Da Cor do Pecado, primeira novela de João Emanuel Carneiro, estreava há 14 anos

Publicado em 26/01/2018

No dia 26 de janeiro de 2004, estreava no horário das sete da Globo a novela Da Cor do Pecado. Primeira novela assinada por João Emanuel Carneiro, a trama marcou por ser o primeiro folhetim da Globo a ser protagonizado por uma atriz negra. Na trama, Taís Araújo vivia Preta, uma jovem humilde que vivia um grande amor com um homem branco e rico, Paco (Reynaldo Gianecchini).

Em Da Cor do Pecado, Paco era um botânico que vivia às turras com o pai, o milionário Afonso Lambertini (Lima Duarte). Paco não concordava com maneira pela qual seu pai construiu seu patrimônio, sempre colocando sua ambição na frente de tudo, e preferia viver de maneira totalmente independente. Isso frustrava Afonso, que fazia de tudo para se reaproximar do filho. Ele contava com a ajuda de Germana (Aracy Balabanian), sua governanta, e que criou Paco; e Bárbara (Giovanna Antonelli), funcionária de suas empresas e noiva de Paco.

O que poucos sabem é que Bárbara é uma mulher ambiciosa, e que está de olho apenas na fortuna que Paco herdará. Na verdade, ela é apaixonada pelo fotógrafo Kaike (Tuca Andrada) que, mesmo a contragosto, se torna cúmplice de seus planos para se casar com Paco. Um dia, Paco vai ao Maranhão em busca de umas ervas para um estudo, quando vê Preta dançando na roda do tambor de crioula, e fica encantado por ela. A jovem toca uma barraca de ervas, e os dois se conhecem e se apaixonam. Paco, então, volta ao Rio de Janeiro disposto a terminar seu noivado com Bárbara e assumir seu romance com a maranhense.

Mas Bárbara descobre a relação entre Paco e Preta e arma para separar o casal. Quando isso acontece, a vilã diz que está grávida de Paco, quando na verdade o filho é de Kaike. Desiludido, Paco acaba se envolvendo num acidente e é dado como morto. Mas ele está vivo e conhece Ulisses (Leonardo Brício), que acaba de perder seu irmão Apolo (Reynaldo Gianecchini) num acidente. Impressionado com a semelhança entre Paco e Apolo, Ulisses o convence a se passar por seu irmão diante de sua família, a família Sardinha. Liderados por Edilásia, a Mamãe Sardinha, trata-se de uma família de lutadores, formada também por Thor (Cauã Reymond), Dionísio (Pedro Neschling) e Abelardo (Caio Blat), este último a “ovelha negra”, que não gosta de lutar. Na verdade, Paco e Apolo são gêmeos, frutos de uma relação de Afonso com Edilásia, que fora sua empregada no passado. Paco, então, decide viver com a família Sardinha e assume a identidade de Apolo, afastando-se de vez de Bárbara e dos Lambertini. O que ele não sabe é que Preta ficou grávida e teve um filho dele.

Os anos se passam, a verdade vem à tona, e Raí (Sérgio Malheiros), o filho de Paco e Preta, se aproxima de seu avô, Afonso, que fica completamente apaixonado por ele e tenta resgatar a boa relação que ele não teve com Paco. Raí se torna amigo de Otávio (Felipe Latgé), o filho de Bárbara, que segue fazendo de tudo para afastar Preta e seu filho da família.

Da Cor do Pecado foi um grande sucesso do horário das sete da Globo, tornando-se nada menos que a trama das sete mais vista da década de 2000. Tal fenômeno catapultou a carreira de João Emanuel Carneiro, que se tornou um dos principais autores da Globo. Até então, Carneiro era mais conhecido como o roteirista do filme Central do Brasil, além de ter colaborado no texto de alguns folhetins, como Desejos de Mulher. O autor havia apresentado a sinopse de Da Cor do Pecado à Globo, e a trama foi parar nas mãos de Silvio de Abreu, que propôs à direção do canal realizá-la, e ele atuaria como supervisor de texto. Com isso, João Emanuel Carneiro teve sua chance e soube aproveitá-la, emplacando depois mais sucessos, como Cobras & Lagartos, A Favorita e Avenida Brasil.

Da Cor do Pecado também deu status de estrela à Taís Araújo, que até então acumulava personagens coadjuvantes na emissora, além de reafirmar o talento de Giovanna Antonelli, que fez de Bárbara uma das melhores vilãs de novelas.

A trama fisgou o público, principalmente, em razão da relação entre Afonso e Raí. O amor entre o carismático garoto e seu avô, que passa a rever seus valores a partir da convivência com o neto, encantou a audiência. Da Cor do Pecado também já mostrou alguns elementos que se tornariam a marca de João Emanuel Carneiro, como trazer núcleos cômicos que corriam totalmente alheios à história principal.

Um deles era do Pai Helinho (Matheus Nachtergaele), que corria totalmente no Maranhão, enquanto o “restante” da novela ficava no Rio de Janeiro. A trama trazia o vidente e seus amigos às voltas com vários espíritos que costumavam baixar e causar confusões. Outro núcleo era formado pelo casal Verinha (Maitê Proença) e Eduardo (Ney Latorraca), pais de Bárbara, dois trambiqueiros que passaram a novela toda armando todo tipo de situação para se dar bem. Ao lado deles, a garçonete interesseira Becki (Graziela Moretto). Verinha e Eduardo quase tiveram outros intérpretes, pois, segundo o site Teledramaturgia, Silvia Pfeifer e Tato Gabus Mendes foram os primeiros nomes escalados para os personagens. Irene Ravache, em entrevistas, revelou que chegou a ser convidada para o papel de Verinha, mas não pôde aceitar.

Outro núcleo de sucesso era o da família Sardinha, que tinha tom de desenho animado. Edilásia era linha dura com todos os seus filhos, que deviam ser grandes campeões de artes marciais e não perderem tempo com romances. Para fortalecê-los, ela preparava uma sopa mágica que lhes conferia força, tal qual Popeye e seu espinafre. Ela também vivia a conversar com o retrato de seu falecido marido, Napoleão Sardinha (Jamil Hamdan), que sempre mudava sua expressão facial de acordo com a situação.

Com o sucesso, Da Cor do Pecado se tornou uma das novelas mais exportadas da história da Globo, chegando a ser exibida em mais de 100 países. E João Emanuel Carneiro foi eleito pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a revelação na TV em 2004.

Com 185 capítulos, Da Cor do Pecado foi escrita por João Emanuel Carneiro, Ângela Carneiro, Vincent Villari e Vinícius Vianna, com supervisão de texto de Silvio de Abreu, direção de Maria de Médicis e Paulo Silvestrini, direção geral de Denise Saraceni e Luiz Henrique Rios, e direção de núcleo de Denise Saraceni.

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Relembre o primeiro capítulo de Da Cor do Pecado:

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