Há 10 anos, CQC estreava no Brasil

Publicado em 23/03/2018

Há 10 anos, a Band lançava um dos mais importantes programas de sua história recente. A emissora apresentava a versão nacional do CQC – Caiga Quien Caiga, mistura de programa jornalístico e humorístico criado na televisão argentina no ano de 1995 por Mario Pergolini e Diego Guebel. No Brasil, o programa foi rebatizado como Custe o que Custar, mantendo a sigla CQC, e estreou no dia 17 de março de 2008.

CQC estreou em meio a uma série de lançamentos que a Band fazia naquele ano de 2008, que reformulou sua linha de shows. Exibida nas noites de segunda-feira, a atração era apresentada ao vivo, de uma bancada formada por Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque. Diante de uma plateia, o trio, comandado por Tas, chamava matérias e comentava as informações apresentadas, sempre com muita ironia e humor. Pela proposta jornalística bem-humorada, a atração usava o slogan “seu resumo semanal de notícias”.

O espírito do programa era tratar dos assuntos da semana de maneira diferente do jornalismo convencional. Por isso, seus repórteres, todos de terno preto e óculos escuros, assumiam não apenas a posição de repórter, mas também de humoristas, fazendo perguntas inusitadas para seus entrevistados. Normalmente, cada repórter atendia por uma editoria, e era comum Rafael Cortez entrevistar celebridades em festas, enquanto Felipe Andreoli cobria os assuntos esportivos. Enquanto isso, Oscar Filho fazia matérias gerais e Danilo Gentili se dividia entre a cobertura política e seu primeiro quadro no programa, o divertido Repórter Inexperiente. Já Rafinha Bastos saía da bancada para trazer denúncias no Proteste Já. O programa realizava ainda quadros de entretenimento, como o CQTeste, com Rafael Cortez, e o impagável Top Five, que trazia cinco cenas inusitadas da televisão brasileira exibidas naquela semana.

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Tudo no CQC era tratado com humor, até assuntos mais sérios. Suas reportagens se caracterizavam não apenas pela postura mais “solta” de seus repórteres, mas também pela edição ágil e pelos efeitos sonoros e visuais inseridos ao longo da matéria. Por conta da irreverência, CQC assumiu um tom crítico que agradou em cheio o espectador, mas que irritou muita gente, sobretudo a classe política. Os repórteres do programa chegaram a ser proibidos de entrar no Congresso Federal, numa resolução que teve ampla repercussão.

Por conta disso, CQC caiu nas graças do público e da crítica. A atração se tornou uma das maiores audiências da Band, além de ter colecionado prêmios de melhor programa. Muitos compararam o CQC ao Pânico, por conta do humor de seus repórteres, mas a proposta do CQC sempre teve um pé mais fincado no jornalismo, enquanto o Pânico já era mais entretenimento puro.

Com o sucesso, o programa foi mudando ao longo dos anos. Em seu segundo ano, o CQC promoveu uma espécie de reality show para escolher um novo repórter. A escolhida foi Monica Iozzi, que se tornou a primeira mulher do programa e fez muito sucesso em suas matérias sobre política. Já outros integrantes começaram a ensaiar seus voos solo, como Marco Luque, que apresentou O Formigueiro, ou Danilo Gentili, que se lançou no talk show Agora É Tarde. Felipe Andreoli também acumulou sua função de repórter do CQC com o programa esportivo Deu Olé, nas tardes de sábado, e Rafinha Bastos passou a dar expediente também em A Liga. Já Rafael Cortez deixou o programa de mudança para a Record, voltando anos depois. Aos poucos, outros repórteres foram sendo incorporados, como Maurício Meirelles, Ronald Rios, Guga Noblat, Naty Graciano e Lucas Salles.

A bancada também mudou. Rafinha Bastos acabou afastado da atração ao fazer uma piada envolvendo Wanessa Camargo. Inicialmente, foi substituído por um rodízio de repórteres; depois, Oscar Filho assumiu o posto. Apesar de a piada de Rafinha ter pegado mal, pegou mal também a maneira como ele foi afastado da atração, expondo que a tão apregoada liberdade editorial do CQC não era assim tão livre.

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Oriunda da extinta MTV Brasil, onde fazia sucesso com o Furo MTV, Dani Calabresa passou a fazer parte do time do CQC em 2013. Na época, ela foi lançada como a comandante de um quadro específico, que fazia um resumo engraçado da semana. Mas o novo quadro não vingou, e Dani passou a fazer outras matérias, e se destacou mesmo no comando do quadro da Máquina da Verdade. No ano seguinte, foi convidada para assumir a bancada na vaga de Oscar Filho. Ficou ali até o final de 2014, quando migrou para a Globo.

Nesta fase, CQC já havia perdido muito de sua essência, ficando menos crítico e debochado. Isso influiu em sua audiência, que entrou em queda livre. Numa tentativa de estancar a perda de público, a Band promoveu uma reforma geral no programa. Assim, a temporada de 2015 ganhou uma nova bancada, formada por Dan Stulbach, Rafael Cortez e Marco Luque. Nas reportagens, Mauricio Meirelles, Lucas Salles, Juliano Dip e Erick Krominski. Mas o programa não se reergueu. Assim, no final daquele mesmo ano, a Band anunciou que o CQC entraria num “ano sabático”, e retornaria apenas em 2017. Mas o tal retorno jamais aconteceu.

O CQC não foi um programa importante para a Band apenas pela boa audiência, repercussão, faturamento e prêmios. Foi a partir da atração que o canal estreitou relações com a Eyeworks Cuatro Cabezas (que, depois, se tornaria apenas Eyeworks), de Diego Guebel, dona do formato do CQC, que passou a fornecer outros formatos para a Band, além de entrar como produtora de outros programas. Com a parceria, a Band exibiu outras atrações bem-sucedidas, como A Liga, E-24 e Polícia 24 Horas, além de ter concebido junto o Agora É Tarde. Mais adiante, Diego Guebel se tornou diretor artístico da emissora, cargo que ocupou até o ano passado.

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Reveja o quadro Top Five, um dos quadros mais famosos do CQC:

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