25 anos de O Mapa da Mina, última novela de Cassiano Gabus Mendes

Publicado em 29/03/2018

Em 29 de março de 1993, a Rede Globo lançava em seu horário das 19h mais uma novela de Cassiano Gabus Mendes, que se consagrou na faixa com diversas histórias leves, românticas e divertidas – a exemplo de Locomotivas (1977), Marron Glacé (1979/80), Elas por Elas (1982) e Ti-ti-ti (1985/86), entre outras. Escrita também por Maria Adelaide Amaral, Gugu Keller e Walkiria Portelo, O Mapa da Mina entrelaçava seus núcleos através da busca por uma fortuna em diamantes, que fora escondida por Ivo Simeoni (Paulo José). O mapa que dá a direção das pedras preciosas foi tatuado pouco acima das nádegas de uma menina, que oito anos depois do roubo, quando a história se passa, já é uma moça feita, muito bonita e que vive num convento – Elisa (Carla Marins).

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Ao sair da prisão, onde foi parar após esconder as pedras e tatuar o mapa em Elisa, Ivo morre após ser atropelado. Mas antes consegue contar a história a seu filho Rodrigo (Cássio Gabus Mendes), que resolve encontrar o tesouro, e enquanto se divide entre o amor de Elisa, que deixa a vida religiosa, e o de Wanda (Malu Mader), a maior “periguete” do bairro, enfrenta a concorrência de muitos outros interessados na fortuna.

Um dos maiores é o industrial falido Rodolfo Torres de Almeida (Mauro Mendonça), que foi um dos integrantes da quadrilha que roubou os diamantes, junto com Ivo. Na ocasião, ele escapou da prisão ao fugir do local do crime, o Uruguai, para a Argentina, conseguindo retornar ao Brasil. Ele é casado com Tatiana (Eva Wilma) e pai de Bruna (Carolina Ferraz, estreando na emissora). Ainda, no passado, Rodolfo foi amante de Madalena (Fernanda Montenegro), com quem teve uma filha que desconhece, Tânia (Beth Goulart), a namorada de Raul (Tato Gabus Mendes), que acaba envolvido na trama do roubo após comprar um quadro da mãe de Rodrigo em cuja moldura estava a foto da menina que tinha o mapa tatuado no bumbum. Sem saber do parentesco das duas jovens, ele acaba se envolvendo com a meia-irmã de Tânia, Bruna.

Também ficam na pista dos diamantes os irmãos de Wanda, Toni (Luís Gustavo) e Joe (Pedro Paulo Rangel), filhos de Zilda (Nair Bello). Mafiosos tupiniquins, eles mais fazem trapalhadas e dão bolas fora do que são assertivos na empreitada de encontrar a fortuna. No decorrer da história, Toni se envolve com Madalena, que vive de agenciar modelos e encontra na balconista Nadir (Luiza Brunet), namorada do ciumento César (Antônio Grassi), um novo grande talento a ser explorado nas passarelas e estúdios fotográficos.

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Outros personagens que procuram a fortuna diretamente são Nero (Antonio Abujamra), Carlota (Mila Moreira) e Wagner (John Herbert), cuja jovem esposa Lígia (Gisela Marques) acaba tendo um caso com Rodrigo numa artimanha para obter informações sobre os diamantes. Problemas para o filho de Ivo também surgem da postura de seu tio Vicente (Gianfrancesco Guarnieri), que o criou com a esposa Carmem (Bete Mendes) após a prisão de Ivo e a morte da mãe do jovem. Sem caráter e constantemente reclamando das dificuldades financeiras, ele vende informações para Rodolfo e Tatiana.

Um personagem que merece citação é o psicoterapeuta Erasmo Alcântara (Dênis Carvalho), através do qual era abordado o problema da dependência em álcool. Depois de arruinar o casamento com Giovanna (Maria Padilha), chegando mesmo a agredi-la e ao filho Pedro (Jonathan Nogueira), Erasmo enfim procura a ajuda dos Alcoólicos Anônimos, numa ação de merchandising social da novela.

Os índices de audiência abaixo do esperado derrubaram a diretora geral Denise Saraceni, que foi substituída por Gonzaga Blota menos de um mês depois da estreia. Entre mudanças feitas na novela para atrair mais público estiveram a antecipação da entrada de Fernanda Montenegro e a convocação de Maurício Mattar, no papel do bandido Bakur Sharif, para agradar ao público feminino.

O grande problema da Globo na época no início da noite era o noticiário policial Aqui Agora, do SBT, que roubou bons pontos das faixas das 18h e das 19h – embora a atração das 18h, Mulheres de Areia, de Ivani Ribeiro, fosse muito bem, obrigado. Tanto assim que se cogitou inverter as duas novelas, para que os bons números de Mulheres de Areia impulsionassem a grade noturna da emissora – que seguia com os telejornais locais às 19h45min, o Jornal Nacional às 20h e Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, às 20h30. Mas a mudança não aconteceu, tendo sido promovido apenas um rearranjo de tempo de arte: O Mapa da Mina perdeu entre 10 e 15 minutos de seus capítulos, que foram para os de Mulheres de Areia.

Inicialmente Malu Mader interpretaria a freira Elisa, mas a atriz pediu para trocar de papel e integrar o núcleo de humor da novela no papel da provocante Wanda, que hoje é um dos pontos mais lembrados da história. Ainda, justamente por Wanda ser mau-caráter e inicialmente se aproximar de Rodrigo apenas com vistas a se apoderar dos diamantes, a coautora Maria Adelaide Amaral declarou que relutou quando Cassiano quis fazer dela a grande heroína da novela, por acreditar que os telespectadores não aceitariam bem o fato.

Encerrada com 137 capítulos em 4 de setembro, ante os 160 inicialmente previstos, O Mapa da Mina ficou marcada pela morte do autor Cassiano Gabus Mendes antes de seu final. O novelista faleceu em 18 de agosto de 1993, já com os trabalhos concluídos, e recebeu uma homenagem no último capítulo feita pelo ator e seu amigo de longa data Lima Duarte, que na reta final da novela fez uma participação especial.

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