Anastácia, a Mulher Sem Destino, estreava há 50 anos

Publicado em 28/06/2017

No dia 28 de junho de 1967, entrava no ar na faixa das 20 horas da Globo a novela Anastácia, a Mulher Sem Destino. Considerada um dos maiores fiascos da história da emissora, a trama marcou a estreia da novelista Janete Clair na Globo, canal que a consagraria como a maior novelista de todos os tempos.

Escrita inicialmente por Emiliano Queiroz, Anastácia, a Mulher Sem Destino, seguia o modelo de dramaturgia da Globo da época, ou seja, tramas fantasiosas passadas em tempos remotos, cujos cenários eram reinos antigos ou países europeus. Ou seja, histórias ao melhor estilo Gloria Magadan, a grande autora de novelas da Globo na época, e que era responsável pelo núcleo de teledramaturgia da emissora. A trama trazia Leila Diniz, uma das maiores estrelas brasileiras da época, vivendo um típico dramalhão baseado no folhetim francês A Toutinegra do Moinho.

A trama se passava na França do século 18. Em meio à luta pela monarquia vigente na época, Henri Monfort (Henrique Martins) é um dos que fazem parte desta batalha. Ele e sua esposa, Anastácia (Leila Diniz), panejam fugir de Paris, mas Henri acaba preso na tentativa, enquanto ela e a filha do casal, Henriette, seguem sozinhas. Numa emboscada, ambas são separadas, e Anastácia se torna prisioneira de um navio corsário, enquanto a filha passa a ser criada pelos camponeses Pierre (Ênio Santos) e Gaby (Míriam Pires), que desconhecem sua origem. Eles criam também o neto do Marquês de Serval. A falta de notícias da filha faz com que Anastácia, aos poucos, enlouqueça.

No entanto, a trama não foi bem compreendida pelo público, derrubando a audiência da Globo no horário. O principal motivo da falta de compreensão da história era a trama truncada, caracterizada pelo excesso de personagens. Em seu extinto talk show, Jô Soares explicou certa vez que a novela teve elenco numeroso em razão da inexperiência do ator Emiliano Queiroz em escrever folhetins, tendo em vista que ele recebia muitos pedidos de amigos atores para ingressar na história, e acabava criando novos personagens para poder atender a todos. Com isso, acabou perdendo o controle da novela.

Para tentar salvar Anastácia, a Mulher Sem Destino, Gloria Magadan recorreu a Janete Clair, que acumulava experiência assinando novelas para a Rádio Nacional e a TV Tupi. A solução encontrada para colocar a novela no eixo tornou-se um clássico: Janete promoveu um terremoto no local onde se passava a história, matando praticamente todos os personagens. Sobreviveram apenas Anastácia, Henri, Pierre e Gaby. Depois disso, a novela deu um salto de 20 anos no tempo, fazendo com que Leila Diniz passasse a interpretar, também, a adulta Henriette/Rose.

Velhos e cansados, Gaby (Mirian Pires) e Pierre (Ênio Santos) encontram dificuldade para continuarem com as crianças. Henriette é adotada pelos duques de Forestier e assume a identidade de Rose. Já seu irmão de criação Roger é deixado na porta da casa da família Orsini, onde é criado por Blanche (Aracy Cardoso), junto com o pequeno Jean-Paul. O tempo passa, eles crescem, e Roger (José Augusto Branco) torna-se um grande cravista, o que o aproxima de Rose. Os dois se apaixonam e passam a viver um romance cheio de obstáculos, incluindo o interesse de Jean-Paul (Claudio Cavalcanti) por Rose. A rivalidade entre Jean-Paul e Roger é o fio condutor da história nessa segunda fase da trama.

Com as mudanças, Anastácia, a Mulher Sem Destino não conseguiu se tornar o sucesso de audiência desejado, e saiu do ar após 125 capítulos. Mesmo assim, a solução encontrada por Janete Clair para a novela deixou a direção da Globo impressionada, fazendo com que a novelista permanecesse na casa assinando suas próprias histórias. Ela já lançou seu primeiro enredo na sequência, Sangue e Areia, substituta de Anastácia.

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