A crise no funcionalismo público pelas lentes do Profissão Repórter

Publicado em 23/11/2016

Alguns estados brasileiros têm sido notícia nas últimas semanas por conta da crise financeira que afeta o funcionalismo público em diversas áreas: saúde, educação, segurança, entre outros. Salários parcelados ou atrasados, falta de pagamento a empresas conveniadas, ausência de vagas em penitenciárias e aumento da violência são algumas das consequências dessa crise, que é o tema do ‘Profissão Repórter’ desta quarta-feira, dia 23.

Caco Barcellos e o repórter cinematográfico Luiz Felipe Saleh desembarcaram no Rio de Janeiro para acompanhar a manifestação de servidores públicos em frente à Assembleia Legislativa do estado, na última semana. “Essa era a notícia mais importante do momento e nós, como sempre, fomos lá com o objetivo de mostrar a manifestação. Passamos sete horas gravando depoimentos com servidores da educação, da saúde, do judiciário, da segurança”, diz Caco.

Todos reclamam do atraso nos salários e dos planos do governo de aumentar o desconto na folha de pagamento para equilibrar as contas do estado. Mas houve desentendimento entre os próprios manifestantes quando um grupo derrubou a grade que impedia o acesso às escadarias da Alerj. A tropa de choque reagiu com bombas de gás e balas de borracha. No final do protesto, a equipe do ‘Profissão Repórter’ sofreu agressões de um grupo de manifestantes.

Na região da Grande Natal (RN), Guilherme Belarmino encontra o caos nos hospitais públicos. No segundo maior do estado, os pacientes sofrem com a falta de funcionários, material básico para o atendimento, leitos, ar condicionado e produtos de limpeza. “Mostramos o caso de uma enfermeira que, além de estar com o salário parcelado, tem uma filha com insuficiência renal e que depende de um aparelho para fazer o tratamento em casa. Acontece que a empresa fornecedora do aparelho não recebe o pagamento do estado há mais de um ano”, explica o repórter. “Ela até diz que prefere não ter salário a ficar sem o tratamento da filha, de 4 anos”, conta.

Em parceria com o repórter Manoel Soares, da RBS de Porto Alegre, Estevan Muniz registra os efeitos no cotidiano das pessoas por conta da falta de dinheiro nos cofres do Rio Grande do Sul. Na área da educação, professores recebem ajuda financeira dos alunos. “O que me impressionou muito foi a relação efetiva dos estudantes com os professores; eles se organizam, fazem ‘pedágio’, shows, tudo para arrecadar dinheiro e alimentos para aqueles que estão sem receber”, conta Muniz. Em uma situação bastante delicada, um professor de literatura optou por vender seus livros para poder pagar as contas.

Na área de segurança, todos os lados acabam sofrendo: policiais estão com o salário parcelado; as penitenciárias e delegacias não têm mais vaga para detidos; aqueles que são presos têm de ficar dias algemados dentro de micro-ônibus, um improviso por conta da falta de celas. “O que todos passam ali é degradante. É ilegal, mas é a única solução”, complementa o repórter.

O ‘Profissão Repórter’ vai ao ar às quartas-feiras, depois do futebol.

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