Há seis anos, Pânico na TV saía do ar

Publicado em 27/02/2018

No dia 26 de fevereiro de 2012, a RedeTV! exibia o humorístico Pânico na TV pela última vez. A emissora vinha reprisando os melhores momentos do programa de 2011, durante as férias da equipe da atração, e foi pega de surpresa com o anúncio da transferência de seu elenco para a Band, onde estrearia o Pânico na Band em abril daquele mesmo ano. Foi uma perda e tanto para o canal de Amílcare Dallevo e Marcelo de Carvalho, tendo em vista que o Pânico na TV era a maior audiência e o maior faturamento da emissora.

Pânico na TV estreou no dia 28 de setembro de 2003, como uma versão televisiva do Pânico, programa de sucesso da rádio Jovem Pan. A atração entrou no ar mantendo basicamente o mesmo formato do programa de rádio, tendo como principal atração um convidado que participava de uma entrevista ao vivo, interagindo com o apresentador Emílio Surita e seu fiel escudeiro, Bola. Junto deles, personagens como Silvio Santos (Ceará), Zé Fofinho (Vinícius Vieira), Mendigo (Carlos Alberto da Silva) e Carioca (Márvio Lúcio), além de Sabrina Sato, faziam graça no palco. Junior Lima, que na época formava a dupla Sandy & Jr. com a irmã, foi o primeiro convidado do programa.

Além da entrevista, que permeava toda a atração, Pânico na TV ainda apresentava quadros diversos, como A Hora da Morte, uma espécie de versão brasuca do Jackass, da MTV, e matérias externas. O programa começou modesto, mas com uma boa audiência para os padrões da RedeTV!. No entanto, aos poucos, a atração foi reformulando seu formato, apostando mais em matérias externas e “molecagens”, e assumindo uma proposta de satirizar o universo glamouroso das celebridades. A partir daí, Pânico na TV explodiu.

Um dos primeiros destaques do programa foi a dupla Repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa) e Silvio Santos, que trolavam celebridades nas portas das festas. A brincadeira fazia tanto sucesso que os artistas começavam a vir “armados” nos eventos, já dispostos a fazer piadas com a dupla. Entretanto, nem todo mundo entrava na brincadeira, fazendo Vesgo e Silvio carregarem as “Sandálias da Humildade”, adereço dado àqueles artistas considerados “esnobes”. Luana Piovani foi a primeira artista a ser perseguida para calçar o objeto, e Daniela Cicarelli, Luiza Tomé, Jô Soares e Carolina Dieckmann também foram agraciados com o “presente”. O apresentador Clodovil Hernandes também foi perseguido pela dupla, mas sempre escapava, fazendo com que o humorístico transformasse o quadro numa verdadeira saga. Nesta época, era comum Clodovil, às segundas-feiras, abrir o A Casa É Sua, programa que comandava nas tardes da emissora, reclamando do Pânico.

Além de Vesgo e Silvio, outra dupla também comandava externas clássicas no Pânico: Vinícius Vieira e Carlos Alberto da Silva. Vinícius deixou de lado o chato personagem Zé Fofinho e passou a apostar em imitações, fazendo, inicialmente, uma caricatura do apresentador Netinho de Paula. E “Netinho”, ao lado de Mendigo, comandava o quadro Um Dia de Tristeza, sátira do Um Dia de Princesa. O quadro, divertido, levava uma pessoa financeiramente abastada para passar um dia fazendo “coisas de pobre”. Mais adiante, Carlos Alberto também passou a fazer outros personagens, como Merchan Neves, uma sátira a Milton Neves, personagem que também fez sucesso. Enquanto isso, Carioca divertia imitando Ronaldo Ésper no “Feiura Dinâmica”, sátira do jornal Leitura Dinâmica que apresentava os melhores vídeos da internet.

E assim, Pânico na TV ganhou musculatura e se tornou uma verdadeira febre. A atração lançou várias modas, como a “dança do siri”, e ficou famosa pelas “trolagens” que fazia junto ao próprio espectador, criando factoides que se arrastavam capítulos a fio, como o do sumiço de Carioca e a “demissão” de Sabrina Sato, que teria ficado “sem função” quando o quadro Lingeries em Perigo, que mostrava ela e as panicats em momentos inusitados de lingerie, foi cancelado por conta da classificação indicativa.

Entretanto, passado o auge, Pânico na TV passou a se tornar refém de suas próprias criações. Depois de anos tirando sarro de celebridades e inventando histórias, tal repertório passou a se tornar extremamente repetitivo. E o que era ousado e criativo em seu início acabou se tornando bobo, muitas vezes descambando para a grosseria. Assim, em seu último ano na RedeTV!, o programa já não brilhava tanto quanto antes, embora ainda mantivesse audiência satisfatória.

Paralelamente, a imprensa noticiava que a RedeTV! passava por problemas financeiros e vinha atrasando salários. O problema acabou atingindo a equipe do Pânico, que, insatisfeita, resolveu atender ao chamado da Band. Com a mudança de canal, que acarretou na mudança do nome do programa de Pânico na TV para Pânico na Band, o humorístico ganhou sobrevida. Mas, passados mais alguns anos, não escapou de um desgaste natural. Por conta disso, foi cancelado pela Band no final do ano passado.

Já a RedeTV!, sem Pânico, se viu obrigada a tapar um importante buraco na programação dominical, além de buscar maneiras de aumentar seu faturamento. Para isso, contratou Rafinha Bastos e Robert Rey, que comandaram nas noites de domingo do canal o Saturday Night Live Brasil e o Sexo a 3, apostas que não vingaram. Já para aumentar o faturamento, a emissora se viu obrigada a vender seu horário nobre ao Show da Fé, de R. R. Soares, tal qual a Band, prática que mantém até hoje. Mas as noites de domingo do canal só decolariam quando foi lançado o Encrenca, que, assim como o Pânico, foi inspirado numa atração de rádio. Encrenca chegou a bater o Pânico na Band em várias ocasiões.

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Relembre alguns momentos do início do Pânico na TV:

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