Prestes a estrear na pele de João Aranha, no remake de Éramos Seis, da TV Globo, o ator Caco Ciocler fala com exclusividade ao Observatório da Televisão, sobre os desafios de seu novo personagem na telinha.
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Com mais de 20 anos de carreira na televisão, o galã revela como será seu personagem na trama de Angela Chaves, comenta sobre a paixão de João Aranha e Shirley (Barbara Reis), fala sobre a difícil relação que o personagem terá com sua filha na história e revela seu pensamento sobre o comportamento das redes sociais. Confira a entrevista:
Você chegou a acompanhar as outras versões de Éramos Seis?
Elas marcaram época, e foram muito lindas, muito emocionantes. Tenho grande carinho pelos atores que fizeram essa trabalho anteriormente. Eu não assisti devido à alta demanda de gravações aqui, mas para não me sentir pressionado assistirei às duas versões quando esta acabar.
Qual será o seu papel nessa nova versão?
Eu faço o João Aranha, que é um personagem bastante complexo, que volta para recuperar um amor perdido, que é a personagem da Bárbara Reis, que construiu toda a sua existência em cima de uma mentira. Ela acha que foi abandonada por ele, mas a verdade é que mãe dele mentiu, dizendo que ele tinha ido embora, mas na verdade os dois foram enganados. Então é um reencontro onde toda a vida precisa ser reconstruída.
Como ele é?
Um cara apaixonado, ao mesmo tempo cheio de dinheiro, que não sabe lidar com os ‘Nãos’ da vida. Ele é mimado, doente… Acho que todo personagem com mais de três características tende a ser bom. Geralmente as pessoas falam ‘ele é filho de não sei quem’, ‘ele é casado com quem não sei quem’, mas esse é um personagem que tem características próprias. Quando tem três, eu falo ‘Esse é bom!’, e o João Aranha é bom, porque ele tem muita contradição.
Seu par romântico vai ficar dividido na história, né
Ela já tem uma relação com o Alfonso, que a acolheu. O Alfonso é um personagem muito carismático, feito genialmente pelo Cássio Gabus Mendes, então vai ser um trabalho difícil, porque o Cássio é muito carismático. O amor do meu personagem pela Bárbara, é algo da infância, que tem uma força muito grande. Então sim, ela vai ficar dividida.
Seu personagem tem uma filha que ele não conhece. Como será esse reencontro entre pai e filha?
Ele tem uma filha que vai demorar para aceitá-lo. Então além de tudo, ele vai ter uma relação muito complicada com essa menina.
O que você acha que vai fazer o Aranha se aproximar da Shirley?
Rever um amor de infância sabendo que ele não a abandonou, é uma reviravolta muito grande emocionalmente para qualquer pessoa. Ela é uma pessoa dura justamente porque achou que havia sido abandonada. Descobrir o contrário deve ser uma maluquice.
Como você se preparou para o seu personagem?
Ele é baiano, meu segundo personagem seguido como baiano. Eu não quis assistir outras versões pra não ter referência. Geralmente quando dizem para a gente como será o personagem, temos pouca informação, e aqui foi diferente. As informações que eu recebi, que eu li, são muito interessantes. Ele é um cara que tem a saúde frágil, descobriu depois de muito tempo que foi abandonado, é rico, mimado, mas ao mesmo tempo é apaixonado. Fui construindo ele, porque como ele é uma participação pontual, eu quis recheá-lo das coisas mais contraditórias possíveis. Então ele é um apaixonado, ele ama de verdade, mas eu não quis fazer só o apaixonado, então as negativas, a filha, o seu amor, fazem mais mal a ele do que uma pessoa normal. Então eu fui construindo um personagem complexo para ele ter bastante colorido.
Quando ele descobre que tem uma filha, ele busca uma convivência com a menina? Essa é uma lacuna?
Eu fui entendendo que ele é um personagem que vai se defender quando atacado. Ele não teve culpa por ter um amor roubado, uma filha roubada, e ninguém está prestando atenção nisso, então ele veio reivindicar um direito dele.
Você acredita que o público vai torcer por ele?
Sim. Mas vai ser difícil, porque o personagem do Cássio é muito carismático, é um personagem que acolheu essa mulher, é um personagem muito fofo. Então é muito difícil nesse sentido. Mas vou fazer o possível para que sim. Porque senão é uma briga sem graça.
Você é muito ligado na sua família na vida real. O que você empresta da sua vida para o seu personagem?
A gente sempre empresta tudo para o personagem. Não tem onde tirar o que não seja da gente. São musculaturas que às vezes a gente deixa adormecida, e quando vê um personagem a gente tem chance de exercitar essa musculatura. Eu sei ser ciumento, eu sei ser possessivo, eu tenho alguns amores que por algum motivo não deram certo, e que poderiam ter dado. A gente começa a resgatar repertórios pessoais, então eu emprestei tudo para o João. Então eu acho que a única coisa que eu não tenho do João é o amor não correspondido de uma filha não correspondido. Isso eu não tenho na vida, mas a gente sabe imaginar.
Você vai fazer uma novela de época, e fica muito ativo nas redes sociais. Como é fazer uma novela de época sem se antenar das coisas? Onde você deixa o seu telefone?
A gente leva o telefone para o set, deixa no bolso, e só para de usar na hora da cena. Mas eu não estou tão ativo nas redes, estou um pouco cansado para ser sincero.
Você acha a rede social um ambiente tóxico?
Eu estou sentindo as pessoas mais tristes, eu estou sentindo as pessoas mais agressivas, mais reativas, cada vez mais com menos escuta. Acho que a rede social está mesmo fazendo mal. Eu estava falando sempre para as mesmas pessoas, e quem não concordava, continuava não concordando, e era uma agressão mútua… Então eu estou dando um tempo.
E sobre o seu físico, as pessoas continuam falando. O que você acha disso?
Mas já foi mesmo, meu amor. Já passou essa palhaçada. Já parei de fazer ginástica, já parei com dieta (risos).
*Entrevista feita pelo jornalista André Romano