Ex-Casseta, Claudio Manoel revela que o programa sofreu censura da Globo ao tentar fazer piada com Silvio Santos e Lula

Publicado em 28/04/2018

Convidado do programa Pânico, na rádio Jovem Pan, o humorista Cláudio Manoel, falou sobre os limites das piadas contadas no programa Casseta & Planeta Urgente, do qual fez parte durante quase duas décadas. Questionado por Amanda sobre as esquetes que fazia parodiando novelas, ele relembrou Chocolate Cumprimenta (paródia de novela Chocolate Com Pimenta, de 2003), onde um homem negro cumprimentava várias pessoas na rua: “Na época podia chamar negão de chocolate”.

“Na TV Aberta, na emissora líder, você tem que ter uma noção sobre quem está falando e quem está ofendendo também. Na época do TV Pirata foi um momento do país que se podia tudo. Com o tempo, primeiro foram as marcas que deram problema, por isso que criamos as Organizações Tabajara”, contou o humorista que poderá ser visto em breve na nova temporada do Procurando Casseta & Planeta, no Multishow.

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Claudio contou ainda que quando Silvio Santos foi sequestrado em 2001, os integrantes do programa fizeram roteiros sobre o caso, brincando com a situação e parodiando os programas do dono do SBT, mas as esquetes nunca foram ao ar devido ao apresentador ser de outra emissora, fato de desagradava os cassetas: “A gente até brigava lá: ‘A gente está se afastando do mundo. A gente não pode falar das coisas que existem, você vai ficando meio alheio’”.

Além da censura em relação a outros canais, ele afirmou que piadas sobre o Lula foram proibidas durante o governo dele, pois a Globo temia que o PT derrubasse a concessão federal que garantia o direito da emissora funcionar: ““A última foi pós-mensalão, para proteger o jornalismo, a gente começou a poder cada vez menos a ir para Brasília, teve esse tipo de caminhar. Depois do mensalão o Lula foi em rede nacional para pedir desculpas para dizer que foi enganado e que não sabia de nada. Ou seja, reconhecendo a existência do troço. Logo depois mudou: não existiu, foi invenção da mídia golpista”, iniciou.

“Quando isso aconteceu o pessoal foi contra a gente internamente, falando que ‘não pode dar mole, que o canal é concessão pública, que os caras [do PT] são malucos, olha a Venezuela, olha a Argentina, vocês querem ferrar com a gente’, então como uma forma de proteger o jornalismo que estava dando a cara a tapa, a gente passou cada vez a poder menos”, revelou ele.

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