Eu Prometo: há 35 anos, estreava a última novela de Janete Clair

Publicado em 19/09/2018

No dia 19 de setembro de 1983, a Rede Globo estreou a novela Eu Prometo, de Janete Clair. Na ocasião, a emissora retomou o horário das 22h para o gênero. Isso não ocorria com produções inéditas desde o final de Sinal de Alerta, de Dias Gomes, em janeiro de 1979.

Há 93 anos nascia Janete Clair, a senhora dos sonhos às oito

A trama de Eu Prometo, mais uma novela de Janete Clair

O personagem principal era Lucas Cantomaia (Francisco Cuoco), deputado que almeja uma vaga no Senado. Sua maior plataforma política é a reabilitação de presidiários. No entanto, um de seus irmãos, Justo (Marcos Paulo), é um bandido revoltado em virtude da morte do outro irmão, Jairo (Carlos Vereza).

Lucas Cantomaia (Francisco Cuoco) e sua família em Eu Prometo
Lucas Cantomaia Francisco Cuoco e sua família em Eu Prometo CedocGlobo

Lucas é casado com Darlene (Dina Sfat) e tem com ela três filhas. Dayse (Fernanda Torres), Adriana (Júlia Lemmertz) e Dóris (Malu Mader) têm conflitos típicos da juventude. Mas especialmente a mais velha apresenta problemas, manipulando as pessoas à sua volta com sua instabilidade psicológica. Um assessor de Lucas, Albano Morais (Ney Latorraca), exerce domínio e influência sobre ela.

O casamento de Lucas e Darlene não é feliz, mas ele precisa manter a imagem de “homem perfeito” para ter êxito nas urnas. No entanto, sua vida começa a mudar quando ele conhece Kely (Renée de Vielmond). Fotógrafa, jovem, bonita, ousada, ela fascina o deputado. Os dois se apaixonam perdidamente. Só que Lucas tem, além de Darlene, um inimigo impiedoso: Horácio Ragner (Walmor Chagas), o rival na política.

https://www.youtube.com/watch?v=WB01Q__l5bA

Outros personagens de destaque de Eu Prometo

Janete Clair criou alguns núcleos familiares que entrelaçava na história da novela. Além dos Cantomaia e dos Ragner, havia os Romani, família de Kely; e os Serra Jardim. O ex-marido de Kely, Conrado (Kadu Moliterno), de início cria algumas dificuldades, mas acaba por se envolver com Adriana. O irmão da moça, Roque (Ewerton de Castro), é um antigo namorado de Estela (Nina de Pádua), atual namorada de Justo.

Antenor Serra Jardim (Rogério Fróes) é o superintendente da cadeia de bancos Cantomaia, cuja esposa Tarsila (Rosamaria Murtinho) anteriormente fora sua empregada. Ela não o acompanhou na escalada social, diante de sua grande vocação, que é servir. O filho deles, Serrinha (Ernesto Piccolo), namora Dóris.

Outro personagem a ser destacado é João Carlos, o Joca (Fúlvio Stefanini), outro assessor do deputado Lucas. Embora namore Helô (Joana Fomm) ele não pensa em se casar. Resolve ter um filho, e adota Tetê (Inês Galvão), menor de rua, acreditando ser um garoto. Joca, Helô e Tetê acabam formando um triângulo amoroso.

Os 35 anos de uma novela de grande sucesso da qual o próprio autor não gosta

Os bastidores da retomada do horário das 22h para novelas com Janete Clair

Janete Clair
Janete Clair Divulgação

Como de hábito, Janete Clair estrearia em 1983 mais uma novela das 20h. Neste horário, a autora já havia brindado os espectadores com histórias que marcaram época. Entre elas, Irmãos Coragem (1970/71), Selva de Pedra (1972/73) e O Astro (1977/78). No entanto, seu estado de saúde já inspirava cuidados. Janete havia descoberto um câncer no intestino alguns anos antes, e chegado a delegar a Silvio de Abreu a redação de cerca de 40 capítulos de Sétimo Sentido (1982).

No início do mesmo ano de 1983, o horário das 20h havia passado por verdadeira crise ante a morte do ator Jardel Filho. O protagonista de Sol de Verão, de Manoel Carlos, faleceu com a novela a três meses do desfecho. O fato levou a emissora a encurtá-la e colocar no lugar uma reprise de O Casarão (1976), de Lauro César Muniz, como tapa-buraco. Além de antecipar o quanto foi possível o lançamento da sucessora Louco Amor, de Gilberto Braga.

Um afastamento do autor da novela das 20h por motivo de saúde, ou um falecimento, na hipótese menos otimista, era algo com que a Globo não queria ter de lidar tão cedo. E infelizmente com Janete a chance de ter de se afastar da escrita dos capítulos foi tomada como possível. Assim, a emissora ofereceu a ela a chance de ter uma novela no ar como gostaria, mas no horário das 22h, que exigiria menos dela. Eram só cinco capítulos por semana, ao contrário dos habituais seis, além de menos tempo no ar em cada um deles.

Dessa maneira, a Globo reforçava o horário nobre, ameaçado pela concorrência. As duas novas redes lançadas pouco antes, SBT e Manchete, já começavam a comer pelas beiradas da grade global.

Após a morte de Janete Clair, os rumos de Eu Prometo

Janete Clair trabalhou nos capítulos de Eu Prometo até falecer, em 16 de novembro de 1983. Glória Perez, que colaborou com ela desde o início dos trabalhos, ficou responsável por levar a novela até o final. E contou para isso com o apoio de Dias Gomes, viúvo de Janete.

Lucas acaba sabendo que não é pai biológico de Adriana, fruto de uma traição de Darlene. Todavia, para não ver a jovem sofrer, ele pede a Darlene que diga que tudo não passou de uma invenção para magoá-lo. Aliada a diversos fatores, a circunstância favorece o abandono da vida pública pelo deputado, e também o fim do casamento. Ele decide ser feliz ao lado de Kely, com quem termina a história, claro. A vaga na disputa do Senado pelo fictício Partido Liberal Democrático (PLD) sobra para o ambicioso Albano. Horácio Ragner, por sua vez, engata um romance com Darlene – ainda que esta não supere o amor que sente por Lucas.

Infelizmente, Eu Prometo não teve substituta na faixa das 22h, que voltou a ser ocupada por minisséries nacionais e estrangeiras e outros programas da linha de shows. O último capítulo (a saber, de número 110) foi ao ar em 17 de fevereiro de 1984. A direção coube a Dennis Carvalho, Luiz Antônio Piá e Denise Saraceni, com supervisão de Paulo Ubiratan.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade