir algo que está sendo muito discutido no momento. “O que algumas pessoas realmente querem ver é o que todo mundo está assistindo”, explica Todd Yellin, vice-presidente de produto da Netflix.

“Eles querem participar da conversa: ‘Todo mundo está falando sobre O Gambito da Rainha e está em primeiro lugar na lista. Poxa, então eu também vou ver’. Assim, para complementar a personalização do algoritmo, nós também ressaltamos a popularidade”, conta.

A Netflix assume que suas classificações não são baseadas na média de audiência de um título, como costuma ser na TV. Em vez disso, a plataforma de streaming usa o que chama de “escolheu assistir”, que registra quantas pessoas experimentam pelo menos dois minutos de um título.

A empresária Carol Zara explica porque a Netflix optou por essa métrica: “Isso equilibra as disparidades na duração do programa e na contagem de episódios. E há lógica nisso, pois as classificações tradicionais são falhas ao medir milhões de minutos consumidos, dando a um programa de uma hora de duração com centenas de episódios, como Grey’s Anatomy, uma enorme vantagem sobre um título mais recente com apenas uma fração da produção criativa – como Special, cuja primeira temporada mal durou duas horas no total”.

Ainda assim, para Carol, há outras métricas mais detalhadas que a Netflix tem em sua plataforma que podem oferecer aos usuários um retrato mais preciso e confiável do consumo real de conteúdo e popularidade.

A desvantagem, contudo, é que o método levanta dúvidas se as listas são apenas uma ferramenta de marketing para ajudar a Netflix a promover seu conteúdo mais caro. “Certa ou incorretamente, uma parte dos assinantes da plataforma não aprova uma interface focada em algoritmos. Alguns acreditam até que os programas de computador muitas vezes ocultam o conteúdo que realmente gostam para exibir produções que a Netflix quer que eles vejam”, comenta Carol.

Cameron Johnson, que supervisiona a inovação de produtos para a interface da Netflix, diz que não faria sentido para a empresa manipular seu algoritmo para favorecer certos tipos de programas. “O que aprendemos é que continuar a mostrar a alguém um título no qual ela não está interessada não ajuda ninguém de verdade”, diz.

Johnson revela que a Netflix já executou testes para ver o que aconteceria se expandisse os três tipos atuais de listas – programas, filmes e todos os títulos – para incluir categorias menores, como infantil, stand-up, ou documentários.

Eles também exploraram dar a algumas pessoas os top 20 ou 50, ou classificações dos títulos que receberam mais likes de usuários. Qualquer revisão da interface da Netflix precisa ser testada e aprovada porque ninguém quer estragar uma experiência do usuário que geralmente funciona muito bem.

E como exatamente a Netflix sabe se os usuários estão procurando um novo recurso, como a lista de top 10? Basicamente, da mesma forma que avalia se suas produções estão indo bem: horas gastas em streaming e retenção de usuários.

“Vemos um aumento no streaming, o que significa que mais pessoas assistiram por mais horas por causa deste recurso”, diz Braimah. E ressalta: “Se estamos notando mais pessoas permanecerem membros da Netflix por mais tempo, podemos entender que as pessoas estão satisfeitas”.

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