Belíssima reestreia no próximo dia 4 de junho na Globo, como cartaz do Vale a Pena Ver de Novo, o que nos oferece uma boa oportunidade de relembrar curiosidades do elenco, da trilha sonora, dos bastidores das gravações e das dificuldades vividas pelo autor Silvio de Abreu quando escreveu a novela. Vamos a elas:
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A escolha da Grécia como um dos cenários da história surgiu da ideia do autor de homenagear e celebrar o berço da dramaturgia universal. Muito dos primeiros capítulos é ambientado no país europeu, e dois dos personagens centrais da novela são gregos: Nikos Petrakis (Tony Ramos) e Katina Solomos Güney (Irene Ravache).
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O tema de abertura da novela seria uma composição inédita de Chico Buarque, conforme divulgado algumas semanas antes pela imprensa, mas a música que acompanhou os créditos e deu o tom da história de Silvio de Abreu ao público foi mesmo “Você É Linda”, composta e interpretada por Caetano Veloso, que já havia integrado as trilhas de Eu Prometo (1983/84), de Janete Clair, e Fera Ferida (1993/94), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, baseada na obra de Lima Barreto.
Após um impasse em torno do nome de Gisele Bündchen, a abertura da novela acabou contando com a presença da modelo Michelle Alves. É ela quem se exibe numa plataforma elevada, como se estivesse numa vitrine, para ser admirada pelos passantes de uma movimentada avenida da cidade de São Paulo, onde a novela se passava.
No primeiro capítulo, foram mostradas diversas modelos espalhadas por São Paulo com lingeries da marca Belíssima (na ficção), mote da primeira grande discussão de Bia e Júlia, cada uma com uma opinião a respeito da estratégia utilizada por Bia para divulgar a empresa – ainda que rendesse manifestações contrárias da sociedade civil, renderia também publicidade farta e gratuita, na visão dela.
Quando imaginou a trama central de Belíssima, Silvio de Abreu pensou numa mãe muito bonita, que oprimia a filha. Essa mãe seria interpretada por Sônia Braga, que com isso repetiria a relação de parentesco vivida com Glória Pires em Dancin’ Days (1978/79), de Gilberto Braga, e chegou-se a conversar com a atriz para tratar de sua participação na novela, impossibilitada por outros compromissos profissionais da eterna Gabriela. Com isso, o autor precisou modificar seus planos e converteu a mãe malvada em avó; foi aí que surgiu a personagem mais emblemática do enredo, Bia Falcão, interpretada por Fernanda Montenegro.
Ainda, seria com Stella (Sônia Braga), a sogra, que André (Marcello Antony) trairia a esposa Júlia (Glória Pires), mas devido à criação de Bia Falcão essa posição de adultério em família foi transferida para a filha da empresária, Érica (Letícia Birkheuer).
A certa altura da novela, Glória Pires se ausentou das gravações devido a uma meningite, e pela mesma época na história a personagem de Cláudia Abreu estava internada no hospital após sofrer um atentado na cadeia, onde estava por ter sido acusada de matar o marido. Uma situação já prevista pelo autor Silvio de Abreu – a internação de Júlia numa clínica para se restabelecer após o trauma de ver o carro onde a avó estava despencar num precipício – foi alongada além do planejado devido a essas circunstâncias. André se aproveita dessa internação também para dar prosseguimento a seu plano de se apossar do patrimônio de Júlia.
Os seguintes atores estrearam em novelas da emissora em Belíssima: Paola Oliveira, Bianca Comparato, Marcelo Médici, Letícia Birkheuer, Enrica Duncan, Juliana Kametani, Eduardo Hashimoto, Marcella Valente e Thomaz Veloso. Leona Cavalli, intérprete de Valdete, já havia participado meses antes de Começar de Novo (2004/05), de Antonio Calmon e Elizabeth Jhin, na qual viveu Lucrécia Borges (Eva Wilma) em flash-backs. Marina Ruy Barbosa, lançada oficialmente como Sabina, também havia participado da mesma novela.
Falando em flash-backs, os que explicaram algumas circunstâncias do passado de Júlia, que relembrava os pais e a morte deles, contaram com as vozes de Fernanda Torres, Adriana Esteves e Fábio Assunção dublando, respectivamente, Bia, Stella e Marcelo (pai de Júlia).
Os atores Tony Correia – atualmente no ar como Manoel em Orgulho e Paixão – e Graziella Moretto fizeram participações especiais na novela como Nuno e Madalena, os cônjuges de Safira e Cemil, respectivamente, que os abandonaram para fugirem juntos. Nuno era pai de Maria João (Bianca Comparato) e Madalena era mãe de Mateus (Cauã Reymond) e Soraya (Enrica Duncan).
Cacá Carvalho reviveu em Belíssima o personagem que havia interpretado em Torre de Babel (1998), também de Silvio de Abreu: Jamanta, que do ferro-velho de Agenor (Juca de Oliveira) em sua novela original passou a assistente do borracheiro Pascoal (Reynaldo Gianecchini). Na cena de seu casamento com Regina da Glória (Lívia Falcão), a empregada da casa de Murat (Lima Duarte), Jamanta é confrontado pela mulher Luzineide (Eliane Costa), com quem havia se casado na trama de Torre de Babel.
O nome de Regina da Glória era uma junção de homenagens às atrizes Regina Duarte e Glória Menezes, que protagonizaram um grande sucesso de Silvio de Abreu, Rainha da Sucata (1990). Glória também esteve em outras obras do autor.
A atriz Íris Bruzzi, que interpretou Guida Guevara, uma vedete dos tempos áureos que vivia uma relação de amor e ódio com Mary Montilla (Carmen Verônica), já havia interpretado uma vedete em outra novela do mesmo autor, Jogo da Vida (1981/82) e que também se chamava Guida – mas seu sobrenome era Rivera. A propósito: no último capítulo, diversas grandes vedetes da vida real, entre as quais Maria Pompeu, Esther Tarsitano, Anilza Leoni, Elisabeth Gasper, Lilian Fernandes, Marly Marley, Brigitte Blair e Eloína, participaram de um show especial dirigido por Carlos Manga (que também apareceu, vivendo a si mesmo) e escrito por Gigi.
Foi a vilã Bia Falcão que disse uma das frases que, sem que fosse um bordão seu, algum tempo depois marcou como se fosse, graças a um vídeo que viralizou na internet com um remix de música eletrônica aliada a falas marcantes de vilãs das telenovelas. “Pobreza pega! Pega feito sarna… Pega. Como um vírus. Entra pela pele, pela respiração. Eu controlo a minha respiração! Eu prendo a minha respiração sem querer… sem querer! Não toco em nada, pra não me contagiar. Nada”: a fala foi dita por Bia a seu advogado e comparsa Medeiros (Ítalo Rossi), ao se referir às condições em que a bisneta Sabina vivia, em sua opinião.
Durante a exibição da novela, o humorístico Casseta & Planeta Urgente satirizou-a sob o título Baleíssima.
Belíssima foi a terceira novela mais vista da década de 2000 na média geral dos números, tendo fechado em 48,5 pontos. É ultrapassada apenas por suas antecessoras imediatas, América (2005), de Glória Perez, a vice-líder, e Senhora do Destino (2004/05), de Aguinaldo Silva, a campeã. Poucos décimos separam as três novelas.
Laura Cardoso fez uma participação muito especial nos últimos capítulos, na pele de uma mulher humilde que detinha consigo a chave de um dos grandes segredos da história: quem era o filho (ou filha) que Bia e Murat tiveram e que a vilã entregou para a adoção.
Belíssima foi o último trabalho do ator Gianfrancesco Guarnieri, que faleceu em 21 de julho de 2006, duas semanas após o final da novela, cujos capítulos finais nem chegou a integrar, já internado para cuidados médicos. Mesmo assim seu personagem Peppe marcou presença no desfecho, numa cena em que Murat (Lima Duarte) telefona para ele. Guarnieri apareceu sempre sentado em cena, e seu cenário era o Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, localizado na região central de São Paulo.
Para divulgar a reapresentação da novela, diante dos números alcançados por Celebridade (considerados abaixo do esperado), a Globo reuniu vários atores do elenco de Belíssima num evento para a imprensa no dia 16 de maio, quarta-feira passada. Foi exibido para os jornalistas o primeiro capítulo e nomes como Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Irene Ravache, Paola Oliveira e Marina Ruy Barbosa falaram sobre seus personagens e a história.