Câmera Record estreia nova temporada e mostra produção clandestina de carvão na Floresta Amazônica

Publicado em 17/01/2018

A temporada 2018 do Câmera Record começa com um flagrante de um crime gravíssimo. Nesta quinta-feira, às 22h30, o programa mostra reportagem exclusiva sobre carvoeiros clandestinos que estão devastando áreas imensas da Floresta Amazônica para produzir o carvão que é usado no tradicional churrasco do brasileiro. Durante 10 dias, os repórteres Romeu Piccoli, Sheila Fernandes, Michel Mendes e o editor Márcio Strumiello percorreram mais de 1.000 km por rodovias e estradas abertas ilegalmente, no meio da Amazônia, para investigar a devastação provocada pela produção clandestina de carvão.

“É um problema socioambiental. A gente tá perdendo floresta numa atividade que algum momento vai causar dano para saúde das pessoas e envolve crianças também, pela ausência do Estado, seja ele municipal, estadual, pelo controle do fluxo, e o federal pelo controle do desmatamento”, afirma Nilo D’ávila, diretor do Greenpeace no Brasil. É a primeira vez na TV que jornalistas revelam todo o processo de produção do carvão: o corte, a construção do forno, a queima da madeira e a venda nas grandes cidades.

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O programa vai detalhar cada uma dessas etapas. A equipe flagra o corte em terras devolutas do Estado e da União. Entre as cidades de Itacoatiara e Rio Preto da Eva, a 250 km de Manaus, a equipe encontra uma enorme clareira cinza, do tamanho de um estádio de futebol. Os responsáveis por transformar a área num cemitério de árvores já cortaram centenas de árvores centenárias desde que chegaram à região, há alguns meses. Eles derrubam madeira o mês inteiro, com jornadas diárias de 14 horas, em troca de um salário mínimo. “É dureza quando a gente tá derrubando árvore pra fazer carvão, um sufoco doido. Não tem outro ramo por aqui. Não tem outra saída.”, queixa-se Jean.

Antes da invasão dos carvoeiros a floresta era densa e abrigava diversas espécies de plantas e animais, agora é terra arrasada, sem vida. Após o corte, Daniela, de 35 anos, e o filho, de 13, levam as toras de madeira, já fatiadas, até o forno, que é um buraco feito no chão, cercado por paredes de tijolos. Cabem 12 árvores, que levam de 3 a 4 dias para queimar. “É árduo, suado, difícil mesmo. As pessoas podem olhar pra gente e achar que a gente faz isso porque gosta ou porque ganha muito dinheiro, né? Mas não é não, é pouco dinheiro e muito trabalho. Eu sinto muita tristeza, porque isso aqui é meu, é dos meus filhos, dos meus netos, de todo mundo… E estamos destruindo”, lamenta Daniela. Ao ser perguntada se ela e o filho sabem que estão cometendo crime, Daniela responde com lágrimas nos olhos: “Crime é meus filhos passarem fome”.

Diariamente, pais e filhos trabalham na queima do carvão e o programa denuncia a falta de acesso à escola. E os riscos à saúde dos trabalhadores, nessa que é a fase mais prejudicial à saúde do trabalhador. “Eles estão se envenenando, já que isso vem de geração em geração. É como se o destino tivesse dado a essas pessoas uma única chance: eles vão ter que viver menos e viver pior”, explica o médico Paulo Saldiva, patologista do Hospital das Clínicas. Recém-retiradas do forno, as toneladas de carvão são embaladas em sacos e armazenadas em uma casa escondida no meio da mata. É a vez do atravessador entrar no esquema. O Câmera Record flagra mais de uma tonelada de carvão, dentro de um veículo aos pedaços, vencendo uma barreira policial na estrada. Tudo registrado bem de perto. E, em cada esquina das grandes cidades, o destino final do carvão clandestino: na grelha, usado para fazer churrasco.

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