Babilônia, a “novela-problema” da Globo, estreava há três anos

Publicado em 16/03/2018

No dia 16 de março de 2015, estreava às 21 horas na Globo a novela Babilônia. Escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, a trama estreou cercada de expectativas, prometendo uma história forte e alta voltagem na rivalidade entre as duas vilãs protagonistas, Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves). No entanto, a novela ficou marcada mesmo pelos baixos índices de audiência e pelas inúmeras mudanças que passou para tentar reverter os números, sem sucesso.

Babilônia contava a história de três mulheres, cujo destinos são entrelaçados a partir de um crime. Beatriz é uma mulher ambiciosa, viciada em sexo, e que usa seu poder de sedução para conseguir tudo o que quer. Ela arma para se casar com o poderoso empreiteiro Evandro (Cássio Gabus Mendes) e passa a tomar conta de todos os seus negócios. Numa festa, ela reencontra Inês, uma amiga de infância da qual nutre um certo desprezo. Inês é obcecada por Beatriz e quer ser como ela. Mas Beatriz a trata com muita indiferença no reencontro e a humilha, alimentando a fúria dela. No entanto, Inês flagra Beatriz aos beijos com seu amante, o motorista Cristóvão (Val Perré). Inês, então, passa a chantagear Beatriz, que acaba matando Cristóvão e jogando a culpa em Inês. Mas elas acabam entrando num acordo quando Beatriz consegue um emprego para Homero (Tuca Andrada), marido de Inês, e os manda para Dubai.

No entanto, a falta de uma solução sobre o assassinato de Cristóvão enfurece Regina (Camila Pitanga), filha dele, uma jovem que sonha ser médica, mas desiste da faculdade quando engravida do malandro Luís Fernando (Gabriel Braga Nunes). Sem o pai e com a mãe doente, Regina promete a si mesma que fará justiça e descobrirá quem é a pessoa responsável pela morte dele. Dez anos depois, Regina ganha a vida tocando uma barraca de bebidas na praia, além de tomar conta da mãe, do irmão Diogo (Thiago Martins), um atleta, e da filha, Júlia (Sabrina Nonata). É na praia que ela conhece Vinícius (Thiago Fragoso), um advogado idealista que se apaixona por ela. Inicialmente eles se estranham, mas logo iniciam um romance.

Já Inês está de volta ao Brasil com a filha Alice (Sophie Charlotte) após a morte do marido, e procura novamente Beatriz. Ela volta a chantageá-la, ameaçando publicar o vídeo que possui com a rival aos beijos com Cristóvão na internet. Beatriz, então, arruma para Inês um emprego no escritório de sua mãe, a advogada Teresa (Fernanda Montenegro). Beatriz e Inês, assim, passam a viver uma tensa queda de braço. Quando Alice se envolve com Evandro, Inês decide que é hora de desmascarar a “amiga” e publica o vídeo, atraindo a atenção de Regina. Ela, então, passa a investigar para saber o quanto Beatriz e Inês estão envolvidas na morte de seu pai.

Babilônia estreou eletrizante, com a apresentação explosiva da dupla Beatriz e Inês. Parecia o embate entre Maria de Fátima, de Vale Tudo, com a Carminha de Avenida Brasil, prometendo uma novela cheia de emoções. Entretanto, tudo ficou no campo da promessa. Passada a fase inicial, ficou bem claro que a tensão que unia as duas personagens não teria fôlego para segurar a novela inteira. Além disso, a mocinha Regina tornou-se uma chata, sempre brigando e gritando que queria “justiçaaaa!”. Assim, a novela não decolou, dando margem a muitas especulações sobre o que teria dado errado. Muitos creditaram o fracasso ao beijo gay dado por Teresa e Estela (Nathalia Thimberg), que tinham uma relação estável de anos e eram mães de Beatriz e Rafael (Chay Suede). As duas trocaram um beijo carinhoso logo no primeiro capítulo, numa cena que deu o que falar. Talvez o beijo tenha afugentando os mais conservadores, mas Babilônia padecia mesmo de problemas estruturais.

Com isso, deu-se início a uma ampla reforma na novela, o que acabou por descaracterizá-la por completo. Crendo que a novela teria sido avaliada como muito pesada pelos espectadores, os autores trataram de suavizar algumas temáticas para escapar de polêmicas. Assim, Alice, que se tornaria prostituta, foi convertida em mocinha. Já Carlos Alberto (Marcos Pasquim), que seria gay e teria um romance complicado com Ivan (Marcelo Mello Jr), perdeu esta história e se apaixonou por Regina. Enquanto isso, Herson Capri estava escalado para viver Osvaldo, um presidiário barra-pesada que agitaria a história. Acabou tendo o personagem alterado: entrou na história como o engenheiro Otávio, que se envolve com Beatriz e Inês. O cafetão Murilo (Bruno Gagliasso) deixa de ser cafetão, se “regenera”, mas depois volta a ser cafetão de novo. Já Osvaldo até entrou na história, mas na reta final e vivido por Werner Schunnemann. Teresa e Estela só voltaram a trocar carícias no último capítulo.

As mudanças deixaram Babilônia cada vez mais confusa e sem sentido. E o pior: não resolveram o problema de audiência da trama. Quem se deu bem com esta novela problemática foi a Record, que lançou Os Dez Mandamentos na mesma época. A trama bíblica se aproveitou da fragilidade da concorrência e avançou, tornando-se um fenômeno. Sem chance de reverter o desastre, a direção da Globo optou por encurtar a história e lançar A Regra do Jogo, de João Emanuel Carneiro, antes do previsto. Mas a história de Romero Rômulo (Alexandre Nero) também penou, e só decolou quando Os Dez Mandamentos terminou.

Inicialmente, Babilônia seria protagonizada por Gloria Pires e Deborah Evelyn, primeiro nome escalado para viver Inês. Já Adriana Esteves aparecia na primeira escalação de elenco de A Regra do Jogo, sua substituta. No entanto, as duas acabaram trocando de produção, e Adriana viveu Inês, enquanto Deborah deu vida à sofrida Kiki na trama de João Emanuel Carneiro. Já Daisy Lucidi foi a primeira opção para viver Consuelo Pimenta, uma mulher conservadora e hipócrita que condenava o casal Teresa e Estela. Mais adiante, Arlete Salles foi escalada para dar vida à secretária Dulce. Mas a direção da novela acabou trocando as atrizes de personagens e Arlete Salles deu show como Consuelo, enquanto Daisy acabou apagadinha vivendo Dulce, personagem que não decolou e praticamente desapareceu do enredo.

Com 143 capítulos, Babilônia foi escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, com a colaboração de Sérgio Marques, Ângela Carneiro, Chico Soares, Fernando Rebello, João Brandão, Luciana Pessanha e Maria Camargo, e foi dirigida por Cristiano Marques, Luísa Lima, Pedro Peregrino, Giovanna Machline, com direção geral de Maria de Médicis e Dennis Carvalho, e núcleo de Dennis Carvalho.

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