Reportagem de Domingo: O Balanço que balança a Globo

Publicado em 19/11/2017

Por muito tempo, era quase uma lei da população: depois dos desenhos da Globo – desde 2012, depois da Fátima Bernardes -, era hora de assistir as notícias da região no jornal da emissora local da Globo. Era quase como um ritual, algo automático para boa parte da população.

Nessa época, a programação em rede era bem mais priorizada do que os fatos locais, algo bem diferente do que ocorre na televisão dos Estados Unidos, onde os programas e a programação regional tem prioridade. Pode parecer até engraçado, ou inadmissível para uns, mas um programa de três horas, com uma versão em cada estado, e que mistura jornalismo com entretenimento, está mudando bem isso.

O Balanço Geral não é exatamente um programa novo, bem longe disso. Foi criado nos anos 1980, na Bahia, por Raimundo Varela, na então TV Itapoan – hoje, chamada de RecordTV Itapoan. Na época exibidora da programação do SBT, o programa ajudava a população com cestas básicas e era uma espécie de pequeno tribunal de causas populares.

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No fim do anos 90, o criador voltou para o canal quando o Grupo Record comprou a Itapoan e a transformou em uma de suas emissoras próprias pelo Brasil. Varela, já naquela época, virou líder de audiência. A boa ideia de misturar jornalismo de apelo popular começou a ganhar o Brasil em meados da década passada, por volta de 2004.

O mais famoso formato do Balanço Geral fora da Bahia foi o do Rio de Janeiro. Wagner Montes ficou tão popular, que virou o deputado estadual mais votado da história do estado fluminense. Hoje, o Balanço Geral virou uma marca nacional, mas ao mesmo tempo muito específica. Cada versão tem sua peculiaridade, de acordo com as necessidades e vontades do público daquela região.

Das 102 emissoras que retransmitem a programação do canal, 41 delas tem versões do programa – em alguns estados, existem também edições pela manhã. Outras duas delas são mostradas fora do Brasil, em países da África que falam língua portuguesa, através da Record Internacional – mais exatamente em Cabo Verde e Moçambique.

O fato é que, atualmente, das 15 metrópoles brasileiras que fazem parte do PNT (Painel Nacional de Televisão, que mede a audiência nacional das emissoras), em pelo menos 7 delas, o Balanço Geral tem conseguido vencer com alguma folga a Globo no seu horário em algum momento – a grande maioria dos programas vai ao ar das 12h às 15h.

Entendendo o sucesso
Tentar entender o êxito do Balanço Geral pelo Brasil é algo que precisa mais do que simples análise, é quase uma tese de doutorado. Em algumas regiões, o programa é o pico de audiência do dia – Salvador, Vitória, São Paulo (em alguns dias) e Belo Horizonte comprovam esta tese.

Isabele Benito no SBT Rio
Isabele Benito apresentadora do SBT Rio jornal é pedra no sapato do Balanço Geral RJ Divulgação

No entanto, o saudoso Nelson Rodrigues já dizia: “Toda unanimidade é burra”. E o Balanço não foge à regra. Em Recife, por exemplo, a TV Jornal/SBT consegue atingir a liderança do horário com Cardinot, ex-apresentador policial que tinha jeitão de brucutu, e há um ano, decidiu ficar mais leve. Com um programa chamado Por Dentro, Cardinot agora dá até receitas e escolhe os melhores pratos da cidade.

No Rio de Janeiro, onde o programa tinha Wagner Montes como um grande expoente, existem problemas. O SBT Rio, comandado por Isabele Benito, tem conseguido fazer uma frente equilibrada, segurando o jornal e tendo a vice-liderança de Ibope. Recentemente, o sucesso fez com que o jornal fosse esticado, Benito ganhou um programa de entretenimento aos sábados, e sua contratação voltou a ser falada pela RecordTV – ela já foi sondada algumas vezes antes desde que assumiu o telejornal, em 2013.

Um diretor importante do SBT, ouvido pela reportagem do Observatório da Televisão, mas que pediu para não ser identificado, afirma que o grande trunfo da RecordTV é ser forte em dois horários, às 7h e às 13h: “No horário do Praça no Ar e do Balanço Geral, principalmente, eles são muito fortes em todo o Brasil. O segredo pro SBT é segurar esse horário. Se eu tivesse um poder de investir em todo o Brasil numa faixa, seria por ali”.

Todavia, enquanto as emissoras ligadas à rede de Silvio Santos ainda não se movimentam, o Balanço Geral tem olhado mais pra cima, e muitas vezes não vê ninguém na sua frente. Em alguns lugares, a RecordTV tem se aproveitado da falta de estrutura das emissoras Globo. Em Salvador, por exemplo, a Rede Bahia/Globo vive uma crise financeira terrível, que causou demissões e até mesmo o fim da rádio CBN na cidade, que era mantida por ela.

Em Belém, a TV Liberal está vivendo uma disputa interna forte entre os acionistas, envolvendo até mesmo acusações sobre desvio de dinheiro. Enquanto isso, a Liberal sofre: das emissoras do PNT, o canal é o único que ainda não tem seu jornalismo produzindo em alta definição, algo em que as concorrentes já estão bem na frente.

Mas o segredo mesmo é a linguagem popular e coloquial do Balanço Geral. Em sua maioria, os apresentadores apresentam o jornal em pé, com roupa formal, mas bem leve. Muitos tem sotaque carregado da região – é o caso de Mauro Tramonte, do Balanço Geral de Minas Gerais. O público se identifica, se vê e gosta do que assiste.

Além disso, o programa ainda criou uma franquia dentro da franquia: o quadro A Hora da Venenosa. Geralmente comandado por uma jornalista mulher, que alia beleza e malícia ao comentar a vida dos famosos, o quadro enfrenta o Vídeo Show, da Globo, por volta das 14h. É líder em praticamente todas as praças em que vai ao ar. A expoente é Fabíola Reipert, do Balanço Geral São Paulo, mas outras já se destacam, como Poliana Rozado, de Belo Horizonte, e Sabrinna Albert, de Brasília.

Cidade por cidade, como é o Balanço Geral campeão de audiência
Atualmente, são sete as cidades onde o programa é campeão e vence a Globo com larga vantagem em algum momento das três horas de atração: São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Belém, Brasília, Goiânia e Vitória.

Cada um tem sua particularidade. Uns preferem um tom mais leve e apostam muito na interatividade. Outros, com mais serviço. Alguns com mais polícia. Entretanto, cada um tem sua característica. É uma franquia nacional, mas que fala a língua do local onde ele está no ar.

A reportagem falou com cada um dos apresentadores destas sete versões e tentou entender porque eles são tão bem aceitos assim pela população e fizeram a música-tema falar a verdade: “Na hora do almoço, põe no Balanço Geral”.

São Paulo“vem, vem, vem!”
Por ser a maior metrópole do Brasil, logicamente o Balanço Geral São Paulo é o que mais aparece na mídia. Mas não é só por isso. O programa marca médias de 8 pontos de Ibope, com liderança mais que certa entre 14h e 15h, no confronto com o Vídeo Show.

Reinaldo Gottino
Reinaldo Gottino intocável no Balanço Geral de São Paulo Divulgação

Âncora do programa desde 2014, Reinaldo Gottino chegou nele de surpresa: substituiu Luiz Bacci, que à época aceitou um contrato oferecido pela Band. Pra muitos, seria um substituto. Seria. Virou titular absoluto e irretocável. Hoje, comanda a atração com tranquilidade, apostando bastante na leveza, e com interatividade – todos os dias, pelo Instagram, pergunta aos telespectadores o que eles acharam de melhor ou pior.

“Eu acho que o Balanço Geral de São Paulo alcança a liderança porque ele se envolveu numa relação com o telespectador dele achar que fazemos parte da família dele. Rolou uma química muito forte com o pessoal que está em casa com os apresentadores. Ela veio devagarzinho, crescendo, crescendo e chegou onde está”, diz Gottino para a reportagem.

Mesmo com o bom número, Gottino sabe que o programa tem margem para melhorar ainda mais e diz que a realidade, mesmo boa, terá mais ganhos com o tempo: “Se a gente ficar mais uns três anos no ar, você vai ver onde nós vamos parar. Acho que é um projeto para o futuro ainda. A realidade do Balanço não é essa ainda, ainda tem muito mais pra crescer”.

A questão da Simba, claro, foi citada, já que em São Paulo, a RecordTV ficou fora das operadoras por alguns meses. “Prejudicou todo mundo, mas estamos retomando. Agora é retomar”, completa o apresentador. O retorno das ruas também lhe chama a atenção: “As pessoas me falam muito que fazem alguma coisa sempre depois do programa. Isso é muito forte. O retorno das ruas está sendo muito legal. As pessoas estão considerando a gente parte da família. Isso não tem preço”.

Belo Horizonte“Se você tá na forgança, macetô! Balança!”
Você já ouviu a palavra macetô? Se você é de fora de Belo Horizonte, certamente não. A popularidade de Mauro Tramonte na capital de Minas Gerais é tanta que ele acabou introduzindo uma nova palavra para o vocabulário mineirês – forgança e macetô são ditas de crianças até idosos.

Mauro Tramonte
Mauro Tramonte criou novas expressões e virou uma patrimônio de Minas Gerais ReproduçãoRecordTV

Mauro Tramonte está há quase dez anos na apresentação da versão mineira do programa e dos citados aqui, é o que tem audiência mais regular. Em BH, o Balanço marca entre 10 e 12 pontos de Ibope, e não raramente, vence a Globo de ponta a ponta das 12h às 15h. Sempre que o Globo Esporte começa, a liderança do programa é certa.

A popularidade de Tramonte é tanta que ele pode ser mais uma figura da televisão que aproveita a exposição diária do vídeo para se candidatar para cargos públicos. Filiado ao PRB desde o mês passado, Tramonte ainda não sabe se vai às urnas, mas diz que quer ajudar mais o seu povo de Minas Gerais.

“Estou à disposição do partido. Se eles acharem que devo sair, vou sair, se não, vou continuar no partido do mesmo jeito. Caso eu saia, e caso eu vença, a proposta é a seguinte: do jeito que nós ajudamos as pessoas e fazemos as cobranças, seja na saúde, na segurança, no saneamento básico, o que seja, eu posso cobrar mais estando no patamar político dos Governos, tanto estadual, quanto federal”, comenta Tramonte à reportagem.

Sobre o sucesso e qual seria explicação de estar tanto tempo com bom Ibope, ele diz que o sucesso se dá por conta da linguagem: “Nós transmitimos as notícias sem sensacionalismo, do jeito que ela acontece. É o jeito de se fazer o programa. Algumas vezes, ele se torna um programa muito mais pesado do que se parece. Então, é saber levar tudo direitinho, falar a linguagem dos mineiros, do jeito que o povo entende, não enganar ninguém, ser simpático. Eu falo que o programa não pertence à RecordTV, pertence ao povo. É apresentar com simplicidade, não fazendo chacota com as pessoas, levando tudo que interessa “.

Andar na rua? Passear? Pra Tramonte, impossível: “Eu já não consigo mais andar aqui. Por onde eu vou, as pessoas conversam comigo, querem tirar foto, me convidam para muitas coisas. A receptividade é muito grande. As pessoas ficam felizes quando me veem e explanam muito isso”.

Salvador“Se liga, Bocão!”
Um velho ditado diz que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Bom, a máxima já foi desmentida pela ciência em estudos recentes, mas mesmo se não fosse, José Eduardo faria ela cair por terra.

Zé Eduardo Bocão
José Eduardo o Bocão virou fenômeno de audiência pela segunda vez após se reinventar Divulgação

Pela segunda vez, José Eduardo – mas você pode chamar de Bocão, que ele atende da mesma forma – virou um fenômeno de audiência. No ano de 2008, ele chegou à RecordTV Itapoan, vindo da concorrente TV Aratu/SBT depois de chegar a liderar a audiência e vencer nada mais nada menos que Raimundo Varela, criador do Balanço Geral.

Com o Se Liga Bocão, ele chegou a incríveis picos de 33 pontos de audiência. Era um programa policial nu e cru, além de ter um forte apelo assistencialista – José Eduardo resolvia problemas de vizinhos, ajudava uma pessoa a trazer a amada de volta e dava até casamentos.

Mas o tempo passou, a fórmula desgastou, e a RecordTV notou que o problema não era exatamente o apresentador, e sim o conteúdo. Depois de uma pesquisa de opinião com o público, Bocão mudou. Saíram as roupas esportivas, entraram um homem com vestimenta alinhada e paletó, mas informal.

Bocão virou José Eduardo, e mudou até visualmente: numa dieta recente, ele perdeu quase 20 quilos. Mas o que importa é que a sua reinvenção trouxe o seu público de volta. Hoje, na média, ele é a maior audiência da RecordTV no horário em que vai ao ar – ele é líder isolado das 12h às 15h há pouco mais de um ano. No fim de agosto, uma marca impressionante: o Balanço Geral BA marcou pico de 28 pontos de audiência em Salvador e Região Metropolitana.

O segredo para Zé Eduardo é mostrar o que acontece do bairro mais rico ao mais pobre: “Olha, na realidade, o formato é feito através de pautas que vem da rua. Vem do povo tudo isso. Transformamos a realidade dele em matérias e o resultado é o povo de todas as classes sociais na TV”.

Perguntado sobre o que faria para se fosse executivo da Globo, já que a situação de sua cidade parece quase irreversível para a Rede Bahia/Globo, José Eduardo manda uma dica: trabalhar dobrado. “Se eu fosse executivo, trabalharia dobrado pra descobrir a fórmula que deu certo nos BGs. Mesmo porque, o segredo é trabalho 24 horas”, completa.

Vitória“Cadê você, menino? Cadê você, menina?”
Um maluco. Calma, não estou xingando Amaro Neto, apresentador da versão do Espírito Santo do Balanço Geral. É que quem vê de longe, pensa que ele realmente não tem um parafuso no lugar. Mas por trás do brincalhão do jornal, tem um jornalista mais focado do que se imagina.

Amaro Neto: jeito amalucado ganhou redes sociais e quase virou prefeito
Amaro Neto jeito amalucado ganhou redes sociais e quase virou prefeito DivulgaçãoTV Vitória

Amaro Neto tem três ciclos na apresentação do Balanço capixaba. O primeiro vai de 2009 até 2011, quando ele estreou junto com o programa. O sucesso nas redes sociais veio depois de uma zoeira inacreditável: Amaro imitou uma rave ao anunciar uma apreensão de ecstasy.

Nesse período, ele acabou aceitando uma proposta da Band Minas Gerais e foi para a versão local do Brasil Urgente no fim da tarde. Três anos depois, ele acabou voltando para a sua terra, mas antes ele acabou decidindo entrar na política. Foi um sucesso: virou o deputado estadual mais votado do estado.

Quando voltou das eleições, Amaro conseguiu uma grande explosão, tanto de audiência, como de popularidade nas redes sociais. Seus vídeos fazendo zoeira viralizaram. O mais visto é um onde ele improvisa um funk, como os MCs. Com a popularidade crescente, Amaro tentou ser prefeito de Vitória em 2016. Foi até o segundo turno, mas perdeu para Luciano Rezende, do PPS.

“Nunca pensei entrar na vida pública, mas quando tava em BH vi que era mais útil no ES que em Minas, pensei como poderia ajudar e fui convencido a entrar e disputar a vaga de deputado. Fui o mais votado. Quanto a prefeito, a população pediu a minha contribuição e vi que os postulantes não eram nomes que gostava e votaria. Portanto entrei de cabeça e a cada caminhada, pedido de médico, emprego, merenda para filha na escola, eu me preparava ainda mais para os debates e para administrar a capital. Mas os planos de Deus são maiores que os meus”, afirma Amaro.

Para ele, o sucesso é o hábito. Praticamente no mesmo horário desde 2009, o Balanço Geral ES foi ganhando maturidade aos poucos para ganhar das concorrentes. Na última semana, conseguiu a maior audiência neste ano da RecordTV em todo o Brasil, com picos acima dos 30 pontos de Ibope na Grande Vitória.

“O BG faz muito sucesso pois mostra o que o capixaba quer ver na TV, no horário do almoço é fala sua linguagem. E acredito que TV é hábito, assim como no rádio. Desde 2009 o BG segue essa linha, mas ganhou maturidade para concorrer com ESTV e Tribuna Notícias. O telespectador nos acompanha desde o dia 1 de junho de 2009, primeiro as 12h45, em seguida 12h30 e agora 12 horas”, completa.

Belém“Pimenta neles!”

Marcus Pimenta: da bancada para o modo popular (Reprodução/RecordTV)
Marcus Pimenta da bancada para o modo popular ReproduçãoRecordTV

De todos os apresentadores citados nesta matéria, Marcus Pimenta é o que comanda uma versão do Balanço Geral há menos tempo. Apresentador do Balanço Geral PA desde o fim de setembro, Pimenta já consegue a liderança com tranquilidade, chegando a picos de 17 pontos de Ibope.

A história do baiano em Belém é muito curiosa. Antes de ir se aventurar no Pará, ele foi apresentador da RecordTV Itapoan em Salvador, numa função bem diferente do que faz hoje: jornal de bancada, bem mais sério e de paletó. No meio de 2012, ele foi dispensado do canal. Mas o destino fez ele ficar na mesma emissora, só que em outro estado.

Em setembro de 2013, ele assumiu o Cidade Alerta Pará e foi evoluindo. Começou um pouco tímido, mas criou empatia com o público, e na reformulação do novo Balanço Geral PA em setembro, assumiu o programa.

Para Pimenta, a grande diferencial do Balanço Geral por lá é a cobertura de polícia, algo que a população de Belém aceita muito: “O público aqui do Pará, e a gente já viu em números de Ibope, em pesquisa, que o povo aceita muito polícia. O público aceita muito bem quando tem um programa policial e comunitário. Quando cheguei no Balanço, tentei fazer algo mais leve, mas o público não viu da mesma forma”.

Pimenta reforça que a concorrência no Pará é muito forte: “Aqui o SBT não é muito forte localmente, mas tem o Chaves que é forte. A RBA/Band tem programas policias fortíssimos no horário, e tem a TV Liberal/Globo. A gente teve que cortar um pouco a Venenosa, colocando pras 14h30, porque nesse horário ela já fecha com uma boa audiência, na casa dos 12 ou 13 pontos. O segredo aqui é o povo que gosta bem da polícia, mas é aquele policial bem feito, sem ser policialesco, sensacionalismo”.

Brasília“Sou de Brasília, sou da Record”
Fred Linhares vem de uma família de comunicadores de rádio. Ele é filho de Sívio Linhares, radialista e ex-deputado distrital bastante conhecido em Brasília, e que faleceu no ano de 2011. Quando o pai faleceu, Fred prometeu que manteria o legado de comunicação do próprio. Prometeu, e no fim das contas, cumpriu com sobras.

Balanço Geral DF lidera por 49 minutos em estreia do novo apresentador Fred Linhares
Fred Linhares prometeu e manteve legado do pai comunicador DivulgaçãoRecordTV

Fred começou a se destacar na televisão em novembro de 2011, quando estreou o programa policial DF Alerta, a TV Brasília, afiliada da RedeTV! na capital federal. A emissora tem bom alcance e deu ótima visibilidade para Fred. Em um ano, o programa já era segundo lugar no Ibope e chegou a ser líder – algo incrível se tratando de uma afiliada da quinta maior emissora do Brasil.

Mas Fred, de certa forma, queria mais. E quando assumiu o Balanço Geral DF, em fevereiro deste ano, pegou uma responsa grande. Foi Fred que substituiu Marcão do Povo, que saiu do programa por conta da famigerada polêmica com a cantora Ludmilla. Mas ele não sentiu nada disso, porque segundo o próprio Fred, ele galgava a chance: “Eu sempre galgava o Balanço Geral, era um sonho meu, porque eu não poderia falar somente de polícia. E também a audiência, que é muito grande. Eu aceitei o convite por conta do desafio, para poder falar que não falo só de Polícia, para atingir todos os públicos. Entrei, por coincidência, naquela treta toda com o Marcão, mas entrei bem. Por eu ser daqui, da cidade e tudo mais, ajudou muito”.

Para ele, o sucesso da versão candanga é estar bem próximo da população: “Eu sou nascido e criado em Brasília, eu conheço cada canto da cidade, conheço todas as demandas da população, e eu vim junto com o público cobrando da Polícia, da Secretaria de Segurança Pública, da Saúde, e tudo. Com essa minha proximidade com a cidade – eles mostram as ruas pelo helicóptero e eu sei cada logradouro -, acho que o público aceitou bem”.

Goiânia“Jornalismo verdade, doa a quem doer!”
No centrão do Brasil, um caso curioso. As três principais emissoras do Brasil lutam praticamente em todos os horários pela liderança de audiência. O Balanço Geral GO, por conta disso, acaba sendo um reflexo disso. Entre os seus quadros, estão um com um humorista fixo, indo até divulgação de bichos perdidos, passando até pelo clássico exame de DNA.

Oloares Ferreira de DNA até quadro pet está sempre perto da audiência ReproduçãoRecordTV

“Nós temos o Prato Feito, onde nós ensinamos um prato de comida; o Emprego Geral, onde nós damos dicas de emprego, temos o quadro de esporte que dura 20 minutos… Levamos serviço, tentamos nos aproximar. O Balanço Geral Goiás não é mais aquele programa policialesco. Não é um jornal focado em tragédia ou desgraça. Polícia nós colocamos quando o fato é mesmo importante. Só o bandido preso, nós não colocamos mais”, explica Oloares Ferreira, apresentador da versão goiana do programa.

De todos os âncoras que citamos aqui, ele é o que mais sai para fazer matérias de rua. Quase diariamente, Oloares faz reportagens com demandas da população de Goiânia. São 17 anos na mesma emissora, e isso também ajuda muito na empatia com o público.

“Eu acho que tem tempos de internet, o telespectador entendeu que ele não quer apenas um apresentador, ele quer um ser humano levando notícia. Hoje, ele leva muito em consideração a vida pessoal. Eu uso muito as redes sociais. Eu mostro muito fotos na academia, e passo dicas para os meus telespectadores, além de falar na televisão. O público quer mais que um apresentador, ele quer um amigo, que seja igual a ele”, analisa Oloares.

Por fim, Oloares cita um respaldo grande que tem junto à direção da emissora para falar o que quer, na hora que quer, quando quer, algo que a Globo não tem, na teoria. “Quando eu compro uma briga aqui com autoridades, secretários de Estado, vereadores, prefeitos, secretários municipais, eu tenho respaldo da direção da TV. O diretor Luciano Ribeiro Neto ele segura muitas broncas. Já foram várias vezes pedir minha cabeça, e ele sempre responde que eu tenho carta branca. Na Globo, isso não tem. Eles tem medo de perder o emprego, de serem repreendidos. O suporte que eu tenho da direção me faz denunciar um prefeito, um vereador, um caso de corrupção sério”, finaliza.

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