Câmera Record investiga casos de intoxicação, doenças graves e mortes de produtores rurais contaminados por agrotóxicos

Publicado em 01/02/2018

O Câmera Record escalou um grande time de repórteres no Brasil e no mundo para investigar os danos causados por agrotóxicos: casos de intoxicação, doenças graves e mortes de produtores rurais contaminados por esses produtos. O programa desta quinta-feira, 01/02, às 22h30, ainda revela se os venenos usados nas lavouras estão presentes na mesa dos brasileiros.

A equipe visitou regiões em que os produtores rurais sofrem com os efeitos da contaminação. Os repórteres Rogério Guimarães, Laura Ferla e Rodrigo Bettio percorreram a serra capixaba para investigar índices alarmantes destes casos na pequena cidade de Santa Maria de Jetibá, com quase 40 mil habitantes. Sem informação e sem Equipamento de Proteção Individual (EPI), muitos se intoxicaram, tentaram se suicidar, adoeceram de câncer e morreram em decorrência do contato excessivo com agrotóxicos.

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O programa relembra a maior indenização da história do Brasil: R$ 400 milhões e um plano de saúde vitalício aos ex-funcionários de duas multinacionais da cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, contaminados pelos pesticidas mais nocivos já fabricados no mundo, os chamados “organoclorados”. As duas gigantes e seus ex-empregados travaram durante anos uma verdadeira guerra nos tribunais brasileiros, até as partes fecharem um acordo, em 2013, com a maior reparação financeira registrada pelo Ministério do Trabalho: 370 milhões de reais e plano de saúde permanente. Mas o arranjo milionário não apagou as lembranças nem amenizou as dores daqueles tempos. Dos 443 empregados remanescentes, – empresa fechou as portas em 2002 – 65 morreram, segundo o representante das vítimas de Paulínia, Francisco Tavares. “Temos atestado de óbito. Todos morreram de câncer”, revela.

A reportagem mostra ainda que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Mas nem todos os estados usam esses produtos da mesma maneira. No Rio Grande do Sul, a repórter Amanda Silva investigou que mais da metade das propriedades rurais utilizam veneno nas lavouras. Em Rondonópolis, Mato Grosso do Sul, 191 toneladas de pesticidas são aplicadas por ano na produção agrícola, apurou a repórter Renata Ramos. No Paraná, 3.723 pessoas foram intoxicadas por veneno e 10% eram crianças, denuncia o repórter Vagner Kratz.

Alguns dados levantados pela reportagem são alarmantes. O Instituto Biológico, órgão do governo de São Paulo, analisou 113 kg de alimentos das feiras e descobriu que 36% continham agrotóxicos proibidos ou acima do limite permitido, como morango, mamão e pimentão.

Mas especialistas ouvidos pelo programa discordam do perigo do uso de agrotóxico e lembram dos benefícios do uso correto. “O risco pro consumidor é as pessoas que não têm conhecimento pra utilizar o produto. Ou seja, usar em doses maiores que a recomendada, usar em frequência maior do que a recomendada. E colher esse produto antes do período de carência adequado”, diz o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi.

Nicholas Vital, um jornalista especializado no agronegócio e autor do livro “Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo”, aponta os benefícios dos pesticidas nas lavouras. “O Brasil é uma potência agropecuária, se hoje a gente é visto como celeiro do mundo, isso é graças às tecnologias aplicadas ao agronegócio”, explica.

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