Novela das 21h

Amor de Mãe sairá do ar por algumas semanas; relembre momentos em que a Globo ficou sem novela das 21h

A Globo já se viu sem obra inédita na faixa antes; relembre

Publicado em 16/03/2020

A jornalista Patrícia Kogut divulgou nesta segunda-feira (16) em sua coluna no jornal O Globo que a novela das 21h da TV Globo, Amor de Mãe, terá exibidos capítulos inéditos apenas até o próximo sábado (21). As gravações das novelas da emissora, à exceção de Éramos Seis, em fase final, foram suspensas ao longo de toda esta semana, devido à pandemia de coronavírus no País. A partir do dia 23, Fina Estampa (2011/12), de Aguinaldo Silva, será reapresentada em capítulos compactos, durante período ainda indeterminado. Não é a primeira vez que a emissora fica sem novela inédita no horário principal. Vamos relembrar outros momentos em que a Globo ficou sem novela das 21h, e também nos outros horários.

1975: a Censura obriga a Globo a exibir uma reprise em horário nobre

Até o começo dos anos 2010, mesmo começando na casa das 21h, a novela da faixa nobre global ainda era chamada de novela das 20h. Uma herança dos anos 1970 e 1980, quando os capítulos se iniciavam entre 20h15min e 20h30. Em agosto de 1975, a novela Escalada, de Lauro César Muniz, teria como substituta no horário Roque Santeiro, de Dias Gomes. Todavia, a Censura Federal proibiu a exibição da novela não só às 20h como em qualquer outra faixa. Diante do problema de ter que produzir outra novela a toque de caixa e minimizar os prejuízos financeiros do momento, a Globo optou por reprisar Selva de Pedra (1972/73), de Janete Clair, enquanto uma produção inédita era aprontada para estrear. Também de Janete, Pecado Capital (1975/76) estreou três meses depois.

1983: um fato triste faz com que a Globo exiba outra reprise às 20h, a exemplo de Amor de Mãe agora

No início de 1983, Manoel Carlos estava no ar com sua segunda novela das 20h na Globo: Sol de Verão, após o sucesso de Baila Comigo (1981) e de suas investidas às 18h, como A Sucessora (1978/79). Intérprete de Heitor, um despachado mecânico de meia-idade que conduzia o enredo junto de Raquel (Irene Ravache) e Abel (Tony Ramos), o ator Jardel Filho sofreu um enfarte e faleceu aos 54 anos, em 19 de fevereiro de 1983.

O autor deixou a novela e o substituto Lauro César Muniz conseguiu escrever apenas 17 capítulos a mais, já que não havia como levar a história adiante sem Heitor – e sem Jardel, uma vez que foi rechaçada a ideia de substituí-lo. Como a atração substituta Louco Amor, de Gilberto Braga, não estava em condições de estrear ainda, durante três semanas a Globo exibiu às 20h uma reprise supercompacta de O Casarão (1976), de Lauro César.

Cancelamentos temporários da produção de outros horários das novelas da TV Globo

Nos anos 1970 e 1980, o horário das 18h foi cancelado temporariamente em duas ocasiões. Em dezembro de 1979, Benedito Ruy Barbosa se recusou a esticar a novela Cabocla, em sua versão original. A saber, o novelista já estava compromissado com a TV Bandeirantes, na qual estrearia em 1980. De maneira que a Globo se viu obrigada a tapar um buraco às 18h durante cinco semanas com uma reprise de Escrava Isaura (1976/77). Anteriormente, a novela de Gilberto Braga baseada na obra de Bernardo Guimarães já havia sido reprisada – às 13h30, em 1977.

A outra vez em que a faixa das 18h foi paralisada foi no final de 1986. Ao término de Sinhá-Moça, outra novela de Benedito, a estreia seria de Direito de Amar, de Walther Negrão, baseada numa radionovela de Janete Clair. Só para ilustrar, o título usado era A Noiva a essa altura. No entanto, problemas das emissoras de TV com o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões (Sated), que exigia o cumprimento das jornadas de trabalho indicadas nas leis e o pagamento das horas extras relacionadas, levaram ao cancelamento da produção de minisséries, de histórias para o Teletema, que eram exibidas no final da tarde, e à adequação do cotidiano de gravações das novelas às condições possíveis.

Hipertensão, de Ivani Ribeiro, e Roda de Fogo, de Lauro César Muniz, respectivamente novelas das 19h e das 20h, seguiram normalmente com capítulos inéditos. Todavia, o que substituiu Sinhá-Moça foi uma reprise de Locomotivas (1977), de Cassiano Gabus Mendes, entre novembro de 1986 e fevereiro de 1987. Só aí foi que Direito de Amar enfim estreou, com os problemas sanados.

Nos anos 1970, outro caso de Censura provocou uma reprise às 22h

Em janeiro de 1977, a TV Globo pretendia estrear em seu horário das 22h a novela Despedida de Casado, de Walter George Durst. Protagonizada por Regina Duarte e Antonio Fagundes, a história falava dos problemas do casamento, através de tramas de diversos casais. Mas a Censura proibiu a exibição do projeto, que acabou totalmente cancelado e não ganhou mais as telas. No lugar, a emissora exibiu uma reprise de O Bem-amado (1973), de Dias Gomes. Durst entrou em seguida com outra novela inédita, Nina.

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