Cavalo de Aço, única novela das oito de Walther Negrão, estreava há 45 anos

Publicado em 24/01/2018

Walther Negrão é um dos mais antigos e respeitados novelistas do país. Mas, apesar desta ampla experiência e muitas novelas de sucesso no currículo, teve apenas uma trama exibida no horário mais nobre da Globo. Cavalo de Aço, protagonizada por Tarcísio Meira, estreou em 24 de janeiro de 1973, às oito da noite.

A trama girava em torno de Rodrigo (Tarcísio), que chegava à Vila da Prata, no Paraná, com o objetivo de se vingar do latifundiário Max (Ziembinski). Isso porque, no passado, o velho foi o responsável por exterminar toda a família dele, quando ainda era um menino, e Rodrigo cresceu alimentando um ódio mortal do inimigo. Ele, então, torna-se líder de uma revolta social contra o fazendeiro, que lidera a venda de madeira da região.

Para ajudá-lo em seus planos, Rodrigo conta com a companhia de seus amigos Sabá (Dary Reis), Brucutu (Stênio Garcia), Santo (Carlos Vereza) e Professor (José Lewgoy). E, em meio à uma intensa queda de braço com Max, Rodrigo se divide entre dois amores: Miranda (Glória Menezes), uma rude fazendeira, e Joana (Betty Faria), a filha irresponsável e mimada de Max. Mais adiante, o velho Max é misteriosamente assassinado, e Rodrigo se torna o principal suspeito. A revelação do assassino, claro, só acontece no último capítulo: Lenita (Arlete Salles), segunda mulher de Max, que estava interessada no dinheiro dele.

Walther Negrão chegou ao horário mais nobre da Globo após o sucesso de O Primeiro Amor, sua trama anterior, exibida na faixa das 19 horas. A ideia, também, era dar um descanso à Janete Clair, que dominava o horário. Negrão, então, se inspirou nas histórias de western para contar uma história de vingança.

Mas Cavalo de Aço enfrentou muitos problemas com a censura, o que lhe conferiu uma trajetória irregular. A trama discutia reforma agrária, o que foi proibido pela Censura Federal. Por conta disso, a temática perdeu força e a novela passou a ser, apenas, um típico folhetim. A Censura Federal chegou a liberar uma campanha antidrogas, mas depois voltou atrás. Por conta destas e outras desventuras, o autor, então, optou pelo artifício do “quem matou?”, instalando um mistério na trama.

O truque do “quem matou?”, aliás, pode ser creditado a Daniel Filho, como ele conta em seu livro Antes que Me Esqueçam. “A novela ia tão mal que, quando estava no capítulo 90, cheguei para o Negrão e disse que a novela ia acabar no capítulo 100. Então o que ele fez foi liquidar todas as histórias paralelas até chegar à história central. No dia em que ele matou o Sr. Max, chamei-o e disse que a novela ia ter mais 50 capítulos. No fim Cavalo de Aço teve 170 capítulos, ficando 8 meses no ar. Mas Negrão teve que continuar a novela com o ‘quem matou quem’. Isso fez com que a novela emplacasse a partir do capítulo 100”, disse.

Cavalo de Aço serviu de inspiração para Walther Negrão para outra novela sua, escrita anos depois para a faixa das 18 horas: Fera Radical. O novelista, desta vez, tinha uma protagonista feminina, vivida por Malu Mader, que chega de moto à uma cidade em busca de vingança contra uma família que destruiu a sua. Fera Radical foi um grande sucesso de 1988, e está sendo reapresentada atualmente no canal Viva.

Com 180 capítulos, Cavalo de Aço foi dirigida por Walter Avancini e David Grimberg, com supervisão de Daniel Filho.

Leia também:

Kubanacan, novela de Carlos Lombardi, terminava há 14 anos

Veja chamada de Cavalo de Aço:

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade