Brilhando com O Outro Lado do Paraíso, Walcyr Carrasco fez última novela fora da Globo há quase 20 anos; relembre

Publicado em 10/12/2017

Quem vê Walcyr Carrasco acumulando sucessos na Globo nem se recorda tanto de suas novelas fora da emissora carioca. Os bons números de audiência de O Outro Lado do Paraíso não surpreendem, já que a sequência de grandes êxitos do escritor só aumenta.

Aparentemente, Walcyr tem o dom de tratar de assuntos que vão do batido ao novo e alcançar grandes resultados de audiência e repercussão. Suas comédias românticas e repletas de clichês, como Êta Mundo Bom, e os dramas polêmicos, como Verdades Secretas, são exemplos disso.

Veja também: Relembre os comerciais de TV que marcaram sua vida

E quando a novela não começa bem, ele apresenta uma qualidade invejável de virar o jogo, consertar os pontos negativos e aumentar todo o prestígio da sua obra. Foi assim com Sete Pecados e Morde & Assopra, ambas das 19h.

Antes de pertencer à maior emissora do país, ele já se mostrava um autor diferenciado e escreveu grandes produtos para a televisão brasileira. Xica da Silva, por exemplo, se tornou um clássico da teledramaturgia brasileira. Algo dificílimo de acontecer fora da Globo.

Porém, na coluna Vale a Pena, de hoje, o Observatório da Televisão relembra uma saudosa novela de Walcyr do período pré-Globo. A trama foi produzida e levada ao pelo SBT e praticamente carimbou o passaporte de Carrasco para a maior a produtora de novelas do país.

Fascinação, protagonizada por Clara (Regiane Alves) e Carlos Eduardo (Marcos Damigo) e antagonizada por Alexandre (Heitor Martinez) e Melânia (Glauce Graieb), é uma telenovela de roteiro original, com personagens muito bem definidos como bons ou maus, seguindo a cartilha clássica do folhetim francês.

Clara é uma moça de família pobre que se apaixonada pelo ricaço Carlos Eduardo. A mãe dele, Melânia, uma megera, não gostou nada do romance e, além de pisar com gosto na protagonista, deu um jeito de separar os pombinhos. Quer sentir o nível de tensão entre a mocinha e a vilã? Apenas assista.

Antes, porém, Carlos Eduardo pediu Clara em casamento, que, inocentemente, se entregou a ele, engravidou, e, então, o estrago já está feito. Capaz de tudo, Melânia contratou Alexandre para se passar pelo pai do bebê e acabar como respeito que o filho tinha por Clara.

Para piorar, inconformado, o pai de Clara a expulsou de casa, empurrando-a diretamente para as garras de Alexandre. O mau-caráter a levou para um bordel e a obrigou a se prostituir. Pobre Clara! Assista ao drama.

Nem no enterro do pai, Clara teve sossego: foi humilhada. Veja.

Um dos personagens-chave é Berenice (Samantha Monteiro). Ela é uma mulher milionária, que com um conselho de Germana, a governanta da mansão da família de Carlos Eduardo, virou alvo do interesse de Melânia, que deu um jeito de casar o filho com ela.

Berenice é influenciável e apaixonada. Perfeita para o golpe financeiro da vilã. Spoiler: Frágil, ela se afogou no próprio drama e morre. Relembre, abaixo, a cena em que ela descobre que foi manipulada o tempo todo.

Depois de muito sofrimento e uma estupenda resignação, Clara dá a volta por cima. E um desses momentos épicos dessa virada, é esse, aqui. Detalhe que, nesta cena, aparece Dona Querubina, feita pela inesquecível Lia de Aguiar.

Ambientada nos anos 30, a produção foi ao ar em 1998 com baixo investimento e alta expectativa do SBT. O objetivo era conta uma história simples e enfrentar Torre de Babel, da Globo, no horário das 20h50.

Para se ter uma ideia, a emissora de Silvio Santos arquitetou a grade de programação de modo a estrear Fascinação no mesmo dia do primeiro capítulo da novela concorrente.

Vale pontuar que os diretores do SBT não consideraram que a sua aposta para o horário nobre custava cinco vezes menos que a superprodução da Globo, que teve até um shopping center explodido.

Fascinação foi uma novela concebida para ser de baixo-custo, seguindo o modelo mexicano. Não havia sequer cidade cenográfica. A maior parte das cenas foi realizada em estúdio, o que na prática não atrapalhou os resultados da novela.

Naquela época, Silvio Santos, o dono do SBT, estava empolgado com os resultados das novelas da Televisa e com seu modelo de produção eficientemente barato e pronto para a exportação.

Como parâmetro do que significou o investimento financeiro em Fascinação, Chiquititas, produzida na mesma época, na Argentina, em parceria com a Telefe, custava pouco mais que o dobro por capítulo, R$ 45 mil.

Por conta disso, até mesmo a opção foi por uma trama romântica e menos sensualizada, como Xica da Silva, por exemplo. A ideia era seguir o “padrão Rosalinda”, com muito mais ternura e crença em um mundo perfeito de amor.

Toda essa economia, claro, culminou em longas jornadas de trabalho. Além degastar pouco, o SBT quis gravar tudo o mais rápido possível. As equipes técnica e artística passavam cerca de 12 horas por dia trancafiados nos estúdios da Anhanguera.

A novela subiu a audiência do SBT aos dois dígitos, com números melhores na reta final. Antes, o canal marcava metade do resultado de Fascinação com a exibição de telejornais. Não foi um sucesso epopeico, no entanto, sinalizou o caminho para garantir a vice-liderança no horário.

Para encerrar, a trilha sonora de Fascinação, primeira telenovela de Regiane Alves e Mariana Ximenes (Emília), chamou atenção já na abertura, com Nanna Caymmi interpretando Fascinação. Tem ainda Elis Regina (Carinhoso), Gal Costa (Inquietação), Elba Ramalho (La vie en rose) e Jair Rodrigues (Boa noite amor).

Relembre a bela abertura.

 

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade