A minissérie Capitu terminava há nove anos

Publicado em 13/12/2017

No dia 13 de dezembro de 2008, a Globo exibia o último capítulo da minissérie Capitu. Baseada em Dom Casmurro, de Machado de Assis, a série era a segunda obra do Projeto Quadrante, do diretor Luiz Fernando Carvalho, que consistia em levar à TV obras literárias que representassem diferentes regiões do Brasil.

A história é contada por Bentinho (Michel Melamed/César Cardadeiro), que, quando nasceu, foi prometido pela mãe Dona Glória (Eliane Giardini) à vida religiosa. Mas, ainda criança, Bentinho se apaixona pela sua vizinha e melhor amiga, a bela Capitu (Letícia Persiles/Maria Fernanda Cândido). Mesmo assim, o jovem segue para o seminário, onde conhece e se torna melhor amigo de Escobar (Pierre Baitelli) e, ajudado por José Dias (Antônio Karnewale), consegue deixar o seminário e se livrar da promessa da mãe. Bentinho, então, vai estudar fora e se torna advogado, conseguindo concretizar sua relação com Capitu. Enquanto isso, Escobar se casa com Sancha (Bellatrix Serra), e os casais passam a manter fortes laços de amizade.

Em um jantar, os quatro amigos combinam de viajar juntos para a Europa. No entanto, Escobar morre afogado no dia seguinte, frustrando os planos e instalando muitas dúvidas na cabeça de Bentinho. Isso porque ele passa a olhar Ezequiel, seu filho com Capitu, e enxergar nele traços do falecido amigo, alimentando a ideia de que era traído por Capitu e Escobar.

Capitu foi a segunda obra do Projeto Quadrante, de Luiz Fernando Carvalho, que queria levar a literatura nacional para a TV e aproveitar a mão-de-obra regional artística do país. A ideia era produzir quatro microsséries, cada uma representativa de uma região do Brasil, e todas gravadas “in loco”, aproveitando talentos locais. O Projeto Quadrante foi iniciado com A Pedra do Reino, de 2007, toda gravada em Taperoá, na Paraíba. As obras seguintes seriam Dom Casmurro (Rio de Janeiro – RJ), Dois Irmãos (Manaus – AM) e Dançar Tango em Porto Alegre (Porto Alegre – RS).

A adaptação de Dom Casmurro, então, tornou-se Capitu, a partir de uma adaptação realizada por Euclydes Marinho, com a colaboração de Daniel Piza, Luis Alberto de Abreu e Edna Palatnik, e redação final do próprio Luiz Fernando Carvalho. Como a obra de Machado de Assis retratava o Rio de Janeiro, toda a produção foi rodada na cidade, mais precisamente nas ruínas do antigo Automóvel Clube. A ideia era dar um tom de ópera, com um universo cenográfico criado a partir de papéis de jornal e material reciclado, além de ambientes desenhados em giz no chão. A obra também se destacou pela incrível trilha sonora, fazendo de “Elephant Gun”, da banda Beirut, um sucesso.

O elenco de Capitu passou por um intenso processo de imersão na obra de Machado de Assis. Durante dois meses, os atores e a equipe técnica se reuniram semanalmente e assistiram a palestras sobre a obra do autor, com os especialistas Sergio Paulo Rouanet, Daniel Piza, Maria Rita Kehl, Luiz Alberto Pinheiro de Freitas, Carlos Byington, Edmilson Martins Rodrigues e Gustavo Bernardo.

A série reuniu nomes conhecidos e, também, promoveu lançamentos. Entre os famosos, estava Maria Fernanda Cândido, que fazia a personagem-título na idade madura, e Eliane Giardini, como Dona Glória. Mas quem se destacou mesmo foi a Capitu jovem, vivida pela estreante Letícia Persiles, com um desempenho impressionante. Michel Melamed e Pierre Baitelli foram outros lançamentos da obra.

Com cinco capítulos exibido de terça a sábado, Capitu obteve um bom resultado de audiência, mesmo sendo um produto de grande caráter experimental, com média de 15 pontos no Ibope. Mesmo assim, depois da série, a Globo suspendeu o Projeto Quadrante. O projeto da microssérie Dois Irmãos só foi retomado anos depois, e a série foi ao ar no início de 2017. Não há planos para a realização de Dançar Tango em Porto Alegre.

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Reveja o primeiro capítulo de Capitu:

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