Há 40 anos, estreava a primeira versão de O Astro

Publicado em 06/12/2017

No dia 06 de dezembro de 1977, estreava no horário nobre da Globo a novela O Astro. A trama de Janete Clair trazia Francisco Cuoco no papel-título, um vidente que se torna diretor de um grande grupo empresarial, e parou o país com o mistério em torno do assassinato de Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo).

O Astro começa quando Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco) e seu parceiro Neco (Flávio Migliaccio) aplicam um golpe em uma paróquia e tentam fugir. Traído por Neco, Herculano quase é pego pelas autoridades, mas é encoberto pelo vigário. Ele, então, foge abandonando a mulher Doralice (Cleyde Blota) e o filho Alan (Stepan Nercessian). Anos mais tarde, Herculano surge trabalhando como vidente e ilusionista numa churrascaria e, num dia, acaba reencontrando Neco. Em busca de vingança, Herculano passa a persegui-lo.

Enquanto isso, o poderoso empresário Salomão Hayalla, dono de uma rede de supermercados, tenta convencer o filho Márcio (Tony Ramos) a assumir seu lugar nos negócios. Mas Márcio, devoto de São Francisco de Assis, prefere abdicar da fortuna e do poder. Salomão é sócio de seus irmãos Samir (Rubens de Falco), Youssef (Isaac Bardavid) e Amin (Macedo Neto), e do amigo Mello Assunção (Hélio Ary), e é casado com a perua fútil Clô (Tereza Rachel), que tem o jovem Felipe (Edwin Luisi) como amante.

Quando deixa a casa dos pais, Márcio vai parar nas ruas, onde conhece Herculano e se torna amigo dele. O vidente, então, passa a influenciar o rapaz, convencendo-o a retornar à sua casa e assumir os negócios da família. Márcio topa, mas decide levar Herculano consigo. Assim, Herculano torna-se diretor das empresas Hayalla, batendo de frente com os irmãos Samir, Youssef e Amin. Além disso, Herculano conhece Amanda (Dina Sfat), esposa de Samir, e se apaixona por ela. Com o casamento em crise, a jovem Amanda acaba se envolvendo com Herculano, fazendo aumentar o ódio da família Hayalla pelo sujeito. Já Márcio conhece Lili (Elizabeth Savalla), cunhada de Neco e uma taxista cheia de vida. Eles se apaixonam, mas a família de Márcio é contra este relacionamento, preferindo que ele fique com Jôsi (Silvia Salgado), irmã de Amanda, e que é completamente apaixonada por ele.

Em meio a tantas intrigas e disputas pelo poder, Salomão é misteriosamente assassinado. Todos aparecem como suspeitos pela morte do poderoso empresário, num suspense que dura até o último capítulo. Apenas no episódio final é revelado que o assassino é Felipe, que fora humilhado por Salomão. Seu amigo, o cabeleireiro Henri (José Luiz Rodi), era seu cúmplice.

Para escrever O Astro, Janete Clair teve como inspirações Hamlet, de Shakespeare, que serviu de base para a criação da família Hayalla, e também a ascensão do ex-ministro do Bem-Estar Social da Argentina, Luiz Lopez Rega, conhecido como “El Brujo”, que exerceu forte influência na administração do presidente Perón. Este último foi uma das inspirações para a criação da figura de Herculano Quintanilha. A autora já havia tentado escrever a novela em 1973, com o nome O Bruxo, mas foi vetada pela censura na época.

Quando estreou, O Astro disputava público com O Profeta, sucesso da Tupi. As duas tramas tinham semelhanças, já que seus protagonistas tinham caráter duvidoso, e usavam seus poderes paranormais em benefício próprio. Talvez por conta disso, a novela não pegou de cara: ela decolou apenas a partir da morte de Salomão Hayalla, no capítulo 42.

O Astro parou o país. Numa importante recepção oferecida em Brasília pelo então Ministro das Relações Exteriores, Azeredo da Silveira, ao ex-Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, o salão ficou deserto na hora da novela. A cantora Maria Bethânia exigiu uma televisão no camarim de uma casa de shows carioca onde cumpria temporada para acompanhar os capítulos da trama de Janete Clair. Três dias depois da novela sair do ar, Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua coluna de jornal: “Agora que O Astro acabou vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando.” No texto, Drummond chamou Janete Clair de “Usineira de Sonhos”, apelido que acabou pegando.

Outra curiosidade de O Astro é como surgiu o turbante característico de Herculano Quintanilha. Durante as primeiras gravações, em uma churrascaria no Alto da Boa Vista, onde o personagem iria se apresentar com seu show de magia, o diretor Daniel Filho achou que faltava algum detalhe para compor o visual do personagem. Pediu então que se cortasse um pedaço da calça de um figurante. Com um alfinete, a figurinista Kalma Murtinho improvisou o adereço.

Em 2011, a Globo produziu um remake de O Astro. A trama foi reescrita por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro para inaugurar a faixa da “novela das onze”, este ano rebatizada como “supersérie”. A ideia era homenagear os 60 anos da teledramaturgia brasileira. No remake, Rodrigo Lombardi, Carolina Ferraz e Daniel Filho reviveram Herculano, Amanda e Salomão. Já Regina Duarte recriou Clô Hayalla, fazendo-a uma perua exagerada e cheia de caras e bocas, roubando a cena. No final desta versão da trama, Clô revela-se a assassina de Salomão.

Com 186 capítulos, O Astro foi dirigida por Daniel Filho e Gonzaga Blota, com direção-geral de Daniel Filho.

Leia também:

A novela Espelho Mágico terminava há 40 anos

Reveja a cena em que Márcio, nu, deixa a mansão dos Hayalla:

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade